segunda-feira, 15 de novembro de 2010

REPERCUSSÕES DA ENTREVISTA DE TOURAINE

Petista reage a sociólogo francês, para quem governo Dilma é uma incógnita

Publicada em 15/11/2010 às 23h52m

SÃO PAULO - A entrevista do sociólogo francês Alain Touraine, publicada domingo no GLOBO, na qual ele demonstra inquietação quanto aos rumos do país sob a administração da presidente eleita, Dilma Rousseff , fez petistas reagirem e líderes tucanos defenderem o intelectual. Para os tucanos, o sociólogo tem razão ao dizer que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso iniciou um círculo virtuoso no país. Segundo Touraine, com a eleição de Dilma, o potencial do país pode ser posto em risco por uma guinada populista da nova presidente ou se ela se deixar influenciar pela vocação autoritária de setores do PT:

- O PT surgiu da luta pela democracia, pela liberdade de auto-organização, de imprensa e de manifestação. Lula e Dilma sempre tiveram compromisso com o desenvolvimento sustentado, a distribuição de renda, a criação de emprego, o fortalecimento da economia no exterior e o aumento de qualidade de vida. Por tudo isso, não há risco de guinadas autoritárias ou de populismo - disse Cândido Vaccarezza, líder petista na Câmara:

- A análise dele (Touraine) é, como costuma se dizer, de meia-tigela, simplória e sem base na realidade.

Líder do PSDB na Câmara, José Aníbal acha que as posições de Touraine têm fundamento:

- Touraine conhece muito o Brasil. Sobretudo, quando atribui a Fernando Henrique Cardoso o início de um círculo virtuoso no país, que viabilizou os bons resultados inegáveis do governo Lula - explicou Aníbal, lembrando-se da Bolsa Escola, da Bolsa Alimentação, do Vale Gás e de outras medidas criadas no governo do PSDB e que deram origem ao Bolsa Família:

- Acho que Dilma vai procurar fazer o melhor. Mas concordo que o autoritarismo ainda existe em uma ala do PT. Essa é uma ala perigosa, que tem baixa estima pela democracia.

Aníbal também condenou a volúpia do PT e seus aliados em aparelhar e usufruir a máquina governamental.

O historiador Marco Antonio Villa, da Universidade Federal de São Carlos, entende que se deva dar ouvido às preocupações de Touraine, pelo o que conhece de Brasil e América Latina. Mas duvida que Dilma represente um perigo para a democracia:

- Ela tem uma visão mais aberta do que tinha o Lula. Buscará, no plano econômico, se aproximar das ideias de Antonio Palocci, que são próximas às do grande capital financeiro.

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