16.11.10
organização & conexões
a idéia original de google, e ainda lema e missão da maior operação de busca que conhecemos, é organizar toda a informação do planeta. você pode ler mais sobre isso aqui, aqui [pra saber até onde google quer ir] e aqui. nada, no entanto, é perfeito para uma quem que quer tanto e, exatamente pelo seu sucesso em chegar tão perto, começa a derreter a liga que formou suas asas.
entre os muitos competidores que se perderam na linha do tempo, estão yahoo! e cuil. entre os que ainda tentam mas nem perto chegam, estão bing, wolframalpha e blekko. talvez a china [ao invés da europa] produza alguma competição mundial, na forma de baidu… mas temos que esperar pra ver.
a idéia original de facebook era, em 2004, ser… an online directory that connects people through social networks at colleges, um diretório online para conectar pessoas através de redes sociais em escolas. em 2006, facebook era uma… social utility that connects you with the people around you… uma forma social de lhe conectar com as pessoas ao seu redor. em 2009, a idéia de facebook era… give people the power to share and make the world more open and connected… dar as pessoas o poder de compartilhar [informação] e tornar o mundo mais aberto e conectado. esta, até prova em contrário, é a definição de missão que está valendo no momento, e que você pode encontrar aqui.
numa aparição recente, mark zuckerberg mostrou o que alguns passaram a denominar de símbolo do culto de facebook… que resume, nas palavras inscritas no anel azul escuro, o lema da rede: facebook, construindo um mundo mais aberto e mais conectado.
o tal símbolo é confuso [e polêmico] mas parece expressar três coisas: a empresa [e a rede, e o valor] se constrói ao redor de um grafo [graph, ou rede] social [gente, conectada], de fluxos de informação circulando neste grafo [streams], sobre e/ou sob os quais é provida uma plataforma de funcionalidades que tratam a rede e seus fluxos e que pode ser usada interna ou externamente. tal plataforma é responsável por transformar facebook no que poderíamos chamar de uma máquina social [veja mais sobre o conceito aqui, como parte de um trabalho que estamos fazendo na UFPE e c.e.s.a.r].
contrapondo os desejos institucionais revelados em suas missões, google quer organizar [toda a informação] e facebook quer conectar [todas as pessoas. a “organização”, no modelo proposto por google, depende de como pessoas [e sistemas] conectam a web, pois assim funcionam os algoritmos fundamentais de google. só que, cada vez mais, as pessoas se “conectam” através de facebook [quase 600 milhões delas] e tal informação não está disponível [via de regra] para ser organizada [por google], primeiro porque é fechada… segundo porque a microsoft é acionista da rede social: comprou 1,6% em 2007, quando facebook valia perto de US$15B. hoje, a companhia de zuckerberg está avaliada em US$41B. só pra comparar, a microsoft está valendo US$224B, google US$190B, amazon.com US$71B e eBay US$39B.
depois que se tornou claro que ”tudo é social”, até porque sempre foi, no mundo real e em pequenos grupos, e depois passou a ser, na rede, quando se descobriu que as pessoas estavam dispostas a compartilhar –para boa parte do mundo- muito mais do que os textos em blogs e fotos das férias… a grande batalha da web passou a ser pelo universo das conexões, pelo domínio das redes formadas pelas pessoas [como o “graph” de facebook], pelos fluxos de informação nestes grafos [os “streams” de facebook] e, pra quem viu isso chegando, pela oferta e provimento de uma “plataforma” que junte os dois e habilite funções de mais alta ordem.
facebook viu isso antes dos competidores e tem tido a competência de realizar –com todos os problemas que conhecemos- tal visão com a velocidade necessária para deixar a competição como que paralisada. o lançamento de facebook messages, o “emeio de facebook” [que não é emeio… mas um “social inbox”, não por acaso integrado ao office online] é mais um passo na implementação da estratégia; e é capaz de separar ainda mais, no campo da conectividade, facebook dos rivais. segundo o washington post, o objetivo estratégico de facebook é ser “a central” das mensagens, algo comparável ao monopólio que a AT&T detinha nos bons e velhos tempos do telefone.
facebook não apareceu com um sucessor para emeio, é o que todos dizem. mas está mudando as regras do jogo, ao unificar no mesmo fluxo [e sob um grafo gigantesco, dentro da mesma plataforma], SMS, chat e emeio. e esta mudança de regras pode mudar o mundo da informação social e, quem sabe, tornar emeio irrelevante para um grande número de pessoas.
num passado distante, a AOL já tentou ser “a rede”; na verdade, tentou ser toda uma “internet separada da internet”. há quem diga que é isso que facebook está tentando ser, agora. olhando só para emeio, os números são variados e inconsistentes, mas hotmail [da sócia, microsoft] disputa o primeiro lugar com yahoo [com quem a microsoft tem acordos…] e gmail está em terceiro lugar. nenhum dos tres tem nem perto do número de usuários de facebook.
isso pode ser [principalmente se a microsoft for parte da estatégia de facebook] a chave para facebook, mesmo “sem querer”, criar um sucessor para emeio.
e também pode ser parte do processo para “conectividade” dar um passo à frente de “organização” e, através de sua forma peculiar de codificar o mundo [veja mais neste post] criar sua própria interpretação e organização do tal mundo. parece incongruente, mas não é. até porque o mundo online, mesmo aparentemente plano e desordenado, está cheio de picos. este blog falou sobre o assunto [em série] aqui, aqui e aqui. boa leitura.
e vamos esperar pra ver se a “conectividade” vai desorganizar, nem que seja um pouco, a “organização”.
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