domingo, 24 de maio de 2009

DEPOIS DA CONTAG, FASUBRA SE DESFILIA DA CUT

Efeito manada, despolitização ou falta de mobilização da CUT?

No mês de Março e Maio ultimo ocorrerem dois grandes congressos, o da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura) e Fasubra(Federação dos TrabalhadoresTécnico-Administrativos das Universidades federais), onde o centro dos debates girou em torno da manutenção ou não dessas entidades filiadas a CUT.

Os debates foram menos de estratégia e plano de ação para enfrentar a crise, as políticas de contingenciamento de orçamento e mais pela disputa de aparelho. Nos dois congressos a CTB, recente central criada com base sindical do PCdoB, se posicionou de forma ambígua, Niilista nos dois congressos, e todos nós sabemos que na política essa posição não tem lugar.

Já a Conlutas, ligada ao PSTU, no congresso da Fasubra foi mais coerente ao defender a sua filiação imediata a própria Conlutas, em que pese fazer um discurso altamente despolitizado tipo: "de radical, a CUT virou um apêndice do governo, um gato manso no colo deseu dono, o Lula”. É estranho uma entidade como a Fasubra realizando o seu XX Congresso os trabalhadores serem convencidos a sedesfiliarem da CUT com discursos dessas naturezas.

Apontamos três hipóteses para o fato: o efeito manada, puxado pela recente desfiliação da Contag à CUT; o discurso despolitizado, de baixo perfil como o verificado acima feito pela Conlutas, aliado ao de independência feito pela CTB; ou a ultima, pela falta de ação sindical da CUT.

Para nós, esta ultima hipótese não é verificada na medida em que no ultimo período a CUT com seus sindicatos indo as ruas com mobilizações e greves frente a crise, e no serviço publico, além de ter uma agenda forte de ação sindical tem conquistado reajustes salariais, PCCS ( Planos de Cargos e Salários) e realizado uma grande campanha pela convenção 151. Não justificando a desfiliação por falta de ação da CUT.

O resultado da eleição para nova direção da Fasubra aponta uma contradição com o resultado da desfiliação. A chapa cutista obteve amaioria dos votos e os defensores da tese da desfiliação se dividiram em três chapas.Vejamos os resultados para desfiliação: de 970 votos coletados; 510votos pela desfiliação; 454 pela manutenção da filiação; 02 nulos e 04 em branco. Sendo então proclamado o resultado da seguinte forma: Assim, a partir desse resultado, a FASUBRA não estará filiada a nenhuma das centrais sindicais existentes no Brasil.

Vejamos então a contradição do resultado acima com o resultado da eleição para nova direção: a chapa da CUT organizada pela Tribo (corrente interna cutista muito atuante na Fasubra)obteve a maioria dos votos ficando com a coordenação geral e mais 11 cargos. Os demais votos se dividiram em três chapas. A chapa da Conlutas ficou com 5 cargos, a da CTB com 2 e a chapa da intersindical com 2.

Isso demonstra como a unidade das divergências serviu apenas para disputa de aparelho, com um discurso altamente despolitizado. Isso é muito ruim para os trabalhadores/as da base da Fasubra e muito bom para o governo.

Expedito Solaney – executiva nacional da CUT

Comentário do Blog

Não há uma só resposta que dê conta desse fenômero, não trato aqui de um eventual esvaziamento da CUT, tema do artigo em epígrafe, mas, a nosso juizo, da causa central da preocupação que ele revela, o estágio atual de mobilização social da classe trbalhadora brasileira.

É simplista o argumento que atribui a baixa mobilização a eleição de Lula, que teria cooptado uma parcela do movimento social brasileiro, com benesses e vantagens, dividindo a classe trabalhadora.

É lógico que a eleição de Lula, as conqusitas e realizações do seu governo, a interlocução frequente e a identidade que ele tem com o movimento social e popular, inaugurou uma relação de mais colaboração do que de confronto.

Mais o atual estágio de baixa mobilização é anterior ao advento do governo Lula, o impulso social que tornou possível a sua eleição, já começava revelar esgotamento, no final da década de oitenta.

Isso pode ser melhor interpretado, a partir da análise das mudanças nas relações de produção e no mundo do trabalho, e a reolução tecnológica, que ocorreram num ambiente de "frenesi" neoliberal, que estabeleceu a primazia da economia virtual, financeira, em relação a real, produtiva, que gera empregos e salários.

O que ocorre com a CUT - que a obriga a fazer uma revisão da sua democracia interna, rumo a permitir uma maior expressão da sua pluralidade, que legitime a condição de "Central Única dos Trabalhaores" e sustar a debandada -, e a recente proliferação de centrais sindicais, são episódios absolutamente artificiais, pois não são respostas as demandas da classe trabalhadora brasileira e nem tampouco da mobilização social.

É mero um processo de reacomodação das vanguardas partidárias-sindicais, atônitas diante da anomia presente, no sentido de garantir a posse de aparelhos, como ocorre internamente na própria CUT, capazas de produzir condições materiais para reprodução das suas políticas.

Para sintetizar recorremos ao dito popular:"Farinha pouca, o meu pirão primeiro".



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