segunda-feira, 13 de abril de 2009

UM POUCO DA HISTÓRIA DOS BAIRROS DO RIO


Este blog prossegue a publicação, por ordem alfabética, do resumo da história dos 159 bairros existentes na cidade do Rio de Janeiro, segundo levantamento realizado pelo Instituto Pereira Passos, vinculado à Prefeitura do Rio e à Secretaria Municipal de Urbanismo. Desta vez são os bairros de Bento Ribeiro, Bonsucesso e Botafogo

Bento Ribeiro

O bairro formou-se ao longo das ruas João Vicente e Carolina Machado, de características predominantemente residenciais. Com a implantação da estrada de Ferro Dom Pedro II, depois Central do Brasil, foi inaugurada em 1914, a estação Prefeito Bento Ribeiro, de onde partia o antigo ramal do Campo dos Afonsos, desativado por volta de 1960. Seu nome é uma homenagem a Bento Manuel Ribeiro Carneiro Monteiro, general e prefeito da Cidade de 1910 a 1914, no governo do Marechal Hermes da Fonseca.

Próxima à Estrada Real de Santa Cruz, atual Intendente Magalhães, existia uma fonte, muito usada pelos viajantes, que deu origem a estrada da Fontinha.

Nota: A denominação; delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280, de 23 de agosto de 1985.

Bonsucesso

Assim como Ramos, suas terras, cruzadas pelo Rio Faria, pertenciam ao extenso Engenho da Pedra. O acesso era pela Estrada da Penha e sua primeira estação na Estrada de Ferro Norte (Leopoldina) foi aberta em 1886. Seu nome “Bonsucesso” vem de D. Cecília Vieira de Bonsucesso, que, em 1754, reformou capela da região.

A partir da década de 1910, o Engenheiro Guilherme Maxwell urbanizou e loteou enormes glebas do Engenho da Pedra, criando um novo bairro: a “Cidade dos Aliados”, com a Praça das Nações, Avenidas Londres, Paris, Nova York, Bruxelas e Roma. Do lado oposto, Paulo de Frontin abria as Ruas Clemenceau, Saint Hilaire, Humboldt, entre outras, consolidando Bonsucesso, cuja nova estação seria inaugurada na Praça das Nações.

Nota: A denominação; delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280 de 23 de agosto de 1985 e pela Lei Nº 2055 de 9 de dezembro de 1993, que delimita a RA e o Bairro do Complexo do Alemão e pela Lei Nº 2119 de 19 de janeiro de 1994 que cria o Bairro da Maré.

Botafogo

Dois nomes se destacam na história de Botafogo: João Pereira de Sousa Botafogo, que comprou as terras do seu primeiro ocupante, Antônio Francisco Velho, e deu nome ao bairro, e o Vigário Geral Dom Clemente José de Matos, proprietário de toda a região no século XVIII, desde a praia até a Lagoa Rodrigo de Freitas. Em 1657, o Vigário abriu em suas terras um caminho que deu origem à atual Rua São Clemente.

Em 1808, com a chegada de D. João VI, foram erguidas em frente à enseada grandes mansões que atraíram a corte, ricos comerciantes e o corpo diplomático. Pouco a pouco, ao longo do século XIX, as terras do bairro foram sendo ocupadas por residências de ricos aristocratas, principalmente na Rua São Clemente, e o bairro se transformou na região mais seleta da Cidade.

Em 1906, após a ampliação da Avenida Beira-mar até a orla da Praia de Botofogo, os serviços expandiram-se e muitas das imponentes mansões foram ocupadas por embaixadas, consulados, colégios e, mais tarde, por clínicas, restaurantes e sedes de empresas. No início do século XX, Botafogo passou a ser habitado também por operários, artesãos, comerciantes, etc, fazendo surgir habitações coletivas, cortiços e vilas.

Hoje, Botafogo tem a segunda população da Zona Sul, uma estação de metrô e abriga colégios tradicionais, centros comerciais e empresariais, equipamentos culturais, restaurantes, grandes empresas, hospitais, clínicas e o imponente Palácio da Cidade, sede da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro.

Nota: A denominação, delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280, de 23 de agosto de 1985.
Saiba mais sobre Botafogo

A Enseada de Botafogo era conhecida pelos franceses como “le Lac”, o Lago, por causa de suas águas tranqüilas. O primeiro a ocupar a área foi Antônio Francisco Velho, companheiro de Estácio de Sá na fundação da Cidade, em 1565, que recebeu do amigo, uma doação de terras. O batismo do lugar deu-se em 1580, quando Francisco Velho vendeu suas terras para sertanista português João Pereira de Sousa Botafogo.

Em 1680, destacou-se a figura de Dom Clemente José de Matos, o Vigário Geral, dono de uma propriedade que abrangia toda a região: da praia até a Lagoa Rodrigo de Freitas. A frente da chácara, que dava para a enseada de Botafogo, ocupava toda a área entre as atuais ruas Voluntários da Pátria e Marquês de Olinda.

Em 1657, Dom Clemente abriu, em suas terras, um caminho que ligava a praia até uma Capela em louvor a São Clemente e foi a origem da atual rua São Clemente. Até o século XVII, a região era apenas uma ligação entre o Catete e o Forte de São João, na Praia Vermelha.

No início do século XIX, a região ainda era considerada rural e pertencia à Freguesia de São João Batista da Lagoa, criada por Alvará Régio, em 1809, a primeira em terras brasileiras criada pessoalmente pelo Príncipe. Com a chegada de D. João VI, em 1808, foram erguidas grandes mansões, em frente à enseada, que atraíram a atenção da corte, de ricos comerciantes e do corpo diplomático credenciado junto à corte, que nelas se instalaram ou as usavam como casa de veraneio. A própria Dona Carlota Joaquina, esposa de Dom João, mandou construir uma casa na Praia de Bofatogo, esquina do Caminho Novo, atual rua Marquês de Abrantes.

Botafogo começa, então, a adensar, atraindo ricos aristocratas que erguem ali seus palacetes, transformando, pouco a pouco, o Bairro na região mais seleta da Cidade. Nessa época os principais caminhos de Botafogo eram o do Berquó (atual Gal. Polidoro), o de Copacabana (atual Rua da Passagem) e o de São Clemente.

Em 1825, foi aberta a Rua Voluntários da Pátria, depois a Real Grandeza, por Joaquim Marques Leão, na década de 1850, foram feitas as Ruas Dona Mariana, Sorocaba, e Delfim (atual Paulo Barreto). As terras vão sendo ocupadas por ricos e nobres, posteriormente, pelos barões do café e grandes comerciantes, com suas magníficas residências, construídas principalmente na Rua São Clemente.

A região passa então a ser conhecida como “Green Lane” (Faixa Verde), devido à sua beleza. A Igreja da Matriz de São João Batista, a mais antiga (1831), torna-se uma das referências locais. Nessa época, a Enseada de Botafogo era palco de competições de regatas, promovidas pelo Marquês de Abrantes, partindo da Fortaleza de São João até chegar defronte ao Solar do Marquês, como juízes do evento, personalidades históricas.

Botafogo sofria muito com inundações na época de temporais, os Rios Berquó e Banana Podre provocavam alagamentos que deixavam intransitáveis as ruas do Bairro, problema que só viria ser resolvido nas décadas de 1960/70 com obras de canalização e drenagem. Mas o fator mais efetivo para o crescimento da região foi o advento do transporte marítimo de passageiros. Em 1843, um serviço de barcos a vapor passa a ligar o bairro de Botafogo ao Saco do Alferes, no Centro (atual bairro de Santo Cristo).

Em 1844, outra companhia inicia a ligação da Enseada de Botafogo à Ponta do Caju, próxima à Quinta da Boa Vista. O dinamismo do bairro atrai também populações não aristocráticas e suas ruas internas são ocupadas por imigrantes e pessoas menos abastadas, que construíam casas modestas e lojas de pequeno comércio.

Inaugurado pela Santa Casa de Misericórdia em 1852, o Cemitério São João Batista representa um marco histórico para a Cidade, por ter sido um dos primeiros cemitérios sem distinção de classes. O sistema de iluminação a gás é inaugurado em 25 de março de 1854, substituindo o antiquado e dispendioso sistema a óleo de baleia.

Em 1867, o aristocrático bairro ganha a Companhia de Barcas Ferry, que oferece em suas linhas - com dois atracadouros, um dos quais em frente à rua São Clemente - um serviço de transporte hidroviário proporcionado por velozes e elegantes embarcações. A reformada Matriz de São João Batista da Lagoa, na Rua Voluntários da Pátria, é inaugurada em 1875.

Na segunda metade do século XIX, o perfil do Bairro delineia-se através de suas ruas, com os donos das fazendas desmembrando suas propriedades em chácaras e sítios, abrindo ruas posteriormente entregues ao Município. A abertura do Túnel Velho, em 1892, possibilita a chegada das linhas de bonde até Copacabana.

Em 1906, com a reforma urbana do Prefeito Pereira Passos, um amplo comércio começa a se implantar, os serviços expandem-se e muitas das suas imponentes mansões são então ocupadas por embaixadas, consulados, colégios e, mais tarde, por clínicas, restaurantes e sedes de empresas. Pereira Passos ampliou a Avenida Beira-Mar na orla da Praia de Botafogo, dotando de jardins, larga e arborizada, no estilo “Promenade”, em 1905, mantendo o nome de Praia de Botafogo.

Em 1894 foi fundado o Club de Regatas Botafogo e no ano de 1904, o Botafogo Football Club, a união das duas agremiações se daria em 1942, nascendo o tradicional Botafogo de Futebol e Regatas, o “Glorioso”. No início do século XX, Botafogo passou a ser habitado por operários, artesãos, comerciantes, etc, fazendo surgir habitações coletivas, cortiços, muitas vilas, na década de 1920 surgem novas ruas definindo a urbanização de Botafogo.

A inauguração do metrô e a escassez de terrenos e áreas disponíveis na Zona Sul promovem, a partir da década de 80, a redescoberta do Bairro, estimulando novos lançamentos imobiliários. Hoje, o Bairro tem a segunda maior população da Zona Sul. A Favela Santa Marta, originada na encosta do Colégio Santo Inácio, passa por obras de reurbanização. Destacam-se o Shopping Center do Rio Sul e sua Torre de 44 andares com 164 mts, o Rio Plaza Shopping, o Botafogo Praia Shopping (antiga Sears), a casa de shows Canecão, o Centro Empresarial Rio, o Centro Empresarial Mourisco, o Mirante do Pasmado, o Prédio da UFRJ (antigo Hospital dos Alienados), a Casa de Rui Barbosa, diversos restaurantes, grandes empresas, e o imponente Palácio da Cidade, sede da Prefeitura construído em 1937, antiga Embaixada da Inglaterra, comprada em 1975 pelo Governo Municipal.

Um comentário:

André Barros disse...

Parabéns Flávio por ter colocado a maior relíquia do bairro: BOTAFOGO DE FUTEBOL E REGATAS.
ANDRÉ BARROS