sexta-feira, 10 de abril de 2009

PRESIDENTE DO PT PRESSIONA LINDBERG FARIAS

Puxão de Orelha

Coluna Panorama Político (O Globo, 10/04, pág. 2)

" O presidente do PT, Ricardo Berzoini (SP), critica a tentativa do prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (foto), de criar um "fato consumado" em torno da sua candidatura ao governo do Rio. " A gente devia evitar criar fatos consumados. Temos uma aliança com o governador Sérgio Cabral que é importante para a candidatura Dilma Rousseff. Essa pré-candidatura muito agitativa (sic), faltando mais de um ano para a eleição, não contribui", afirma Berzoini.

Comentário do Blog

Lindberg e boa parte dos petistas do Rio sabem que a única justificativa que sustenta um eventual apoio do PT à Cabral é a disputa nacional. Já que o governador e o seu PMDB , segundo várias lideranças petistas admitem, submetem o PT local a uma relação subalterna, este não participa e sequer é consultado sobre iniciativas governamentais, inclusive as casadas com o governo federal, e nas recentes eleições municipais foi tratado pelo governador como adversário a ser derrotado (no caso do Rio humilhado) a qualquer custo.

A orientação liberal do núcleo de comando do governo estadual - formado boa parte por ex-militantes do velho partidão que se converteram ao liberalismo, como o próprio governador, e que guardam mais proximidade programática com os tucanos do que com o tradicional PMDB desenvolvimentista - tem criado atritos na relação com a bancada estadual do partido na Assembléia Legislativa.

Além disso, a política de segurança genocida praticada pelo governo do Rio - cuja polícia permanece sendo a que mais mata e morre no país -joga "lenha na fogueira" dessa conflituosa relação, entre PT e PMDB, tradicionais adversários na política fluninense.

Lindberg faz peregrinação pelo estado para crescer nas pesquisae e chegar no ano que vem cacifado. Se no momento não aparece bem nas pesquisas, há o consolo delas registrarem uma preferência de apenas 26% para Cabral na disputa para a reeleição - o que diga-se de passagem é um percentual dos mais baixos entre os candidatos a governo no país. O que explica as atitudes do governador Sérgio Cabral de declarar ao presidente Lula numa solenidade no Rio, que é candidata a reeleição, não esconder a sua insatisfação com as movimentações de Lindberg e cobrar da cúpula do PT uma declaração imediata de apoio a sua candidatura.

No seu discurso, o prefeito de Nova Iguaçu, tem enfatizado a necessidade de dois palanques para Dilma Rousseff, o dele e o de Cabral, baseado em informações que dão conta que José Serra (governador de São Paulo), provável candidato tucano à Presidência da República, opera na mesma direção junto à Garotinho (PMDB) - que pode ser candidato ao governo pelo PTB - e Fernando Gabeira (PV), com o apoio do PPS e do PSDB, reeditando a aliança eleitoral pela qual disputou a prefeitura do Rio com bastante êxito.

O contexto político estadual e os rompantes de desequilíbrio de Cabral em relação à Lindberg revelam que o apoio do PT é muito mais decisivo para o atual governador, do que o seu à Dilma Rousseff no plano nacional, já que depende de se saber para onde vai o PMDB, no interior do qual ele não exerce influência expressiva.

Logo, a pressão sobre Lindberg tende a crescer e ele, e seu colaboradores mais próximos, já foram avisados disso por represtantas formais e auto nomeados da cúpula do PT. O fato novo é o suposto oferecimento da legenda do PDT para a disputa estadual, divulgado recentemente pela imprensa.

Como Lindberg não se prende muito a liturgias partidárias - já está na sua terceira filiação - e tem um perfil messiânico e obsessivo, foi assim que se elegeu prefeito de Nova Iguaçu contra todos os prognósticos, se as pesquisas até o final de setembro deste ano - o prazo de mudança de partido é de um ano antes da eleição -, combinadas com uma pressão insuportável para que ele desista da disputa, revelarem que há espaço eleitoral para ele na sucessão estadual e que esse espaço não será o do PT, grandes emoções virão por aí.

EM TEMPO: Pelo visto os apoiadores de Cabral no PT estão se movimentando, pois na enquete (coluna ao lado) que este Blog realiza, "Quem o PT deve lançar ao Governo Estadual", a confortável liderança que a candidatura de Lindberg ostentava desde o início está por "um fio". Pode se dizer que a situação atual é de empate técnico.

NOTA DA REDAÇÃO: A pedido de um dirigente da executiva nacional do partido substituímos o título desta postagem "DIREÇÃO NACIONAL DO PT PRESSIONA LINDBERG" pela versão atual, visto que a iniciativa de Berzoni em exercer pressão sobre Lindberg Farias não tem respaldo em nenhuma decisão formal do partido.



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