segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

CONCURSO DO IPEA: SEGUE O DEBATE

Servidores voltam à mídia contra o Ipea

O concurso do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada voltou ao noticiário dos grandes jornais, desta vez, na Folha de S. Paulo, que na edição do último dia 17 de janeiro publicou a matéria "Técnicos do IPEA protestam contra concurso em abaixo-assinado". Não deve ser mera coincidência, mas a "reportagem" saiu publicada em uma das colunas do jornal especializada em "negócios", tendo por título o sugestivo nome de "Mercado Aberto".

No texto, afirmações entre aspas alegam que o nível de conhecimento teórico exigido pelo concurso foi "ostensivamente insuficiente para a seleção de técnicos para uma instituição de pesquisa como o Ipea", replicando argumentos de que o concurso teve "forma viciosa" e que foi reduzido o número de "questões sobre métodos quantitativos". A novidade da nova "reportagem", contudo, é que nela aparecem os nomes de 32 técnicos do Instituto que assinam o tal documento contrário ao concurso.

Não bastasse a constatação de que, em um quadro nacional de cerca de 500 servidores, os 32 signatários constituírem um grupo reduzido, chama a atenção, especialmente dos pesquisadores que aprovam a iniciativa do Ipea, o fato de boa parcela desses "insatisfeitos" ter ingressado no Instituto sem qualquer concurso. Como é o caso de Ana Amélia Camarano, Elcyon Caiado Rocha Lima, Eustáquio José Reis, Lauro Ramos, Lucia H. Salgado e Silva, Luis Fernando L. Resende e Paulo Mansur Levy.

Mais gritante ainda é o fato de que, entre os signatários do abaixo-assinado, alguns não terem produzido nenhum documento de debate ou discussão durante todo o ano de 2008. Em uma visita ao portal www.ipea.gov.br é possível constatar que Alexandre Samy de Castro e Luis Fernando L. Resende, por exemplo, não tiveram nenhum trabalho publicado na instituição, sequer algum dos textos para discussão que os pesquisadores elaboram, periodicamente, como forma de gerar debates e aprofundar conhecimentos.

Alguns, inclusive, para espanto geral, sequer são do quadro de servidores do Ipea. Um deles, por exemplo, é do Serpro. A divulgação pela mídia das "reclamações" desses técnicos, que concedem entrevistas e repassam documentos institucionais a colunistas de "negócios" dos grandes jornais, já gerou um comunicado da direção colegiada do Instituto. Mas a marcha dos "insatisfeitos" prossegue em sua insensatez, colocando em exposição pública uma instituição como o Ipea, cuja meta e função primordial são prestar serviços à sociedade e fortalecer o Estado brasileiro, com conhecimentos, pesquisas e análises.

Daí não ser mera coincidência tais "reportagens" saírem publicadas em colunas de "negócios". Afinal, as fontes de informação são "técnicos" contrários a concursos públicos, defensores do "mercado" e do Estado mínimo, o quanto mínimo, melhor. Só não se entende é porque teimam em permanecer nos quadros do Estado, que lhes paga excelentes salários, em dia e com todos os direitos garantidos. Por que será que não trabalham, então, diretamente nas empresas do mercado que tanto defendem?

Um comentário:

Anônimo disse...

O CESPE ("organizador" do concurso) não procedeu de forma transparente com relação a divulgação das notas e as oportunidades de recursos aos resultados da primeira etapa do concurso do IPEA.
Veja os trechos que foram publicados no diário oficial de hoje, 27/01/2009, seção 3.

Primeiro trecho:

"2 DOS RECURSOS
2.1 Os candidatos poderão ter acesso ter acesso às provas
discursivas avaliadas e aos espelhos de avaliação, bem como interpor
recursos contra o resultado provisório nas provas discursivas, das 9
horas do dia 28 de janeiro de 2009 às 18 horas do dia 1.º de fevereiro
de 2009, no endereço eletrônico
ipea2008, por meio do Sistema Eletrônico de Interposição de
Recurso, observado o horário oficial de Brasília/DF."

Segundo trecho:

"3 DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
3.1 As justificativas de alteração dos gabaritos oficiais preliminares
das provas objetivas, em razão das interposições de recursos
feitas pelos candidatos, estarão disponíveis para consulta a partir do
dia 6 de fevereiro de 2009, no endereço eletrônico
unb.br/concursos/ipea2008."

Frente às informações acima, veja como anda suspeito este concurso do IPEA:

O candidato não tem como recorrer dos resultados finais da prova objetiva, nem das alterações de gabarito da objetiva.

Apenas quem teve a prova discursiva corrigida é que terá o direito a questionar as notas e apenas da discursiva, não tem como questionar os resultados da objetiva. Nem tem como saber por quantos pontos o candidato ficou de fora, como foi seu desempenho. Isso sem contar que já são 19h e até agora não saiu no "site" do CESPE o resultado que foi publicado no DOU...

Síntese: Não há transparência sobre o processo de avaliação da objetiva.