segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

UM POUCO DA HISTÓRIA DOS BAIRROS DO RIO

Caros (as) leitores (as)

No dia 28 de junho de 2010, o editor deste blog interrompou as pos-
tagens sobre um resumo, por ordem alfabética, da história dos 159 bairros existentes na cidade do Rio de Janeiro, segundo levantamento realizado pelo Instituto Pereira Passos, vinculado a Secretaria Municipal de Urbanismo da Prefeitura do Rio - com a ajuda decisiva da amiga Denise Moura, que nos indicou a fonte para tais informações - com os bairros de São Cristovão e São Francisco Xavier.

Esta publicação fora iniciada em 9 de março de 2009, com o resumo das histórias dos bairros da Abolição e Acari. Nesta, retomamos a publicação de onde ela foi interrompida, e destacamos os bairros da Saúde, Senador Camará e Senador Vasconcelos.

Quem não teve a oportunidade de conhecer as postagens anteriores, após o término destas que ainda faltam, que se concluirá com o bairro do Zumbi (na Ilha do Governador) , tornaremos a publicar o resumo das histórias dos 159 bairros do Rio de janeiro desde o início, todas as segundas-feira
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Boa leitura, Flávio Loureiro

Saúde

O antigo Bairro da Saúde se estendia da Prainha, atual Praça Mauá, à Gamboa. Era uma faixa arenosa, entre os morros da Conceição e do Livramento, atravessada pela Pedra da Prainha, atual Pedra do Sal.

Já no século XVII, seus trechos eram conhecidos como Valongo e Valonguinho. Ao longo do litoral, havia um caminho rústico que tinha o nome de Rua São Francisco da Prainha, depois Rua da Saúde e, hoje, corresponde à rua Sacadura Cabral.

Em 1704, o padre Francisco da Mota doou à Ordem Terceira da Penitência um trapiche (espécie de porto) e terras nas fraldas do morro da Conceição, à margem da atual Rua Sacadura Cabral. Em 1710, durante a invasão francesa, o trapiche foi destruído e construída uma capela, cuja ornamentação interna data do final do século XIX, com grades e escada em caracol de ferro fundido. Este monumento religioso é tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

Em 1742, Manuel Negreiros construiu a Capela de Nossa Senhora da Saúde, na Praia da Saúde. No Valongo, ficava um mercado de escravos, vendidos em armazéns-depósitos. A partir de 1831 o mercado foi desativado. Em 1921, todos os equipamentos existentes no Observatório da Escola Politécnica, situado no Morro de Santo Antônio, foram levados para a Chácara do Valongo, local onde, antes, ficava o mercado de escravos.

A Saúde passou a ter sua orla repleta de trapiches, armazéns e cais, com entrepostos de madeiras, couros, açúcar, cal de mariscos e produtos agrícolas vindos da Bahia. Com o ciclo do café, a região teve notável progresso. O café cultivado no Vale do Paraíba descia a serra e era estocado em seus grandes armazéns.

No Morro da Conceição, destaca-se, ainda, o Palácio Episcopal, resultado da ampliação, no século XVIII, de um convento dos Capuchinhos, para servir de residência aos bispos do Rio de Janeiro. Junto ao Palácio foi construída, entre 1715 e 1718, a Fortaleza da Conceição, para fortalecer o sistema defensivo da Cidade. Outro destaque é o Observatório do Valongo, inaugurado em 1924, no Morro da Conceição.

Os jardins do Valongo, construídos pelo Prefeito Pereira Passos em 1905, são outro marco importante do Bairro. O acesso ao Morro da Conceição é feito, ainda, pelas históricas ladeiras, como a João Homem, Escorrega, Jogo da Bola e seu prolongamento, a Argemiro Bulcão. Esta última ladeira desemboca na Pedra do Sal, berço, no início da República, do nosso primeiro rancho carnavalesco. Na Pedra do Sal, fica o Largo João da Baiana que é um reduto de sambistas. No início do século XX, com as obras de construção do Cais do Porto, grandes aterros alteraram a orla do bairro da Saúde e foram abertas as avenidas Rodrigues Alves, Venezuela, Barão de Tefé, onde surgiram quarteirões com armazéns e galpões.

A rua Sacadura Cabral é o limite entre o bairro original e as novas áreas aterradas. Parte da região da Saúde, compreendendo a Praça Cel. Assunção e a Igreja Nossa Senhora da Saúde passaram para o bairro da Gamboa.

Nota: A denominação; delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280, de 23 de agosto de 1985.

Senador Camará

Parte da região era pertencente à fazenda dos Coqueiros, fundada por Manuel Antunes Suzano em 1720. Suas terras iam desde os limites com a fazenda do Viegas até a Serra do Mendanha. Já a Fazenda do Viegas foi sede do antigo Engenho da Lapa, fundado pelo colonizador Manuel de Souza Viegas, que deu nome ao morro, ao caminho e à estrada, no século XVII. Em 1725 a fazenda pertencia a Francisco Garcia do Amaral, que nela construiu a Capela de Nossa Senhora da Lapa.

A Fazenda do Viegas produziu cana-de-açúcar por quase 80 anos, sendo considerada a segunda em importância na freguesia de Campo Grande. Com o surgimento da cafeicultura no início do século XIX, a fazenda foi uma das precursoras da produção do café no Brasil e suas lavouras se espalharam pelas Serras de Bangu, Lameirão e do Mendanha, atingindo o ápice nos anos de 1800. Atravessada pela Estrada Real de Santa Cruz (atual avenida de Santa Cruz), serviu de hospedagem ao Imperador Dom Pedro II em suas viagens a Santa Cruz. Nessa época, pertencia aos herdeiros de Helena Januária Campos Cardoso.

Em 1938, a sede da Fazenda do Viegas e Capela anexa foram tombadas pela União. Em 1995, uma reforma feita pela Prefeitura (DGPC) recuperou os históricos imóveis, e, em 1999, a SMAC realizou projeto de revitalização paisagística e cercamento do local, consolidando o “Parque Municipal Fazenda do Viegas” como importante área verde. A antiga sede da fazenda passou a abrigar a Subprefeitura da Zona Oeste.

Além da Estrada Real, eram importantes vias da região as estradas de Taquaral, dos Coqueiros e do Viegas, interligando Bangu a Campo Grande. Com o final do século XIX, o trem chegaria a região por intermédio do ramal de Mangaratiba, sendo inaugurada a estação Senador Camará em 01/06/1923, em homenagem a Otacílio de Carvalho Camará, gaúcho, deputado pelo Distrito Federal (1915) e senador em 1919, falecendo um ano depois. Historiadores não esclarecem quem teve a idéia de batizar a localidade como Senador Camará, mas contam que o referido político morava no bairro de Santa Cruz, beneficiando com verbas sua área e Campo Grande, em detrimento de Bangu e adjacências, onde a Prefeitura deixava as melhorias a cargo da Fábrica Bangu.

A Fábrica Bangu tornaria uma grande Companhia Imobiliária, loteando e urbanizando terrenos para o lado de Senador Camará, ao longo da avenida de Santa Cruz, estrada do Viegas, etc. Mais tarde os irmãos Jabour construíram uma vila residencial nos limites do Engenho dos Coqueiros, o denominado “Bairro Jabour” (década de 1950), onde viria a morar por muitos anos o grande músico e compositor Hermeto Pascoal.

No lado da linha férrea voltado para as estradas dos Coqueiros e do Taquaral, existiam extensas terras cultivadas, sendo os lavradores posseiros, que abandonaram a área, permitindo, em 1950, o surgimento de um loteamento, com casas construídas, tendo seus moradores direito de posse. A população foi crescendo, a partir dos anos 1980 e 1990, e ocupando ambos os lados da estrada do Taquaral, constituindo a Comunidade Fazenda Coqueiro, numa superfície de 1.094.848,41 m2, somada a comunidade Jardim Clarice, que havia surgido em 1992. Destacam-se também a comunidade Coréia, de 1951, entre o Bairro Jabour e a linha do trem, o Conjunto Habitacional Miguel Gustavo ou “Rebu” (CEHAB-1972) com 2466 casas geminadas, a Comunidade do Jacaré (de 1940) na divisa com Santíssimo, o Conjunto Senador Camará (1971), o Bairro Santo André (1986), entre outras comunidades, conjuntos e loteamentos proletários. O bairro é atravessado pelo rio Viegas, formador do Sarapui, cujas nascentes ficam no Parque Estadual da Pedra Branca, abrangendo as Serras do Bangu, do Viegas e do Lameirão, os Vales do Rosário e Virgem Maria, fazendo limites com o morro da Bandeira e o Pico da Pedra Branca (1025 mts).

Nota: A denominação; delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280 de 23 de agosto de 1985.

Senador Vasconcelos

A região fazia parte do traçado da Estrada Real de Santa Cruz. Sua história coincide com a do bairro de Campo Grande, com limites entre as fazendas das Capoeiras e do Lameirão. Mais tarde, por ela passou a antiga estrada Rio-São Paulo que, em viaduto, ultrapassava linha férrea do ramal de Mangaratiba (atual de Santa Cruz), onde foi instalada, em 1914, a estação Senador Augusto Vasconcelos, em homenagem a um senador federal, que deu, também, nome ao bairro. Como curiosidade, próximo à igreja de São Pedro, na avenida de Santa Cruz, existia uma estalagem onde o imperador Dom Pedro I costumava pernoitar em suas viagens à Fazenda Real de Santa Cruz.

Nota: A denominação, delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280, de 23 de agosto de 1985.

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