terça-feira, 1 de dezembro de 2009

UM POUCO DA HISTÓRIA DOS BAIRROS DO RIO

Este blog prossegue com a publicação, por ordem alfabética, do resumo da história dos 159 bairros existentes na cidade do Rio de Janeiro, segundo levantamento realizado pelo Instituto Pereira Passos, vinculado à Prefeitura do Rio e à Secretaria Municipal de Urbanismo. Desta vez são os bairros de Oswaldo Cruz, Paciência e Padre Miguel.

Oswaldo Cruz

A área do atual bairro de Oswaldo Cruz fazia parte da Fazenda do Campinho, atravessada pelo rio das Pedras, até as serras do Engenho do Portela. Com a implantação da Estrada de Ferro Dom Pedro II, depois Central do Brasil, foi fundada, em 1898, a estação de Rio das Pedras, atual Oswaldo Cruz, em homenagem ao grande médico sanitarista que erradicou a febre amarela no Rio de Janeiro e implantou o Instituto em Manguinhos.

O bairro cresceu ao longo das ruas João Vicente e Carolina Machado, com casario simples, comércio local modesto e vielas que só seriam reconhecidas como logradouros em 1917. Até a década de 1960 o trem e o lotação eram o principal meio de transporte da população local. Na década de 1970 surgiram os conjuntos habitacionais: o conjunto Oswaldo Cruz (conhecido como COHAB) e o conjunto Nelson Pereira dos Santos.

A tradição do bairro está ligada ao samba, à Escola de Samba Portela e aos seus grandes compositores.

A Portela foi fundada em 1923, a partir da união dos blocos “Baianinhas de Oswaldo Cruz” e “Quem Fala de Nós Come Mosca”, depois “Quem Faz é o Capricho” e “Vai Como Pode”, até, em 1935, se tornar o Grêmio Recreativo Escola de Samba Portela. Com quadra localizada na rua Clara Nunes, a Portela é a escola recordista de títulos do carnaval carioca, totalizando 21 vitórias.

Destaca-se na história do bairro e do samba carioca a personalidade de Paulo Benjamim de Oliveira, o mestre Paulo da Portela (1901-1949), amigo de Cartola e de Heitor dos Prazeres. “Cidadão samba” em 1937, compositor de sucesso, Paulo da Portela é homenageado na praça que leva o seu nome e na estátua erguida em 1956 por Pedro Faria. Próxima fica a “Portelinha”, a primeira sede da escola de samba Portela, época em que Oswaldo Cruz já era famoso reduto do samba, vocação mantida até os dias de hoje, com pares promovendo “rodas de samba” e pagodes.

Nota: A denominação, delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280, de 23 de agosto de 1985.

Paciência

Deve seu nome ao Engenho da Paciência, de João Francisco da Silva, a mais antiga e importante fazenda de cana existente no Brasil. Ficava na Estrada Real de Santa Cruz, onde, no início do século XIX, se hospedavam príncipes e nobres, nas excursões à Fazenda Real.

Mais tarde, com o advento da linha férrea, foi inaugurada, em 1897 a estação de Paciência. Sua urbanização começou na década de 1950/1960, com o surgimento de grandes loteamentos, como o Jardim Sete de Abril, a Vila Geni, o Jardim Vitória, dentre outros. Na Avenida Brasil, foi implantado o bairro Jardim Palmares e o Distrito Industrial de Palmares, na divisa com Campo Grande. Posteriormente, cresceram comunidades como as de Três Pontes, Divinéia, Roberto Moreno e Nova Jérsei. O núcleo principal do bairro, atravessado pelo rio Cação Vermelho, está situado entre a Serra da Paciência e o Morro de Santa Eugênia.

Nota: A denominação, delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280, de 23 de agosto de 1985.

Padre Miguel

O nome do bairro homenageia o Padre e Monsenhor Miguel de Santa Maria Mochon, espanhol da Andaluzia, vigário de Realengo. Nascido em 1879, Padre Miguel foi o reformador da Igreja Nossa Senhora da Conceição e o criador da primeira Escola Regular da Região, estendendo suas viagens de catequização aos engenhos de N. Sra. da Conceição da Pavuna e do Botafogo, pelo chamado “Caminho do Padre”.

Padre Miguel, além de incentivar o teatro amador, foi o segundo personagem da Cidade do Rio de Janeiro a exibir filmes de curta duração - sua casa paroquial transformou-se em sala de projeção e cinema de referência local. Esse notável personagem veio a falecer no ano de 1947, e seus restos mortais estão, desde 1957, no cemitério do Murundu (DE MYRO-ND-HUÚ, “Lôdo Revolto”), o único da região entre Realengo e Senador Camará.

A história de Padre Miguel coincide com as dos bairros vizinhos Realengo e Bangu. Parte de suas terras pertenciam aos latifúndios dos herdeiros da família Barata, o tenente João e o Alferes Sebastião Barata, que obtiveram vastas sesmarias até o sopé do Maciço de Gericinó. A fazenda da Água Branca, desmembrada, deu origem a loteamentos, atravessados pela avenida Brasil.

Com a implantação da linha férrea do ramal de Mangaratiba, foi inaugurada, em 06 de abril de 1940, a estação de “Moça Bonita”, assim chamada por ali próximo ter morado uma moça encantadora que chamava a atenção dos cadetes da Escola de Realengo que, em dias de folga, passavam no local “para ver a Moça Bonita”.

Em 1947, com a morte do Padre Miguel, a estação recebeu o seu nome. Atualmente é denominada estação Mocidade Padre Miguel, face a importância do Grêmio Recreativo Escola de Samba Mocidade Independente de Padre Miguel, criada em 10 de novembro de 1955, com as cores verde e branca. A primeira apresentação da Mocidade, restrita às ruas da região, aconteceu no Carnaval de 1956. A partir de 1959, sua bateria, ao apresentar a tradicional “paradinha” desenvolvida com desenvoltura por Mestre André, se transformou em uma das grandes atrações do Carnaval Carioca. Em 1979, a escola conquistaria seu primeiro título de Campeã do Grupo 1 com o enredo “Descobrimento do Brasil”. Sua quadra fica próxima ao viaduto de Padre Miguel, construído na década de 1990, e à comunidade Vila do Vintém – também conhecida como comunidade Moça Bonita - originalmente uma área vazia, pantanosa e com matagal, cujo início de ocupação ocorreu por volta de 1920.

Nota: A denominação; delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280 de 23 de agosto de 1985.

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