quarta-feira, 11 de novembro de 2009

UM POUCO DA HISTÓRIA DOS BAIRROS DO RIO

Este blog prossegue com a publicação, por ordem alfabética, do resumo da história dos 159 bairros existentes na cidade do Rio de Janeiro, segundo levantamento realizado pelo Instituto Pereira Passos, vinculado à Prefeitura do Rio e à Secretaria Municipal de Urbanismo. Desta vez são os bairros da Maré, Marechal Hermes e Maria da Graça

Maré

Toda a região da Maré era ocupada por pântanos e manguezais junto à orla da Baía de Guanabara e abrangia vários acidentes geográficos que desapareceram com os sucessivos aterros. São alguns exemplos, o Saco do Viegas, a Praia de Inhaúma, o Saco de Inhaúma e a Ilha dos Pinheiros.

A região compreendia ainda, as praias de Maria Angu e do Apicu. O termo “Maré” tem origem no fenômeno natural que afligia os moradores das palafitas que ocuparam a região a partir de 1940. Em 1982, foi implementado o “Projeto Rio”, grande intervenção pública para reassentar os moradores das palafitas em conjuntos habitacionais. Tais conjuntos foram erguidos sobre aterros dos manguezais do antigo Saco de Inhaúma e da Ilha do Pinheiro, que passou a ser um parque ecológico.

As comunidades que compõem o chamado “Complexo da Maré” são: MORRO DO TIMBAU, de 1940 - seu nome vem do TUPI-GUARANI “THYBAU”, que significa “entre as águas”. Toda a área em redor era um terreno pantanoso e só a ponta ou morro do THYBAU ficava em terra firme. Sua primeira moradora foi Dona Orsina Vieira, que construiu seu barraco com madeiras trazidas pela maré.

A Associação de Moradores do Morro do Timbau, fundada em 1954, foi a primeira do Complexo da Maré. Próximo a ela, ficava a antiga Praia de Inhaúma, desaparecida com os aterros. BAIXA DO SAPATEIRO, de 1947 - expansão do Timbau surgiu sobre palafitas no manguezal contínuo ao morro. Seu nome tem diversas versões, como a de um antigo proprietário que era sapateiro, ou uma referência aos muitos migrantes nordestinos e em especial, aos baianos, em analogia à “Baixa do Sapateiro”, em Salvador (BA). Ou, ainda, pela localização na parte baixa do morro, de um manguezal conhecido como sapateiro. PARQUE MARÉ, de 1953 - Começou como expansão da Baixa do Sapateiro. Seus precários barracos, erguidos nos anos de 1960 nos mangues existentes no final das ruas Flavia Farnese e 17 de fevereiro, se expandiram em direção à Baía de Guanabara.

PARQUE ROQUETE PINTO, de 1955 - Uma série de aterros sobre um manguezal, no final da Rua Ouricuri, deu origem à comunidade de precárias palafitas que, mais tarde, foram substituídas por casas. Foi criada uma área de lazer junto à Baía de Guanabara.

PARQUE RUBENS VAZ, de 1961 - A ocupação surgiu junto ao canal do Rio Ramos. Como a quantidade de areia drenada do canal provocava problemas para os moradores, a comunidade deslocou-se em direção à foz. Hoje, há forte processo de verticalização e seu comércio é variado. PARQUE UNIÃO, de 1961 - situada junto à Avenida Brigadeiro Trompowski, nasceu de um loteamento planejado para ser um bairro popular com boa infra-estrutura. Teve notável crescimento vertical e possui comércio de pequeno porte.

PARQUE NOVA HOLANDA, de 1962 - Seus moradores foram removidos de outras áreas da cidade, vindas de favelas como Praia do Pinto e Esqueleto, dentro do programa de assentamentos “Projeto Holanda”. Os primeiros barracos foram construídos a partir do aterro de extensa área no final da Rua Teixeira Ribeiro.

PRAIA DE RAMOS, de 1962 - Inicialmente habitada por pescadores, era conhecida como Praia de Maria Angu. Hoje está consolidada e dispõe de comércio, postos de saúde, escolas, posto policial e uma unidade da Fundação Leão XIII. Junto a ela ficava a antiga Praia de Ramos, balneário na década de 1940 que foi substituída pela grande área de lazer “Piscinão de Ramos”, inaugurado em dezembro de 2001. Apesar de comumente incluído entre as comunidades do Complexo, o Conjunto (ou Centro Social) Marcílio Dias na verdade se situa no bairro da Penha.

Os principais conjuntos habitacionais da Maré são:

VILA DO JOÃO, de 1982 - O nome “Vila do João” é uma homenagem ao presidente João Baptista de Oliveira Figueiredo. É o mais próximo da Avenida Brasil. CONJUNTO ESPERANÇA, de 1982 – Está localizado próximo ao prédio de expansão da Fundação Oswaldo Cruz, com acesso pela Avenida Brasil. Foi construído às margens do Canal do Cunha.

VILA DO PINHEIRO, de 1983 – O início de sua construção foi marcado pelo aterro da Ilha do Pinheiro em 1980. Trata-se de um conjunto habitacional, limitado pela Avenida Bento Ribeiro Dantas e a Linha Vermelha. CONJUNTO PINHEIRO, de 1989 – É vizinho imediato da Vila do Pinheiro. Seus prédios margeam a Avenida Bento Ribeiro Dantas, junto à área de lazer.

CONJUNTO BENTO RIBEIRO DANTAS, de 1992 – Construído na Avenida Bento Ribeiro Dantas, do lado oposto do Conjunto Pinheiro, ocupa área onde existiu, no passado, a praia e o porto de Inhaúma.

CONJUNTO NOVA MARÉ, de 1996 – Construído próximo à Baixa do Sapateiro, abriga moradores que viviam em palafitas no Parque Roquete Pinto e na Favela “Kinder Ovo”.

SALSA E MERENGUE, de 2000 – A Comunidade é, oficialmente, denominada Novo Pinheiro. É um conjunto habitacional construído pela Prefeitura. Está situada próxima à Vila do Pinheiro e ao Canal do Cunha. Fontes: Favela tem Memória – Maré (internet) – O tesouro de conhecimento de um bairro chamado Maré – Anderson Morais Chalaça, Isa Maria Freire, Marcos Luiz Cavalcanti de Miranda

Nota: O Bairro foi criado, delimitado e codificado pela Lei Nº 2119, de 19 de janeiro de 1994, com alterações nos limites de bairros de Olaria, Ramos, Bonsucesso e Manguinhos.

Marechal Hermes

Fundado em 1913, o bairro de Marechal Hermes foi o primeiro no Brasil implantado como uma “Vila Proletária” e planejado para ser estritamente residencial, com direito à infra-estrutura de serviços públicos. Idealizado pelo então Presidente da República Marechal Hermes da Fonseca para suprir a carência de moradias populares, o projeto teve o tenente engenheiro Palmyro Serra Polcheira como responsável pelo desenho e execução da planta.

Com o término do governo do Mal. Hermes, em 1914, o projeto, combatido pela sociedade, foi abandonado e, dos 1350 imóveis previstos, somente 165 foram construídos. Surgiram então moradias simples, erguidas pelo operariado, na área que ficou conhecida como ”Portugal Pequeno”, devido à predominância de portugueses.

As ruas largas e arborizadas foram abertas em torno da Praça Montese, defronte à estação Marechal Hermes da Estrada de Ferro Central do Brasil, inaugurada em 1913. O prédio da estação – hoje tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico – foi influenciado pelo modelo das ferrovias inglesas e é feito de tijolo maciço, com telhas francesas, quatro fachadas, amplas coberturas, detalhes em azulejos e arcos de ferro fundido.

Na década de 1930, o presidente Getúlio Vargas retomou as obras no bairro e realizou grande intervenção no projeto original, construindo blocos de apartamentos e modificando a nomenclatura das ruas para homenagear militares.

Na avenida Gal. Osvaldo Cordeiro de Farias, fica o hospital estadual Carlos Chagas, construído em 1934 e um dos mais antigos da Cidade. Destaca-se ainda no bairro o teatro Armando Gonzaga, projeto de Afonso Eduardo Reidy, com auditório para 300 pessoas. O teatro, inaugurado em 19 de abril de 1954 pelo prefeito do então Distrito Federal, Dulcídio do Espírito Santo Cardoso, ocupa um quarteirão inteiro e é dedicado a abrigar espetáculos para o público local.

Nota: A denominação, delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280, de 23 de agosto de 1985.

Maria da Graça

Na região, ficava a Fazenda Maria da Graça, da família Cardoso Martins. Foi adquirida, mais tarde, pela Companhia Imobiliária Nacional que, em 1934, fez o arruamento e loteamento do bairro “Jardim Maria da Graça”, entre a rua Miguel Ângelo, a avenida Suburbana, a Linha Auxiliar e o bairro de Del Castilho.

A antiga Fábrica Cruzeiro de fósforos, deu lugar à “General Electric - GE”, de equipamentos elétricos. A área faz limite com a favela do Jacarezinho.

A estação Dr. Cesário Machado, depois Maria da Graça, na Linha Auxiliar foi inaugurada em 1928, e está desativada. Com a construção da linha 2 do Metrô, Maria da Graça ganhou uma estação.

Nota: A denominação; delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280, de 23 de agosto de 1985 e pela Lei Complementar Nº 17 de 29 de julho de 1992 que cria a R.A. do Jacarezinho.

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