segunda-feira, 12 de outubro de 2009

UM POUCO DA HISTÓRIA DOS BAIRROS DO RIO

Este blog prossegue com a publicação, por ordem alfabética, do resumo da história dos 159 bairros existentes na cidade do Rio de Janeiro, segundo levantamento realizado pelo Instituto Pereira Passos, vinculado à Prefeitura do Rio e à Secretaria Municipal de Urbanismo. Desta vez são os bairros Leblon, Leme e Lins de Vaconcelos.

Leblon

Nos primórdios, situava-se na região a aldeia “Kariané” dos índios Tamoios, já representada em um mapa francês de 1558. Eles davam o nome de “Ypaum” (espaço entre canais) a toda essa área. Os índios foram exterminados em 1575 pelo Governador Antonio Salema, para ali construir engenhos.

O do nome do Bairro vem de Charles Leblon, francês dono de um grande lote no areal, o chamado “Campo do Leblon”. Adquirido de Bernardino José Ribeiro, em 1845, nele Leblon instalou uma fazenda de gado e explorava a pesca de baleias pela Empresa Aliança.

Em 1857, Charles Leblon negociou suas terras com Francisco José Fialho, que as revendeu a outros em 1878, destacando-se o português José de Guimarães Seixas, abolicionista, em cuja chácara, situada no atual Alto Leblon, abrigava escravos fugidos, passando o local a ser conhecido como Quilombo do Seixas ou do Leblon. Outras duas chácaras se situavam próximas: a Chácara do Céu e a Chácara do Guimarães.

No início do Século XX, o Leblon, cruzado pelos rios Preto e Branco, era constituído de cerca de 100 chácaras desmembradas da Fazenda Nacional da Lagoa e suas únicas ruas eram a rua do Sapé ou do Pau (atual Dias Ferreira), a Travessa do Pau, o Largo da Memória e o Caminho da Barra (ligando a Praia do Pinto à barra da Lagoa).

Nas décadas de 1910 e 1920, surgiu a Companhia Industrial da Gávea, dos engenheiros Adolfo Del Vecchio, José Ludolf e Miguel Braga, responsável pelo loteamento inicial do Leblon e pela abertura da Praça Dr. Frontin (atual Antero de Quental), das avenidas Ataulfo de Paiva e Del Vecchio (atual San Martin) e das ruas Rita Ludolf, General Urquiza, Aristides Espíndola, Acarai (José Linhares), a Avenida Afrânio de Melo Franco, a rua José Ludolf (Humberto de Campos), entre várias outras.

Com a chegada do bonde, em 1914, o bairro se ligava ao resto da Cidade. Em 1919, por iniciativa de Paulo de Frontin, foi aberta na orla a Avenida Delfim Moreira e urbanizada a Praia do Leblon. No seu prolongamento, aproveitando caminho que seria destinado a uma ferrovia abandonada, surgia então a Avenida Niemeyer. O Circuito da Gávea – onde se destacaram Chico Landi, Manuel de Teffé, Carlo Pintacuda, Ascari, Casini, Hans Stuck etc -, inaugurado em 1933, passava pelo Canal da Visconde de Albuquerque, pela avenida Niemeyer e pela Estrada da Gávea.

A chegada das velozes baratinhas no Hotel Leblon (1923), atraia multidões. Na orla da lagoa existiam grandes favelas: a favela da Praia do Pinto, o Parque Proletário do Leblon e favela da Ilha das Dragas, todas removidas na década de 1960. Próximo a elas, o Clube de Regatas do Flamengo inaugurou seu estádio de futebol em 1938, conhecido como “Estádio da Gávea”, apesar de se situar no Leblon, com sua sede desportiva.

Em 1957, surgiu a Cruzada São Sebastião, idealizada por Dom Hélder Câmara em 1957 e composta por dez blocos habitados por seis mil pessoas de baixa renda. Na área do canal aberto pelo Prefeito Carlos Sampaio, ligando a lagoa ao mar, o Prefeito Henrique Dodsworth implantou, em 1937, setenta mil metros quadrados de jardins, ficando o lugar conhecido popularmente como Jardim de Alah.

Bares tradicionais surgiam: o Clipper, o Memória, o Paraizo, o Três Vinte, o Columbia, o Recreio, o Astória, entre outros. Com a intensa produção imobiliária o bairro cresceu, adensou e virou “point” noturno com seus bares e restaurantes. Como atrações, destacam-se o tradicional Cine Leblon (1951), os restaurantes Garcia & Rodrigues, Antiquarius, La Mole (1958), Celeiro e Degrau (1950), os bares Bracarense (1951), Jobi, Clipper (1942), a Cobal, a Padaria Rio Lisboa, as Livrarias Letras & Expressões e Argumento, a Pizzaria Guanabara, as casas de show Plataforma e Scala, o Rio Design Center e o novíssimo Shopping Leblon.

A grande área verde do bairro é o Parque do Penhasco Dois Irmãos ou Sergio Bernardes, nas encostas da antiga Chácara do Céu, com mirante em sete níveis diferentes, anfiteatro, caminhos e uma vista espetacular da orla carioca.

Nota: A denominação; delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280 de 23 de agosto de 1985

Leme

Praia do Leme era o nome dado ao trecho arenoso que ia do antigo Morro do Inhangá até o Morro ou Pedra do Leme. O nome “Leme” foi dado devido à forma dessa elevação, que lembra o leme de um navio.

Espremido entre o Morro da Babilônia e o Oceano Atlântico, o Leme era um areal deserto, até que a Companhia de Construções Civis (de Otto Simon e Duvivier) criou as ruas do bairro, entre 1892 e 1894. Sua principal rua, a Gustavo Sampaio, foi aberta em 1894. Com a inauguração do Túnel Novo, ou do Leme, em 1906, a linha de bondes da Companhia Ferro-Carril Jardim Botânico chegaria ao final do Leme, na Praça do Vigia. Em 1906, acompanhando a orla do Leme e Copacabana, a Avenida Atlântica foi concluída e se tornaria cartão postal do bairro. Mais tarde, em 1971, seria duplicada para a implantação do calçadão.

Junto ao Morro da Babilônia ficava a Chácara de Torquato Couto, depois alugada a Chaves Faria. Também residiu nela a família de Wilhelm Marx, (pai do paisagista Roberto Burle Marx), que construiu a Ladeira da Babilônia, atual Ari Barroso, famoso compositor que ali morou. Embaixo se ligava à Rua Araújo Gondin (atual Gal. Ribeiro da Costa), onde os padres dominicanos fundaram a Igreja N. Sra. do Rosário, construída entre 1927 e 1931.

O início de ocupação das encostas do Morro da Babilônia se deu em 1915. A partir de 1934, a ocupação aumentou consideravelmente, dando origem às Comunidades da Babilônia e do Chapéu Mangueira. No alto do Morro da Babilônia (238 m), existia um Telégrafo, acessado por estrada que partia da Ladeira do Leme, e que hoje foi absorvido por grande área de reflorestamento.

No cume do Morro do Leme destaca-se o Forte Duque de Caxias, construído em 1776, com a denominação de Forte da Espia ou do Vigia, situando-se a 125 m de altitude. Em 1823, o forte recebeu armamento de artilharia. Reconstruído em 1919, em projeto de Augusto Tasso Fragoso, foi desativado em 1975, quando deu lugar ao Centro de Estudos de Pessoal do Exército. Dentro da área do Forte, existem ruínas datadas de 1711 e 1823 na denominada Pedra do Anel, que deviam servir para sinaleiros observarem a movimentação de navios na entrada da Baía de Guanabara.

A partir dos anos 1950 e 1960, grandes prédios residenciais ocuparam a estreita área do bairro e surgiram hotéis, destacando-se a torre do Le Meridien, com 37 pavimentos, atual “Iberostar-Copacabana”. O Leme, contudo, manteve sua tranqüilidade, bem representado pelo “Caminho dos Pescadores” junto à Pedra do Leme, onde há uma das mais belas vistas da orla carioca.

Nota: A denominação; delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280 de 23 de agosto de 1985.

Lins de Vasconcelos

Toda a área do bairro de Lins de Vasconcelos pertencia ao Engenho Novo dos Jesuítas. Os tropeiros, vindos de Jacarepaguá pelo Caminho dos Três Rios, desciam da Serra do Matheus (trecho da Serra dos Pretos Forros) e seguiam pela Estrada da Serra do Matheus (atual Rua Lins de Vasconcelos) até alcançar o Engenho. Sua construção mais conhecida era a “Venda do Matheus”, na localidade denominada “Boca do Mato”, junto à Serra dos Pretos Forros, que, com seu clima ameno, era apelidada de “Suíça Suburbana”.

Lá existiam chácaras como a de Casimiro Barreto de Pinho, no qual foram abertas as Ruas Casimiro (parte da atual Aquidabã) e D. José (atual Maranhão). A Boca do Mato, já em 1886, se ligava ao Méier através de uma linha de bonde puxada a burro - o “Boca do Mato” ou “Boquinha”, depois eletrificada. Era uma linha curta que conduzia os moradores do lugarejo ao comércio e escolas vizinhas.

O Médico-Major Modesto Benjamim Lins de Vasconcelos possuía propriedade no alto da Estrada da Serra do Matheus, que depois levou o nome de sua tradicional família, Lins de Vasconcelos. Seu desmembramento foi feito aos poucos e as chácaras vendidas a diversas famílias, como a do Dr. Luis Ferreira Moura Brito e a do Dr. Vicente Piragibe, em cujos terrenos foi prolongada a Rua Lins, abertas a Rua Vilela Tavares e a Travessa Aquidabã (atual Mario Piragibe) e construída a Capela de N.S. da Guia, convertida em paróquia em 1923.

Na Rua Aquidabã, surgiu o Clube Alemão, local de reunião e esportes da colônia germânica do Rio de Janeiro que seria confiscado pelo Governo Federal na II Guerra Mundial e transformado em área militar (Crifa, Quartel de Infantaria). Atualmente, ali está construído um condomínio para oficiais do exército.

Destacam-se no bairro dois importantes hospitais: o Hospital Naval Marcílio Dias e a Maternidade Carmela Dutra.

Nota: A denominação; delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280 de 23 de agosto de 1985.

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