quinta-feira, 24 de setembro de 2009

O PERFIL AUTORITÁRIO DAS ELITES BRASILEIRAS

É hora da virada, de reagir a reação!

" ...Vamos lá rapaziada, tá na hora da virada vamos dar o troco ...", Gonzaguinha.

Há várias semanas, a direita brasileira sustenta uma ofensiva político-midiática, cujo lance mais recente é a cobertura da grande mídia nativa e os posicionamentos de lideranças partidárias conservadoras a respeito da crise política-institucional de Honduras.

Um inventário dessa ofensiva do conservadorismo brasileiro, inclui desde fofocas, para as quais a mídia concede estatuto de escândalo, como nas leviandades da ex-secretárioa da Receita Federal, Lina Vieira, passando pelo destaque conferido a saída da senadora Marina Silva do PT, pelas reações agressivas a ação ambientalmente saneadora do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, pela ameaça de instalação de CPI para investigar o MST e pela campanha contrária a indicação do advogado geral da União, José Tofoli ao Supremo Tribunal Federal.

O tratamento dado ao confilto de Honduras é escandaloso, desde a foto distribuída pelas agências internacionais mostrando o presidente Manuel Zalaya dormindo na sede da embaixada do Brasil, até a utilização do eufemismo "governo de fato" para evitar chamar pelo nome o governo golpista de Honduras, além das defesas nem tão dissimuladas do golpe, em função de Zelaya defender a realização de um plebiscito para a convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte Livre, Soberana e Democrático.

O que conduz a duas constataçõe curiosas e supreendentes: A primeira é o quão retrógradas são as elites brasileiras e seus aparelhos de hegemonia, quando rompem pela direita com a dinâmica de seguir a posição norte-americana em conflitos internacionais, agora que o presidente Barak Obama e a secretária de Estado, Hilary Clinton, condenam o golpe em Honduras. A segunda é que elas (as elites) só tratam a sério a democracia quando servem aos seus interesses de manutenção das coisas como estão e da reprodução da sua hegemonia.

Convocar assembléiass contituintes foi a saída democrática encontrada por governantes de países como a Bolívia, Equador e a Venezuela, que sucederam governos obscurantistas, corruptos e autoritários, pelo simples fato de constatarem a impossibilidade de se promover reformas de caráter popular profundas em seus países, diante da legislação que encontraram ao assumirem, também produto das elites locais.

Se todo poder emana do povo, axioma que simboliza o chamado Estado Democrático de Direito, qual o problema de convocá-lo sempre que as cincunstâncias históricas exigirem, como numa radical mudança de paradigmas de governo?

Por ter avaliado não haver correlação de forças favorável para tanto, o governo Lula ao não perseguir, logo que erigido pelo voto popular, a convocação de uma Constituinte, que produzisse uma profunda reforma no Estado brasileiro, seja do ponto de vista político, tributário ou fundiário, paga uma alto preço político para garantir a sua governabilidade

O governo brasileiro já indicou a "senha" com uma posição altiva e democrática em relação ao que ocorre em Honduras e ao depositar total solidariedade ao presidente deposto, Manuel Zalaya.

Cabe a parcela da sociedade civil - partidos, sindicatos, intelectualidade e movimentos socias - comprometida com os avanços democráticos conquistados no Brasil e na América Latina, responder a altura a tais agressões, e reagir a vaga de reação que se revela cada vez mais ousada.

Flávio Loureiro, jornalista

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