segunda-feira, 24 de agosto de 2009

UM POUCO DA HISTÓRIA DOS BAIRROS DO RIO

Este blog prossegue com a publicação, por ordem alfabética, do resumo da história dos 159 bairros existentes na cidade do Rio de Janeiro, segundo levantamento realizado pelo Instituto Pereira Passos, vinculado à Prefeitura do Rio e à Secretaria Municipal de Urbanismo. Desta vez são os bairros Ipanema, Irajá e Itanhangá

Ipanema

Originalmente, a restinga arenosa abrigava a aldeia “Jaboracyá”, da tribo dos Tamoios. Suas terras pertenceram ao Engenho de Nossa Senhora da Conceição da Lagoa, de vários proprietários: Sebastião Fagundes Varela, Antonio Salema, Antonio Fagundes Varela e Rodrigo de Freitas Carvalho.

Em 1808, a região litorânea passou para Aldonsa da Silva Rosa. Toda a área da atual Ipanema denominava-se Fazenda Copacabana que, em 1857, foi comprada pelo empresário Francisco José Fialho. Fialho dividiu sua propriedade em dois grandes lotes, um deles adquirido pelo Comendador José Antonio Moreira Filho, segundo Barão de Ipanema.

Embora Ypanema, ou Ipanema, queira dizer, em língua indígena, “água ruim”, não indicada para natação ou pescaria, o nome não se referia ao bairro, mas a um rio paulista, em Iperó, e foi uma homenagem feita ao Barão e Conde de Ipanema pelo seu filho, o segundo Barão de Ipanema, que, em 1883, criou uma empresa de urbanização para erguer o novo bairro com o nome de o Loteamento Villa Ipanema.

Seu sócio era Antonio José Silva e o autor do projeto era o Engenheiro Luís Raphael Vieira Souto. Para alavancar o empreendimento, foi fundamental que a linha de bondes se prolongasse de Copacabana, chegando a Ipanema, em 1902, com ponto final na Praça Floriano Peixoto, atual General Osório. Os bondes ainda circulariam pelo bairro até 1963.

Em 1894, o termo de fundação da Villa Ipanema previa 19 ruas e 2 praças. Foram abertas as Praças Floriano Peixoto (General Osório), Coronel Valadares (Nossa Senhora da Paz) e as ruas Prudente de Morais, Farme de Amoedo, Nascimento Silva, 20 de Novembro (Visconde de Pirajá), a avenida Vieira Souto, entre outras.

Quando da morte do segundo Barão de Ipanema, assumiram a empresa Alberto de Campos e Manuel Pinto de Miranda Montenegro, que convidaram Raul Kennedy de Lemos para tocar a urbanização do Bairro. Daí surgiu a Companhia Construtora Ipanema, com o engenheiro Henrique Dumont, e novas ruas foram abertas e seus lotes vendidos, tornando realidade a Villa Ipanema.

Em 1927, foram negociados todos seus terrenos. Estava consolidado o bairro de Ipanema. A valorização imobiliária se tornou enorme, prédios de apartamentos tomaram o lugar das antigas residências e os gabaritos foram aumentados. Surgiam apart-hotéis e grandes centros comerciais na rua Visconde de Pirajá e, na década de 1970, Ipanema se tornou um bairro sofisticado, onde Sérgio Dourado construía espigões e os preços dos imóveis disparavam. Ipanema serviu de inspiração para Tom Jobim e Vinicius de Moraes criarem a mundialmente famosa “Garota de Ipanema”.

O charme dos seus bares, freqüentados por intelectuais e artistas, a praia da época do “Píer”, musas como Helô Pinheiro e Leila Diniz marcaram gerações. Ipanema ditava a moda de praia, onde predominava os biquínis e suas variações - tanga, asa-delta, fio-dental etc. O Bar Vinte, o Jangadeiro, o Zeppelin, o Castelinho, o Veloso (atual Garota de Ipanema), o Bofetada, a Sorveteria Morais, o Bar Lagoa, o Barril 1800, a Loja Company, a Dijon, a Feira Hippie da praça General Osório, entre outras referências, deram a Ipanema uma rica história de costumes e personagens que marcaram de forma destacada o bairro na cultura carioca.

No carnaval, a Banda de Ipanema, fundada em 1965 por Albino Pinheiro e um grupo de amigos, lota as ruas de Ipanema com milhares de foliões, reunindo moradores, artistas, boêmios, músicos, musas espalhando alegria contagiante.

A partir de meados da década de 1980, começa a se destacar também no bairro o Bloco “Simpatia é Quase Amor”. Um dos principais marcos do bairro é a Ponta do Arpoador, com as suas pedras dividindo a Praia de Ipanema da Praia do Diabo. Um dos locais mais apreciados para admirar o pôr do sol e onde, no século XVII, se caçavam baleias com arpões, o Arpoador é uma das principais referências do surfe brasileiro. Foi nas ondas do Arpoador que o surfe começou a ser praticado no Brasil, ainda na década de 1950. Foi ali, também, que aconteceram as finais do primeiro Campeonato Brasileiro oficial de Surfe, em 1965.

Nota: A denominação; delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280 de 23 de agosto de 1985.

Irajá

A origem do nome Irajá tem duas versões. Na primeira, “Irajá” significa “O Mel Brota”, nome dado pelos índios Muduriás, que habitavam a região. Na segunda o nome viria de “Aribo”, de “alto” e “Yá”, “brotar”, ou seja “rio que brota do alto do morro e cai abaixo”, referindo-se ao rio Irajá, que nasce no morro do Juramento e deságua na Baía de Guanabara.

Irajá era a maior Sesmaria do Rio de Janeiro e englobava as terras desde a Baía de Guanabara até a atual Zona Oeste, incluindo, entre outros, os bairros de Anchieta, Realengo, Bangu, Santíssimo e Campo Grande. Foi concedida a Antonio de França, com seu pioneiro engenho de N. Sra. da Ajuda, de 1568, do atual seria desmembrada a Fazenda Grande na Penha e outras propriedades.

As atividades predominantes eram engenhos de açúcar/aguardente, criação de gado e lavouras diversas, se destacando a do Reverendo Antonio Martins Palma e o Engenho N. Sra da Graça. Esse grande engenho foi negociado em 1712 pelo capitão Gaspar Machado ao Capitão Manuel Freire Alemão, que o passaria para Lourenço Silva Borges, indo seus limites do rio dos Cachorros até o rio Meriti.

A freguesia de Irajá foi criada pelo padre Antonio Marins Loureiro em 1644. O padre Gaspar da Costa construiu, em 1647, a igreja de N. Sra. da Apresentação que, no século seguinte, seria substituída por outra que permanece até hoje. Ela era a matriz de toda Zona Rural Carioca, quando em 1775 já havia treze engenhos na região.

Durante o século XVII, Irajá era importante centro de abastecimento de alimentos e material de construção. Seus acessos principais eram a estrada da Pavuna (Automóvel Clube), a estrada de Irajá (Monsenhor Félix), a estrada do Barro Vermelho (Colégio), a da Água Grande e a do Quitungo, que se comunicava com o Porto de Irajá, na Baía de Guanabara. Na construção da Estrada de Ferro Rio D´Ouro, foi instalada, em 1883, a estação de Irajá, extinta na década de 1960. Seu leito foi aproveitado para a implantação da Linha 2 pela Companhia do Metropolitano do Rio de Janeiro – Metrô, sendo inaugurada a estação de Irajá no mesmo local da antiga, em 1983.

Com a abertura da avenida Brasil, prolongada pela antiga avenida das Bandeiras, foram construídos grandes conjuntos habitacionais em suas margens, além da Ceasa, importante Centro de abastecimento de Gêneros Alimentícios, implantado em 1974.

O núcleo principal do bairro é a Praça N. Sra. da Apresentação, onde ficam o cemitério de Irajá - inicialmente da irmandade, inaugurado em 1835, e depois substituído pelo cemitério Municipal, construído entre 1894/1895 -, a Igreja Nossa Senhora da Apresentação - tombada pelo Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro - e o Instituto Jesus Eucarístico. Nessa área ficava a antiga fazenda Irajá, com sua casa grande, grande centro açucareiro com produção elevada que era escoada pelo “Portinho do Irajá”, situado na região de Brás de Pina. Destaca-se a figura de Dom Manuel de Monte Rodrigues, o Conde de Irajá, falecido em 1863, deputado geral pela sua província e Bispo do Rio de Janeiro, em 1839, que sagrou e coroou Dom Pedro II.

As linhas de bondes ligando Madureira a Irajá foram inauguradas em 28/09/1911, em tração animal, até que em 1928 a concessão foi transferida para a Empresa “Cia LIGHT”, que os substitui pelos de tração elétrica.
Em 8 de fevereiro de 1962 foi criada a XIV Região Administrativa de Irajá.

Nota: A denominação, delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280, de 23 de agosto de 1985.

Itanhangá

Esse nome tem origem na grande pedra, situada à beira da Lagoa da Tijuca: Ita (pedra) e Anhangá (fantasmagórica) ou ”Pedra que fala”. Pela sua conformação, os ventos produziam sons que apavoravam os indígenas. Seus antigos acessos, na época do Distrito Federal, se davam pelas estradas de Furnas e do Itanhangá.

Na década de 1930, foi construído um extenso campo de golf, o atual Itanhangá Golf Club, para ser usado pelo então Presidente da República, Getúlio Vargas. Na década de 1950, foi implantado um loteamento que ocupou extensa área verde, entre a estrada da Barra da Tijuca e os morros da Pedra da Gávea/Focinho do Cavalo, denominado “Jardim da Barra”. Nos anos 1970, surgiriam os condomínios “GreenWood Park” e Portinho do Massaru. Também nessa época, as principais comunidades se estabeleceriam no bairro, com destaque para a Tijuquinha, Sítio Pai João, Muzema e Morro do Banco.

O rio Cachoeira, que nasce no Alto da Boa Vista, forma a belíssima Cascata Grande. Na estrada das Furnas fica o Recanto das “Furnas de Abrassiz”, formado por grupamento de enormes pedras, que formam grutas, freqüentado no século XIX por Don Pedro II.

Nota: A denominação, delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280, de 23 de agosto de 1985.


Nenhum comentário: