segunda-feira, 15 de junho de 2009

UM POUCO DA HISTÓRIA DOS BAIRROS DO RIO


Este blog prossegue a publicação, por ordem alfabética, do resumo da história dos 159 bairros existentes na cidade do Rio de Janeiro, segundo levantamento realizado pelo Instituto Pereira Passos, vinculado à Prefeitura do Rio e à Secretaria Municipal de Urbanismo. Desta vez são os bairros de Cosme Velho, Cordovil e Cosmos.

Cosme Velho

O nome vem do grande proprietário da região no século XVIII, Cosme Velho Pereira. Na porção superior do Vale das Laranjeiras, junto às encostas do Corcovado e da Serra da Carioca, ficava o lugar alto da “Carioca Velha ou Paragem das Laranjeiras”, que topava com densa floresta. No século XVII, a região foi desbravada com o desenvolvimento de granjas, que se cobriram de bananeiras, canaviais e laranjeiras. Em 1727, Cosme Velho Pereira adquiriu uma chácara medindo 418 braças de frente pela estrada pública até o alto da serra por onde corriam os canos da Carioca. Essa estrada é a atual Rua Cosme Velho.

O Rio Carioca principiava seu curso em uma grande rocha ao pé do Corcovado, na chamada “Fonte do Beijo”. Logo adiante, suas águas se acumulavam numa bacia denominada de “Mãe d’Água” ou Fonte das Caboclas. Mais abaixo, o rio cruzava a Região do Cosme Velho, recebendo o nome de Rio das Caboclas em função da presença das índias que ali se banhavam e das lavadeiras que dele se utilizavam.

Enquanto o Cosme Velho se desenvolvia, seu clima aprazível e as matas atraíam estrangeiros. O “Morro do Pindurassaia”, acima da Ladeira do Ascurra, abrigou as propriedades de três ingleses: o Cônsul Chamberlain, George Britain e Guilherme Young. No início do século XIX, o morro - que se situa entre as Ladeiras dos Guararapes e do Ascurra - passou a se chamar “Morro do Inglês”. No seu cume fica o Hospital Adventista do Silvestre.

Com a chegada do ciclo do café, foram devastadas as encostas mais baixas do Cosme Velho. O Gal. Hogendorp, fugido da Europa, teve um sítio na Ladeira do Ascurra onde chegou a cultivar 30.000 pés de café.

Outros proprietários famosos surgiram no Cosme Velho. O mais conhecido deles era Machado de Assis, mas também tinham terras no Cosme Velho o Barão Smith de Vasconcelos, Joaquim da Silva Souto (proprietário do Largo do Boticário), Candido Portinari, Cecília Meireles, entre outros. O nome “Águas Férreas”, que o bairro teve na época dos bondes, se devia à Bica da Rainha, de águas ferruginosas.

Marcante presença em toda a região, o imponente Pico do Corcovado (704m) já recebia excursionistas que se aventuravam por íngreme e tortuosa trilha acima do Silvestre. Nas suas imediações, escravos se refugiavam na mata, abrigando-se em cavernas e criando quilombos. O mais famoso era deles era o quilombo do corcovado, composto por escravos, soldados desertores e colonos desocupados, que praticavam assaltos nas redondezas. Em 1829, a polícia destruiu a organização desses quilombolas.

Com a inauguração da Estrada de Ferro Corcovado, o Cosme Velho tornou-se a porta de entrada ao Cristo Redentor. Sua tranqüilidade seria afetada pela abertura do Túnel Rebouças, em 1965, que abriu acesso para a Lagoa e outros bairros da Zona Sul e trouxe trânsito intenso para a Rua Cosme Velho. Nas décadas de 1960 e 1970, imobiliárias derrubaram antigos solares e levantaram prédios de apartamentos e acelerou-se o processo de favelização das encostas dos morros da região.

O Cosme Velho abriga importantes instituições, como o Colégio Sion, o Museu de Arte Naif, o Colégio São Vicente de Paula, a Casa do Minho, a Dataprev, a Igreja de São Judas Tadeu, entre outras.

Nota: A denominação; delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280 de 23 de agosto de 1985.

Cordovil

No Século XVII, as terras pertenciam ao provedor da Fazenda Real, Bartolomeu de Siqueira Cordovil que, posteriormente, as passou para o seu filho, Francisco Cordovil de Siqueira e Mello. O Engenho dos Cordovil possuía extensos canaviais que se espalhavam pela planície em direção a Irajá. Posteriormente, a antiga propriedade foi loteada. Nela passava a estrada do Porto Velho de Irajá, prolongamento do Quitungo e depois a primeira estrada Rio-Petrópolis, correspondendo às ruas Itabira e Bulhões Marcial.

Com a implantação da Estrada de Ferro do Norte, depois Leopoldina, foi inaugurada, em 1910, a estação de Cordovil.

Com a abertura da avenida Brasil, em 1946, foi implantado o Trevo das Missões que dá acesso à nova Rodovia Rio-Petrópolis, Washington Luiz. Suas terras abrangiam a Ponta do Lagarto e a ilha do Saravatá, aterradas na década de 1980/1990, cortadas pela “Linha Vermelha”.

Em 1969, foi construído o conjunto habitacional Cidade Alta, para abrigar moradores removidos da Favela Praia do Pinto. No seu entorno surgiram novas favelas, como Divinéia, Cambuci, Pica-Pau, Serra Pelada e Chega Mais, que formam o chamado “Complexo da Cidade Alta”.

Nota: A denominação; delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280, de 23 de agosto de 1985.

Cosmos

Nas terras que pertenceram ao Engenho da Paciência, a Companhia Imobiliária Cosmos construiu um grande loteamento, a Vila Igaratá. Quando foi implantado o ramal ferroviário de Mangaratiba, a Companhia cedeu uma área para a construção da Estação Cosmos, inaugurada em 1928, que deu nome ao bairro. O acesso também era feito pela antiga Estrada Real de Santa Cruz (atual Av. Cesário de Melo). O bairro se caracteriza pela presença de conjuntos habitacionais, loteamentos e comunidades, como a Vila do Céu e Vila São Jorge. Destacam-se os loteamentos Vila Santa Luzia, bairro Anápolis e conjuntos na rua Paçuaré.

Nota: A denominação, delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280, de 23 de agosto de 1985.

Um comentário:

André Barros disse...

Flávio, esta coluna sobre os bairros é magnífica. Será que você tem algo sobre os quilombos de Santa Teresa. Este quilombo do Corcovado deve ter sido destruído pela tropa do VidigaL, composta por ex-capitães-do-mato.
ANDRÉ BARROS