quinta-feira, 18 de junho de 2009

PT MINEIRO UNIDO PELA CANDIDATURA PRÓPRIA

Patrus e Pimentel rejeitam chapa em MG sem o PT na cabeça

Autor(es): César FelícioValor Econômico - 16/06/2009

Pré-candidatos a governador de Minas Gerais pelo PT, o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, e o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel adotaram o mesmo discurso ao defenderem a candidatura própria do partido em Minas Gerais. A alternativa a um nome próprio é o apoio ao candidato virtual do PMDB, o ministro das Comunicações, Hélio Costa.

"Sou um ator político, um militante, não um analista do cenário. Me dedico a fazer as coisas acontecerem. Estou empenhado em viabilizar a minha candidatura dentro do PT. A primeira etapa é garantir a unidade dentro do PT, depois dentro do campo das forças progressistas e depois dentro de um universo de uma aliança mais ampla", afirmou Patrus Ananias, ao ser indagado sobre uma aliança com PMDB, durante evento promovido pela empreiteira Odebrecht e pela siderúrgica Vallourec & Sumitomo em Jeceaba, cidade a 120 km de Belo Horizonte.

"Há os que querem uma aliança a qualquer custo. Eu digo que a discussão da aliança deve ser feita a seu devido tempo", disse Fernando Pimentel, em entrevista por telefone. Pimentel negou que haja pressão da direção nacional do partido para que o PT coloque em segundo plano as eleições para os governos estaduais, em detrimento da candidatura presidencial da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e da eleição para o Senado.

"Tudo o que existe é uma determinação para que a discussão das candidaturas estaduais seja feita após a escolha da nova direção do PT. Apenas isso", afirmou.

Em recente reunião do diretório nacional, o PT mandou suspender todos os processos de escolha interna de candidatos a governador que estavam em curso neste ano. A decisão afetou com mais força Minas Gerais e o Rio Grande do Sul, onde há disputa pela vaga.

Primeiro colocado nas pesquisas de intenção de voto, o ministro das Comunicações já fez afirmações públicas de que só deverá ser candidato a governador em um contexto de aliança ampla, mas não é categórico em dizer que a coligação será com o PT. Mantém o diálogo com o governador mineiro Aécio Neves (PSDB), de cuja candidatura presidencial duvida, e com a ala do PT defensora da candidatura de Patrus Ananias.

Isto tem feito com que Patrus avance posições dentro do próprio PT nacional. Bastante próximo a Pimentel, o ex-ministro e ex-presidente nacional do partido, José Dirceu, encontrou-se com Patrus na posse do novo presidente salvadorenho, Mauricio Funes, em San Salvador. Ficaram de ter um novo encontro em breve.

Ele percebeu que o entendimento do PT com o PMDB em Minas está muito mais próximo do que se imagina", disse o ministro. Pimentel têm procurado diminuir a distância com o PMDB, conversando com deputados estaduais do partido. Também deve encontrar-se com Dirceu, dentro de alguns dias, em Belo Horizonte ou São Paulo.

Comentário do Blog

Bem ao estilo "mineiro não briga e nem faz as pazes", os dois postulantes petistas a disputa ao governo do estado, acenam respeitar a orientação da direção nacional do partido, de não antecipar os processos de definição das candidaturas petistas nos estados, em favor das negociações nacionais em torno do apoio dos partidos da base governista à candidatura da ministra Dilma Rousseff à Presidência da República. Mas, cada um a seu estilo, vai construindo as suas pré-candidaturas dentro e fora do partido.

A insisténcia com que o presidente do partido, Ricardo Berzoini, defende a tese de subordinar a tática eleitoral nos estados à disputa presidencial, sem sequer diferenciar estados onde o partido tem chances reais de vencer as eleições, e que são estratégicos no cenário político do país, e Minas Gerais, nesta conjuntura, reúne melhor do que qualquer estado brasileiro tais características, mesmo que seja apenas para sinalizar boa vontade junto aos aliados, é inóqua e só cria confusão em estados já governados pelo PT - como ficou patente no encontro que a Fundação Perseu Abramo recentemente organizou com eles no Piauí.

Mais do que isso, açula o apetite do PMDB em impor subordinação ao PT nos estados - é público o custo político de ter o PMDB como aliado, que dirá estar a ele subordinado -, como no caso do Rio de Janeiro, e reduz a margem de negociação do partido, em situações onde será inevitável o apoio do PT a uma candidatura do PMDB ao governo do estado, já que essa é uma eleição que envolve a renovação de dois terços do senado, e candidaturas a vices nas chapas majoritárias.

Parece que Berzoini quer ser "mais realista que o rei", pois, segundo a nota de abertura da coluna de Ilmar Franco, no jornal O Globo de hoje, o próprio PMDB admite a possibilidade de dois palanques nos estados do Rio Grande do Sul, ( Tarso Genro e Germano Rigotto), Rio de Janeiro (Cabral e Garotinho) e Bahia (Jacques Vagner e Geddel Vieira Lima) para o apoio a candidatura de Dilma Rousseff à presidência.

Essa deliberação da direção nacional, e a forma como Berzoini a conduz, expõe novamente ao PT a armadilha da qual já foi vítima nas duas últimas eleições de Lula: eleger a presidente da República, e bancadas na câmara e no senado aquéns do seu potencial, poucos governadores , e ficar muito vulnerável ao apetite fisiológico de determinados aliados, como agora.


Se perder a eleição presidencial então, como reunir forças para mobilizar a sociedade pela manutenção e consolidação do que se considera avanços do governo Lula?

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