segunda-feira, 8 de junho de 2009

ESCOLHA DE DUTRA CRIA DIFICULDADES PARA A TÁTICA DA CNB PARA A DISPUTA DO PED DE 2009


CNB aclama José Eduardo Dutra como candidato à presidência do PT

A CNB deu início neste sábado ao processo de elaboração da tese e de construção das chapas para a disputa do PED 2009. No encerramento da Plenária Nacional, o ex-senador José Eduardo Dutra (na foto com Ricardo Berzini, atual presidente do PT) foi aclamado candidato da corrente para disputar a Presidência do PT.
Além de senador por Sergipe, Dutra foi presidente da Petrobras e atualmente comanda a BR Distribuidora.

As mesas que encaminharam as discussões sobre a tese e as chapas foram formadas por José Genoino, Selma Rocha, Paulo Ferreira, Ricardo Berzoini, Paulo Frateschi, Gleber Naime, José Guimarães Nobre, Marinete Merss e Wilmar Lacerda.

A busca pela unidade interna – tanto da corrente como do partido – esteve no centro dos debates e foi apontada como fundamental para a disputa de 2010, quando estará em jogo a continuidade do projeto de transformação do Brasil iniciado no governo Lula.

Comentário do Blog

Finalmente, a maior corente interna do PT, a CNB (Construindo um Novo Brasil), escolheu o seu candidato a presidência para a disputa do PED (Processo de Eleições Diretas do PT), que ocorrerá em novembro deste ano.

A escolha recaiu sobre José Eduardo Dutra, um nome que passou a ser cogitado após a negativa de Gilberto Carvalho, chefe de Gabinete do presidente Lula, em aceitar o convite para ser o candidato.

O ex-senador agora se junta a deputada federal Iriny Lopes (PT-ES), ligada a Articulação de Esquerda (AE), ao deputado federal José Eduardo Cardoso (PT-SP), da Mensagem ao partido, na disputa pela presidência nacional do PT.

Em encontro nacional realizado há duas semanas, o Movimento PT decidiu lançar uma candidatura, falta definir o nome. Segundo o noticiário as opções são a deputada federal Maria do Rsário (PT-RS), candidata da corrente no PED de 2005, e o também parlamentar Geraldo Magela (PT-DF).

Outros nomes cogitados pela CNB, como o do ministro Luiz Dulci e de Marco Aurélio Garcia, também assessor da Presidência da República, com muito mais peso político que Dutra na corrente e no partido, não foram adiante.

O primeiro, além de em nenhum momento revelar interesse de assumir essa disputa, entrou em rota de colisão com o ex-prefeito de BH, Fernando Pimentel - também ligado à CNB -, ao se opor a aliança que este fez com o governador tucano Aécio Neves, para eleger Marcio Lacerda (PSB), prefeito da capital mineira.

Como Minas Gerais é o segundo colégio eleitoral do partido (só perde para São Paulo), o nome de Dulci, apesar de nacionalmente ser um quadro muito respeitado e com trânsito em várias correntes internas do partido, poderia rachar a CNB naquele estado, algo que acarretaria em enorme prejuizo para o seu desempenho no PED.

O segundo, Marco Aurélio Garcia, que assumiu a Presidência do Partido durante o segundo turno das eleições de 2006, após Berzoni se afastar do cargo por suspeita de envolvimento na compra do dossíê contra o governador José Serra, já havia sido alvo de veto na escolha do candidato da CNB no PED de 2007.

Pelo visto, as razões daquele veto permanecem: é muito autônomo em relação a cúpula da corrente e não corrobora com certos métodos de direção por ela praticados.

Na sua interinidade na Presidência do PT, uma das suas primeiras decisões foi desmontar o chamado Núcleo de "Inteligência" da coordenação da campanha presidencial, que funcionava à margem das instâncias formais do partido e da própria coordenação, sob o comando direto de Berzoini, do qual alguns dos seus integrantes, figuras até então com bastante prestígio no PT e no governo, foram posteriormente afastadas do partido, suspeitas de participação na feitura do tal dossiê.

A escolha de Dutra, portanto, segue o mesmo perfil da opção feita por Berzoini em 2005, e reconduzido ao cargo em 2007, pelo voto dos filiados petistas, em ambas eleito em segundo turno: de um quadro político sem trajetória na cúpula do partido e de sua corrente majoritária.

Enfim, com a negativa de Carvalho a disjuntiva ficou entre a escolha de um nome que mesmo sem grande peso político unifica a CNB, um nome cuja força é a falta dela, ou um que ampliasse a influência desta para outras correntes, como a Mensagem e o Movimento PT, para tornar provável uma vitória no primeiro turno do PED e com ampla maioria partidária, mas que poderia suscitar ruídos internos.

Prevaleceu, portanto, a primeira opção, em detrimento da tática de "unidade" em torno da candidatura à Presidência Nacional do PT, que vinha sendo desencadeada com bastante desenvoltura, mas que agora, com a opção por José Eduardo Dutra, tende a perder densidade política.

Um comentário:

Anônimo disse...

Concordo em grande parte com sua análise. Mais ainda, penso que a posição da AE sobre a não realização do PED esse ano estava correta, infelizmente a maioria do DN entendeu que não.

Agora com certeza, vamos tem muitas movimentações nacionais e nos estados.

Saudações PeTistas,

Ernesto Braga