segunda-feira, 20 de abril de 2009

UM POUCO DA HISTÓRIA DOS BAIRROS DO RIO

Este blog prossegue a publicação, por ordem alfabética, do resumo da história dos 159 bairros existentes na cidade do Rio de Janeiro, segundo levantamento realizado pelo Instituto Pereira Passos, vinculado à Prefeitura do Rio e à Secretaria Municipal de Urbanismo. Desta vez são os bairros de Brás de Pina, Cachambi, Cacuia e Caju

Brás de Pina

Brás de Pina era, no século XVIII, o proprietário da região que originou o bairro. Era, também, contratante da pesca da baleia e mantinha um engenho de açúcar e aguardente. As terras da sua fazenda alcançavam a orla da Baía de Guanabara, através da estrada do Porto de Irajá, atual avenida Antenor Navarro.

Brás de Pina construiu o Cais dos Mineiros para escoamento de açúcar e de óleo de baleia, usado na iluminação pública. Em 5 de setembro de 1910, foi inaugurada a estação de Brás de Pina, da estrada de Ferro Leopoldina, que deu impulso ao bairro.

A Companhia Construtora Kosmos adquiriu as terras do antigo engenho e criou o loteamento “Vila Guanabara”, conjunto de glebas, com ruas arborizadas e casas em estilo neo-colonial. Em 1929, a Kosmos construiu a igreja de Santa Cecília.

Nota: A denominação; delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280, de 23 de agosto de 1985.


Cachambi

Caxamby, nome de origem indígena, significa feixo; laço que amarra o capim; mato trançado. Suas terras eram formadas por imensos capinzais, muito procuradas como alimentos dos animais, o que valorizava seus terrenos. Dois portugueses, Manuel da Silva Cardoso e Manuel Brandão, grandes proprietários locais comercializavam com esses capinzais. Mais tarde lotearam parte dos terrenos e o restante, venderam para a instalação de uma indústria.

Antigamente, Cachambi era muito procurado por ciganos que instalavam, em terrenos baldios, suas tendas. Em 1879, surgiu a Companhia Ferro-Carril de Cachambi, com bondes puxados a burro que fazia a primeira ligação nos subúrbios. Em 1901, foi inaugurada a Igreja de Nossa Senhora da Aparecida.

O bairro do Cachambi ganhou visibilidade com a inauguração do “Norte Shopping”, em 1986, instalado na antiga Fábrica Klabin, decorada com vitrais do inglês Brian Clarke.

Nota: A denominação, delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280, de 23 de agosto de 1985.

Cacuia

Em indígena, Cacuia significa CAÁ “morro” e CUYA “vaso de beber”, ou seja, “Morro da Cuia”. No século XIX, existiu na região a próspera fazenda São Sebastião, com atividades voltadas para a exploração de cal de mariscos e a extração de saibro. Sua proprietária, a viúva Amaral, a vendeu em 1871 à Marinha e a área tornou-se militar. Inicialmente foram instalados um depósito de munições e uma escola de aprendizes marinheiros, atualmente nela encontram-se a estação de rádio da Marinha e a base de combustíveis líquidos.

Na época do presidente Floriano Peixoto, ocorreu a Revolta da Armada (1893) e a antiga escola aí instalada foi palco de violentos conflitos envolvendo os revoltosos almirantes Custódio e Saldanha, o capitão Negreiros e o general “Florianista” Silva Teles, morto ao tentar ocupá-la. Grande parte dessa área da Marinha compreende o morro do Matoso (69 mts), recoberto por densa mata, e o manguezal cortado pelo rio Jequiá (Y-I-QUIÁ – “rio Sujo”). Por sua importância ecológica, foi transformada na Área de Proteção Ambiental e Recuperação urbana – APARU do Jequiá, por decreto municipal em 1993, incluindo os sítios arqueológicos, compostos pelo acúmulo de conchas deixadas pelas antigas tribos que habitavam o litoral. A área total dessa APARU é de 147 hectares. Dentro da Reserva, fica a colônia de pescadores Almirante Gomes Pereira, conhecida como colônia Z-10, em local cedido pela Marinha em 1920, que a regulamentou em 1938, estabelecendo condições para a permanência dos moradores. Na orla marítima, próxima ao morro do Matoso, ficam as praias do Golfinho, Brava e do Alentejo, dentro da área militar.

A área urbanizada do bairro tem como via principal a estrada da Cacuia, com registros datados desde 1930. Parte dele foi loteado pelo Jardim Carioca, depois um bairro à parte. Com o decorrer dos anos o bairro adensou, consolidando-se como área residencial, com centro funcional de expressivo comércio e serviços ao longo das estradas da Cacuia e do Galeão. Nele está instalado o único cemitério da Ilha do Governador, o Cemitério da Cacuia, inaugurado em 1904.

O bairro tem o carnaval mais animado da região e, em 1953 foi fundado, o Grêmio Recreativo Escola de Samba (G.R.E.S.) União da Ilha do Governador, com as cores azul, vermelho e branco, alcançando em 1994, o quarto lugar no grupo especial.

Nota: A denominação, delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280, de 23 de agosto de 1985.

Caju

A quinta do comerciante português José Gouveia Freire foi comprada pela Família Real, para que Dom João VI tomasse lá, seus banhos medicinais. Desta forma, a região onde está o bairro do Caju tornou-se a primeira área de banho de mar da Cidade, freqüentada por toda a Família Real, até o reinado de Dom Pedro II. Era uma bucólica praia que se estendia até a Ponta do Caju com areias límpidas e águas cristalinas e abundante fauna marinha.
Em 1839, o provedor da Santa Casa, José Clemente Pereira, instalou, no início da Praia do Caju, o primeiro cemitério da Cidade para indigentes. Após 1851, a Santa Casa inaugurou o primeiro dos nossos cemitérios públicos, no Morundu. Paulo Guerra, rico proprietário, doou terras no Caju, adquiridas por Teixeira de Azevedo que construiu, em 1880, a maior fábrica de tecidos do Brasil. Com a falência, a fábrica foi vendida ao governo federal e, no local, instalado o novo Arsenal de Guerra, inaugurado em 1892, pelo presidente Campos Sales. No Caju também foi instalado o Hospital São Sebastião, o primeiro hospital de isolamento da Cidade.
Em 1890, o Visconde Ferreira de Almeida montou sua casa para a velhice desamparada, o Abrigo São Luiz. Nos anos 40, com a abertura da Avenida Brasil, que cortou o Bairro de São Cristóvão, surgiu o atual Bairro do Caju, que sofreu sucessivos aterros para a ampliação do Cais do Porto e implantações de indústrias e grandes estaleiros que desfiguraram o perfil original da região.
O uso do solo caracterizado pelos extensos cemitérios, atividades portuárias, depósitos de contâiners, estaleiros navais, hospitais e áreas militares, além de sofrer com a crescente favelização, que contribui para a degradação do histórico bairro. Por ele, passa o elevado da Ponte Presidente Costa e Silva ou Ponte Rio-Niterói.
Nota: A denominação; delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280, de 23 de agosto de 1985.

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