quinta-feira, 16 de abril de 2009

O QUE A MÍDIA DESTACA E NÃO DESTACA

Cresce o número de empregos com carteira assinada

Deu na Folha On Line, mas sem destaque nas primeiras páginas dos principais jornais do país, que a economia brasileira registrou a criação de 34.818 vagas com carteira assinada em março, no segundo mês de resultados positivos – em fevereiro, primeira alta após três meses de retração, foram criadas 9.179 vagas. Os dados são Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) e foram divulgados nesta quarta-feira pelo Ministério do Trabalho.

Deu no jornal O Globo de hoje, esta sim com direito a chamada de primeira página, que o ex-presidente do Banco Central, no segundo mandato do governo Fernando Henrique, Armínio Fraga, que tem no seu currículo ter trabalhado com o mega especulador George Soros, e diretor da Gávea Investimentos, que “há cheiro de populismo no ar”, numa alusão a decisão do governo de reduzir de 3,8% para 2,5% o superávit primário, que é a economia feita para pagar os juros da dívida pública, que corresponde ao endividamento da união, estados, municipios e empresas públicas.

No contexto da crise financeira e econômica internacional a primeira notícia indica que o país está reagindo, muito embora esteja longe de afastá-la do seu território, já que além de uma crise de longa duração, nesse mundo de integração econômica que tem o dólar como lastro, a sua superação depende fundamentalmente da forma como reage a economia norte-americana, principalmente em relação às bombas de efeito retardado que a qualquer momento podem ser detonadas.

A segunda notícia, na esteira da decisão há muito esperada de redução do superávit primário, diretamente relacionada às recentes, mas ainda insuficientes, reduções das taxa de juros e, como conseqüência, da remuneração dos títulos da dívida pública, está longe de ser produto de uma análise técnica da repercussão de tal decisão, como gosta de preconizar o conservadorismo econômico,e sim a revelação de que setores do mercado estão “nervosos”, diante da perspectiva de redução dos altíssimos lucros que obtinham, graças a política monetária de juros estratosféricos praticada pelo Banco Central.

Quando se trata então de Fraga, que dirige um desses fundos de investimentos que não só detém quantidade expressiva de títulos da dívida pública, mas também lucra adquirindo o controle de empresas em dificuldades e depreciadas em função da crise, tanto a declaração quanto o destaque com que foi acolhida pela mídia são auto-explicativas

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