quinta-feira, 23 de abril de 2009

O QUE NÃO É DITO SOBRE A MUDANÇA NA POLÍCIA

Grupo do ex-chefe da Polícia Civil perde espaço

O notíciário sobre a mudança da cúpula da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, com a saída da chefia da instituição do delegado Gilberto Ribeiro e a sua substituição pelo jovem delegado Allan Turnowski, tratou o episódio como uma mera mudança de estilo de gestão, em função da suposta resistência do primeiro em conferir mais tranaparência e em dividir com os demais órgãos que cuidam da segurança do estado, através de um portal a ser criado, os dados levantados pelo setor de inteligência da Polícia Civil.

Essa até pode ser uma das razões que levaram o Secretário Estadual de Segurança, José Mariano Beltrane, a proceder a mudança, mas pela extensão dela fica claro que após passada mais da metade do mandato do governador Sérgio Cabral Filho, só agora Beltrane logrou retirar os últimos vestígios de influência do ex-delegado e ex-chefe da Polícia Civil, Álvaro Lins, durante as gestões Anthony e Rosinha Garotinho, da cúpula da Polícia Civil.

É comum em qualquer setor da administração pública, em particular em áreas sensíveis e complexas com a de segurança pública, quem assume montar a sua equipe com profissionais da sua confiança pessoal, mas Beltrane, delegado da Polícia Federal, logo, um elemento estrannho às duas corporações que veio a chefiar (as polícias militar e civil), ao assumir mexeu pouco na estrutura de comando da corporação. Prova disso é que nomeou para a chefia da Polícia Civil o delegado Gilberto Ribeiro, que participou ativamente da cúpula da corporação na época de Lins e manteve em alguns postos-chave delegados por ele nomeados.

Talvez outro motivo da mudança tardia, se deve ao fato de Álvaro Lins, eleito deputado estadual pelo PMDB, mesmo partido governador Sérgio Cabral, com uma das maiores votações daquele pleito para a Assembléia Legislativa, deter muita influência e prestígio junto a cúpula do seu partido e junto aos ex-governadores Rosinha e Anthony Garotinho, com os quais não interessava a Cabral comprar uma briga. Com o avanço das investigações sobre a atuação de Lins, a cassação do seu mandato e a sua exoneração da Polícia Civil, tais empecilhos foram superados.

Isso não significa que esses policiais agora substituídos estivessem envolvidos nos crimes que Lins e seu substituto direto, o delegado Ricardo Halak, ambos presos, são acusados. Pelo contrário, quem estava envolvido foi preso ou está foragido, e nenhum desses indicados na gestão de Lins está indiciado ou sujeito a investigações da justiça ou do ministério público estadual. Certamente foram nomeados por competência e/ou afinidade profissional, por isso algumas injustiças serão cometidas em tais mudanças, mas o fato é que elas acontecem e pelo perfil operacional e a idade de Turnovski, 36 anos, há um sentido também de renovação na cúpula da polícia e, como já anunciado, de combate mais efetivo a corrupção na corporação.

Não é por acaso que se cogita a nomeação do delegado Alexandre Neto, um dos principais algozes de Lins, para a corregedoria da polícia. E não será surpresa se outros delegados como Neto, integrantes do grupo de outro desafeto de Lins, o ex-chefe da Polícia Civil no governo Marcello Alencar (PSDB), hoje delegado aposentado, Hélio Luz, cuja gestão foi marcada por um profundo combate a corrupção policial, sejam repatriados e voltem a ocupar cargos de chefia na instituição.

Caso isso se confirme, a polícia muda para melhor. O problema para que isso ocorra é que os policiais ligados à Luz aprenderam com o ex-chefe, que não é com uma política de segurança genocida, com a qual o novo Chefe da Polícia Civl parece bastante afinado, que se reduz os índices de criminalidade no Estado do Rio.

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