quinta-feira, 26 de março de 2009

PROJEÇÕES DO IPEA PARA 2009

A "Carta Conjuntura" produzida pelo Grupo de Análise e Previsões da Diretoria de Estudos Macroeconômicos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - Ipea, no dia 25 de março, descarta a recessão e prevê crescimento acumulado em 2.0%.

Projeções

PIB - PRODUTO INTERNO BRUTO
As projeções apresentadas a seguir estão condicionadas à hipótese de que o pior da crise financeira internacional já foi superado. Neste sentido, acreditamos que a economia mundial, ainda que de forma lenta, apresentará uma melhora gradual no decorrer dos próximos anos, em resposta às medidas de política econômica adotadas por diversos governos. Dentro deste contexto, estamos prevendo que o PIB sofrerá desaceleração em 2009, chegando ao fim do ano com um crescimento acumulado em torno de 2,0%, com intervalo de 0,5 p.p. para cima ou para baixo. Este resultado é reflexo de uma trajetória de recuperação ao longo do ano, onde o PIB cresceria a taxas mais expressivas a partir do segundo semestre (ver gráfico 1). Para o PIB crescer em termos reais 2%, espera-se as seguintes taxas de crescimento trimestrais ao longo de 2009: 0,2%, 1,6%, 2,5% e 3,1%.

GRÁFICO 1
Produto Interno Bruto (Taxa de crescimento real ante trimestre anterior, dessazonalisada, em %)


Fonte: IBGE. Elaboração: Ipea/Dimac/GAP.Fonte: IBGE. Elaboração: Ipea/Dimac/GAP

Nossas projeções estão baseadas nas seguintes considerações: (i)-aumento dos investimentos referentes às obras do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento); (ii)-lançamento do Programa Habitacional do governo; (iii)-aumento da renda disponível devido à criação de duas novas alíquotas do IRPF; (iv)-efeitos defasados da política monetária de redução da taxa de juros básica da economia, com ampliação do crédito e redução de suas taxas “na ponta”; (v)-aumento real significativo do salário mínimo que começou a ser pago no início do mês de março e que amplia o valor dos benefícios previdenciários; cerca de 2/3 dos benefícios pagos têm o valor de um salário mínimo - houve recomposição do valor dos benefícios da Previdência, de acordo com a inflação passada; (vi)-mais 1,3 milhão de famílias beneficiadas no programa Bolsa-Família; (vii)-ampliação de créditos direcionados, especialmente concedidos pelas instituições financeiras públicas; (viii)-o consumo da administração pública deverá manter um bom desempenho.

TRANSAÇÕES CORRENTES
Esperamos que o saldo em transações correntes se situe no intervalo negativo de 25 a 18 bilhões de dólares. As previsões para os resultados do setor externo estão intimamente associadas aos efeitos da crise mundial. A retração dos níveis de comércio, juntamente com a redução dos preços internacionais, especialmente das commodities, terão como consequência direta a redução dos níveis de exportações e importações. Espera-se que a remessa de lucros e dividendos seja mais modesta que aquela que ocorreu em 2008, devido à desaceleração do ritmo de crescimento econômico.

INFLAÇÃO
A taxa de inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deverá se situar no intervalo 3,7% a 4,7%, podendo ficar ligeiramente abaixo da meta de 4,5%, definida pelo Conselho Monetário Nacional. Não somente pelo desaquecimento da atividade econômica, como também pelas previsões de bons resultados em relação às safras agrícolas, acreditamos que a inflação não será um problema em 2009. Um fator que poderia pressionar os preços está associado à depreciação ocorrida na taxa de câmbio, a partir de outubro de 2008. Este efeito, contudo, deverá ser amortecido pela queda dos preços internacionais. Além disso, em momentos de baixa demanda, o pass-trough (repasse) torna-se menor.
Para saber mais: http://www.ipea.gov.br/

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