sexta-feira, 13 de março de 2009

COMENTÁRIO SOBRE A RESPOSTA DE GAROTINHO

Nem tudo é verdade, e nem mentira, vamos aos fatos

O curioso é que todas as vezes que faz comentário a respeito do PT, após a conturbada participação desse último na sua gestão no governo do Estado do Rio, iniciada em 1999, com Benedita da Silva ocupando a vice-governança, o ex-governador Garotinho omite o fato da sua primeira filiação partidária ser o PT.

Vale lembrar também que o apoio do PT a sua candidatura ao governo do Estado pelo PDT, em 1998, só foi possível graças à intervenção da direção nacional do partido, que cancelou a deliberação do encontro estadual do PT do Estado do Rio de Janeiro, onde a maioria dos delegados deliberou pelo lançamento da candidatura de Vladimir Palmeira ao governo do Estado.

O PT foi para o governo dividido, parte dentro e parte fora. Quem ficou de fora, em sua maioria apoiadores de Vladimir Palmeira naquele encontro estadual, operou para que o PT rompesse com o governo, e foi logo ganhando adesões de setores que estavam dentro, devido ao tratamento que o partido recebia do governador, ora por estar apartado das principais decisões de governo, ora pela redução cada vez maior de espaço político de gestão das secretarias petistas.. O auge desta crise foi quando o então governador se referiu ao partido com a mesma expressão que terminou a presente resposta a Alberto Cantalice: “partido da boquinha”.

Portanto, era natural que em 1998 o ex-governador (ainda no PDT) apoiasse a candidatura de Lula, com Brizola de vice, no estado, como contrapartida da pressão que o atual presidente da República exerceu para que a direção nacional do seu partido, anulasse a deliberação de candidatura própria ao governo do estado, e participasse da coalizão de apoio a sua candidatura . E o apoio do PT foi decisivo para a sua eleição ao governo do estado, embora jamais ele reconhecesse isso. Em 2000, "cristianizou"a candidatura de Benedita da Silva, sua vice, à Prefeitura do Rio, que sequer alcançou o segundo turno.

Em, 2002, o ex-governado (nessa época no PSB) não tinha alternativa política que não fosse apoiar a candidatura de Lula ao segundo turno à Presidência da República. Primeiro por que o seu partido, o PSB, não titubeou em apoiar à candidatura do petista, segundo porque a tendência do eleitorado fluminense que havia dado a segunda maior votação no estado à Lula, no primeiro turno ( maior foi a de Garotinho, é verdade, e Serra ficara em terceiro) era sufragar o candidato petista no segundo.

O mesmo ocorrera no segundo turno em 1989 (Brizola foi o mais votado no primeiro) e, em 1994, Lula já fora o mais votado no Estado do Rio no primeiro turno, mesmo com Brizola concorrendo à Presidência da República. O Estado do Rio em termos eleitorais é tradicionalmente generoso com o Lula, o mesmo não ocorre com São Paulo, onde presidente da República tem seu domicílio eleitoral e iniciou a sua trajetória política.

Quanto ao restante da resposta do senhor Garotinho, o que posso dizer é que desde que se elegeu governador, em 1998, e assumiu de vez uma embocadura messiânica e fundamentalista-religiosa, buscou atropelar adversários e submeter aliados até torná-los adversários, como fez com a parte do PT que o apoiou e participou do seu governo. Tanto é que antes de renunciar em favor de Benedita para concorrer à Presidência da República, enviou para Alerj vários projetos de aumento salarial para os servidores públicos, algo que negara ao longo da sua gestão, e tomou medidas orçamentárias no intuito de comprometer os nove meses de gestão de Benedita, que sabendo disso chegou a hesitar em assumir o governo. Assumiu e se “queimou”, pois não conseguiu pagar o décimo terceiro salário do funcionalismo público.

As motivações que o levaram a virar adversário do PT e de Lula, a meu juízo, nada tem haver com eventuais altercações com o governo federal, em 2003, ou com a dura política fiscal do ministro Palocci. Isso foi mero pretexto. O fato é que ambos (PT e Lula) ocupavam o mesmo espaço político que ele (Garotinho), e a liderança do recém eleito presidente da República, se tornou um entrave às suas pretensões presidenciais, que buscou sem sucesso realizar em 2006 sob a sigla do PMDB. Dessa vez, no segundo turno, tucanou e apoiou Geraldo Alkimin.

Sobre o tratamento do seu governo, de Rosinha (no qual Garotinho possuía enorme influência, algo que ele omite em sua resposta) e de Cabral às prefeituras petistas, tanto Garotinho e Cantalice estão errados em suas avaliações. O PMDB de Cabral, Rosinha e Garotinho, não dá trégua a adversários e trata aliados, como agora, não como parceiros, mas como meros instrumentos a serviço do seu projeto de poder. Haja vista o comportamento de Cabral nas recentes eleições municipais e com a bancada estadual do PT. Não obstante ter tratamento privilegiado do governo Lula.

Os três últimos parágrafos, além das platitudes e aleivosias próprias do perfil do ex-governador, há a revelação que ele fora convidado por Lula a assumir um ministério e não aceitou. O quê Garotinho parcialmente atribui a suposta perseguição de Lula e Dirceu por ele sofrida. Como eu não tenho conhecimento desse episódio e da sua veracidade, eu repito o bordão do personagem de um programa homorístico de TV, aliás o humor é bem apropriado a essa contenda entre Garotinho e Cantalice: prefiro não comentar!

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