terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

O PMDB E A ELEIÇÃO NO CONGRESSO NACIONAL

José Sarney (PMDB-AP) se elege a Presidência do Senado e Michel Temer (PMDB-SP) a da Câmara Federal. Até aí nenhuma novidade, pois ambas as candidaturas eram franco favoritas para presidir essas duas casas legislativas. No primeiro caso, em função da maioria que o PMDB ostenta e do peso político do ex-presidente da República, e, no segundo caso, resultado de um acordo costurado há dois anos entre esse partido e o PT, e o apoio do governo federal.

É claro que a repercussão desse resultado aumenta o cacife do PMDB (ou dos vários PMDBs), que terá papel decisivo nos rumos que o país irá tomar nos próximos dois anos, já que ditará a agenda legislativa nacional. Mas se esquecem alguns apressados analistas, que a volúpia com que esse partido disputou aquelas duas presidências, reflete menos uma disputa com os candidatos que derrotaram e mais a divisão interna existente no interior das suas fileiras.

É amplamente conhecida nos meios políticos, que esses dois PMDBs vitoriosos travam uma encarniçada disputa interna pelo controle do partido. Um torcia e chegou a trabalhar pela derrota do outro. Segundo o ex-presidente do Senado, Garibaldi Alves, declarou à edição do O Globo de hoje que"fica clara a divisão do PMDB da Câmara e do Senado. É verdade que o PMDB nunca esteve unido, mas está mais dividido que nunca".

Parece irônico, mas é um dado da realidade política, a força do PMDB não reside na sua unidade, mas sim na sua divisão. No caso da Câmara, é verdade, a situação é mais complicada em função da postura ambígua que assume o deputado Michel Temer em relação ao governo Lula e sua antiga rixa com o PT, de quem é adversário na cena política paulista.

Há ainda a agravante que a seção paulista daquele partido, guiada pelas mãos do ex-governador Orestes Quércia, ruma célere em direção a candidatura do governador José Serra à Presidência da República, seja qual for a decisão nacional do seu partido. Num quadro com esse, o que vale é saber para onde vai o seu valioso tempo de programa eleitoral de rádio e tv.

Michel Temer é um político pragmático que se reelegeu para a Câmara Federal com dificuldade , e não estará lá para representar as suas convicções políticas, mas como expressão do conjunto de forças e interesses que o elegeu, em particular que pululam no interior do seu próprio partido, o PMDB, que é governista até a medula e não sobrevive apartado das entranhas da máquina pública. A questão é saber o custo dessa fatura. O mesmo se aplica à Sarney, malgrado seja amigo da casa.

Para além das platitudes tratadas nesse artigo, no contexto da disputa que se trava no governo e no país sobre as medidas de combate à crise econômica, guarda relevância a conclusão do papo que tive neste fim de semana com um amigo petista, oriundo do velho partidão: "o bom do PMDB é que ele gosta do Estado, mesmo quando faz mau uso dele. Já o liberalismo tucano o despreza, muito embora não viva sem ele".

Um comentário:

Anônimo disse...

Como sempre, um bom texto neste blog que tem sido uma ferramenta e tanto para a ´boa política. Abração Flávio