quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

A DESORDEM URBANA NO RIO

Prendam os suspeitos de sempre?"

Hoje, este blog vai promover uma breve pausa na abordagem à desordem internacional, da qual são destaques a crise econômica e a ofensiva de Israel sobre a faixa de Gaza, e vai tratar do que se convencionou chamar de "desordem urbana que tomou conta da cidade do Rio de Janeiro", que se afigura o mais visível legado do último mandato do ex-prefeito César Maia, há pouco encerrado e, quem sabe, politicamente sepultado junto com a faraônica"Cidade da Música".

A volúpia da especulação imobiliária distorcendo a face da cidade, as construções irregulares, o déficit habitacional e a omissão do poder público municipal que geram expansão desordenada de moradias nas comunidades faveladas em áreas de risco e de preservação ambiental, a péssima iluminação nas ruas esburacadas, praças e parques entregues a própria sorte, falta de assistência à população de rua, transportes alternativos irregulares e os "regulares" sem controle público, com os proprietários das empresas de ônibus ditando aumentos de tarifas e percursos, num claro desrespeito aos cidadãos-usuários, aumento da criminalidade e crescimento da influência das chamadas milícias, o caos da saúde e a iminência de um novo surto da dengue, etc, etc; desenham um quadro de transtornos, com os quais o carioca se acostumou a conviver no seu cotidiano, e que o novo governo, liderado pelo prefeito Eduardo Paes, vai enfrentar e, em muitos desses casos, em ações conjuntas com os poderes públicos estadual e federal terá que produzir respostas à população, principalmente naqueles que dependem, sobretudo, de uma enérgica ação do poder municipal.

É sempre bom ter o cuidado necessário ao tratar de conceitos como ordem, que "podem suscitar ações enérgicas"do poder público. Esse conceito em geral é identificado com o discurso das elites políticas e sociais e já foi utilizado num passado nem tão distante assim, para justificar a supressão de liberdades coletivas e individuais, da democracia e da livre manifestação da cidadania, e, segundo a expressão em epígrafe nesse artgo, punir ou prender “os suspeitos de sempre”, como ordenava aos seus comandados o corrupto capitão Renault (interpretado com brilho pelo ator inglês Claude Rains), no insuperável filme Casablanca, lançado em 1942, dirigido por Michael Curtis, e estrelado Humphrey Bogart e Ingrid Bergman (Mais linda do que nunca!!!).

Sem o instrumental necessário para fazer uma análise das "impactantes" ações contra a desordem adotadas pela prefeitura municipal, sob a regência do Secretário de Ordem (???) Urbana, Rodrigo Bethlem, que têm ganho destaque e atraído a simpatia das mais influentes mídias cariocas, já que elas estão ainda no nascedouro, fica apenas o alerta para que elas não se restrinjam a ações cosméticas e midiáticas, que vão ao encontro dos devaneios discriminatórios de um determinado setor social da cidade, que nas urnas votou majoritariamente no candidato derrotado no segundo turno pelo prefeito Eduardo Paes, numa eleição que dividiu ao meio o eleitorado da cidade do Rio de Janeiro. Enfim, que não sejam punidos ou presos “os suspeitos” de sempre!

Nenhum comentário: