terça-feira, 11 de novembro de 2008

PAES UNE PETISTAS E TUCANOS NA PREFEITURA

O prefeito eleito Eduardo Paes (PMDB) logrou uma proeza que quase custou ao governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), e ao prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT) a derrota nas eleições da capital mineira, ao ousarem trabalhar pelo mesmo objetivo alcançado pelo futuro prefeito: juntar tucanos e petistas no mesmo barco, no caso em análise, a prefeitura da cidade do Rio de Janeiro, conquistada na recente eleição municipal pelo candidato do PMDB, cuja trajetória política foi construída a sombra da ascensão do prefeito César Maia e consolidada pela virulenta oposição tucana que comandou na Câmara Federal ao governo Lula. Mais do que isso, numa disputa eleitoral de segundo turno decidida por pouco mais de 50 mil votos, onde o já escasso eleitorado petista se dividiu entre seguir a orientação do partido e votar em Paes, votar no candidato derrotado, Fernando Gabeira, ou em anular o voto

O anúncio feito pelo líder do PT na Câmara Municipal, vereador Adilson Pires, da indicação dos petistas Jorge Bittar (na foto), deputado federal, para a Secretaria Municipal de Habitação, e do psicólogo Marcelo Costa, sugerido pelo deputado estadual Gilberto Palmares, para a de Desenvolvimento Econômico, formaliza o ingresso do PT na futura gestão da prefeitura do Rio, que tomará posse no dia 1º de janeiro, composta também por tucanos como Cláudia Costin, futura Secretaria de Educação, e Paulo Jobim, indicado para a de Administração, que foram ministros do governo de ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, e pelo deputado estadual Pedro Paulo , o primeiro secretário anunciado por Paes, que vai ocupar a Casa Civil.

É prematuro e complexo definir o perfil da futura gestão de Eduardo Paes, que pelos anúncios feitos até agora revela apreço as suas raízes tucanas e pefelistas, já que além dos citados, convidou para compor o seu secretariado Rodrigo Bethlem (Ordem Pública) e Ruy Cesar (Copa do Mundo e jogos de 2016) e cuidado em contemplar os aliados de primeiro e segundo turnos da eleição, como Jandira Feghali (Cultura), o vice-prefeito eleito e dirigente estadual do PMDB, Carlos Alberto Muniz (Meio Ambiente), Fernando Willian (Assistência Social), além é claro dos nomes petistas agora revelados.

Outros nomes indicados para compor o secretariado são pouco conhecidos do público carioca, mas deve se destacar o convite para Hans Dohman ocupar a Secretaria Municipal de Saúde. O serviço mais precário oferecido pela prefeitura do Rio, que se tornou o legado mais negativo dos 16 anos de gestão César Maia, que já fora gerido por um banqueiro, o ex-deputado tucano Ronaldo Cezar Coelho, será agora por um empresário da área de saúde, proprietário da Clínica Pró-Cardiaco. Oxalá, ele surpreenda a parcela majoritária da população carioca que depende desse serviço.

Oxalá, o PT consiga com esse espaço que lhe foi oferecido e aceito, com debate reduzido a algumas representações partidárias - sequer o DM-Rio foi convocado para se posicionar sobre o assunto - e sem qualquer ressalva ou formulação programática, inclusive em relação a uma secretaria que ainda está para ser criada e que mal se conhece a estrutura disponível, resgatar alguma interface com parcela do eleitorado que vem perdendo a cada eleição, o prestígio que há anos vem se deteriorando e se construir como alternativa de gestão para a cidade do Rio de Janeiro, e, assim, superar a condição de coadjuvante no cenário político carioca e fluminense. A experiência na gestão estadual tem acumulado pouco para isso, vamos ver se agora as coisas mudam de qualidade. Eu acho que não!

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