sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Lindberg Farias e 2010

O prefeito de Nova Iguaçu , Lindberg Farias, reeleito no primeiro turno com
263.292 (65,35%)mil votos válidos, derrotando o ex-prefeito e deputado federal do PMDB, Nelson Bornier, 133.805 (32,21%) mil votos, numa cidade que possui um pouco mais que meio milhão de habitantes (525. 146 mil) em condições de voto, o que representa o quarto eleitorado do estado, só superada por Duque de Caxias (571.060), São Gonçalo (635.093 mil) e Rio de Janeiro (4.579.365 milhões), se consagra nessa eleição como a principal liderança popular do PT no Estado do Rio e se qualifica para vôos maiores.
Esse feito de Lindberg Farias só pode ser mensurado por quem acompanha a política da baixada fluminense, e conhece o prestígio local do deputado federal, Nélson Bornier, até a eleição tido por muitos como imbatível em Nova Iguaçu, que além de ter sido eleito, em 2006, com uma das maiores votações do estado, 132.933 mil votos, elegeu também para a câmara federal o seu filho, Felipe Bornier, através do inexpressivo PHS, com 30.782 mil votos. O governador Sérgio Cabral, que foi derrotado nos principais colégios eleitorais do estado, escolheu a vitória no pleito de Nova Iguaçu, como uma das suas prioridades eleitorais, não medindo esforços para ajudar à Bornier, sai enfraquecido e pode ficar mais ainda, caso Eduardo Paes perca a disputa no Rio.
Portanto, o cenário é propício para que Lindberg sonhe com vôos mais altos e ousados, algo que se encaixa com perfeição no perfil desse paraibano que ascendeu na política como presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) e líder dos jovens “caras pintadas”, um movimento que contribuiu para o impeachment do presidente Fernando Collor, se elegeu em seguida deputado federal pelo PCdoB em coligação com o PT, rompeu com esse partido e de forma surpreendente migrou para o ultra-esquerdista PSTU, por esse partido disputou e perdeu a reeleição, se filiou ao PT, se elegeu novamente deputado federal, e no meio do mandato, mudou o seu domicílio eleitoral do Rio para Nova Iguaçu, e, contra todos os prognósticos,se elegeu prefeito desse município da baixada fluminense.
A sua controvertida figura, suas escolhas e alianças bastante heterodoxas para a cultura petista e o seu estilo de gestão bastante personalista e intuitivo, podem acarretar alguma resistência interna para a indicação do seu nome para disputar o governo do estado, mas nada que o seu carisma e o seu talento inato para conquistar votos não consigam superar, diante do vazio de lideranças de tamanho potencial no PT e na política estadual.
Em recente encontro que tive com o Lindberg Farias nos corredores da Alerj, quando ele se dirigia ao gabinete da sua vice, a deputada estadual Sheila Gama (PDT), disparei a óbvia pergunta: “E aí Lindberg, e 2010?” Seus olhos brilharam e ele abriu um largo sorriso, aquele que faz o público feminino tremer nas estruturas e o masculino morrer de inveja, e, no seu melhor estilo, me respondeu com a seguinte indagação: “O que você acha, véio?” Ao lado estava um assessor da Sheila Gama, eu virei para o sujeito e falei: “É, parece que a deputada vai virar prefeita mais cedo do que esperava!”
Lindberg e eu sabemos que a eleição de 2010 será decisiva para o PT e para a continuidade do processo político, iniciado pela eleição de Lula, em 2002, numa situação em que o PT pela primeira vez não terá a sua liderança maior para representá-lo na disputa presidencial, e o nome cogitado para representar o partido nessa disputa, o da ministra Dilma Roussef, tem pouco lastro político e nenhuma bagagem eleitoral.
Lindberg sabe, muito melhor do que eu, já que é doutor em eleição, que a definição do cenário eleitoral do Estado do Rio passa por variáveis que ele não controla, mas que podem pender a favor do partido lançar candidatura própria. Com o seu desempenho o PT passa a ter uma alternativa eleitoralmente viável e maior poder de negociação, e ele vai operar para interferir, como é desejo e direito de qualquer petista fazê-lo, sem que essa interferência se choque ou crie obstáculos para os acertos que forem necessários serem realizados para a manutenção do processo iniciado com a eleição do Lula em 2002. Pelos menos é o que eu captei na breve conversa que tive com ele.

Um comentário:

Anônimo disse...

Parabéns Flávio pelo seu blog

e para o fim de semana temos também - cervejas na Serra com a campanha do Paulo Mustrangi

Sergio Rosa