segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

UM POUCO DA HISTÓRIA DOS BAIRROS DO RIO

Este blog prossegue com as postagens sobre um resumo, por ordem alfabética, da história dos 159 bairros existentes na cidade do Rio de Janeiro, segundo levantamento realizado pelo Instituto Pereira Passos, vinculado a Secretaria Municipal de Urbanismo da Prefeitura do Rio - com a ajuda decisiva da amiga Denise Moura, que nos indicou a fonte para tais informações.

Esta publicação fora iniciada em 9 de março de 2009, com o resumo das histórias dos bairros da Abolição e Acari. Após uma longa interrupção, retomamos a publicação e abordamos os bairros Vargem Grande, Vargem Pequena e Vasco da Gama,

Quem não teve a oportunidade de conhecer as postagens anteriores, após o término destas que ainda faltam, que se concluirão com o bairro do Zumbi (na Ilha do Governador) , tornaremos a publicar o resumo das histórias dos 159 bairros do Rio de janeiro desde o início, todas as segundas-feiras.

Boa leitura!

Vargem Grande


As terras do bairro pertenciam à sesmaria de Gonçalo Correia de Sá, cuja filha dona Vitória, em ocasião de seu falecimento, doaria a extensa propriedade aos Monges Beneditinos. Ali, Frei Lourenço da Expectação Valadares criou, no século XVIII, a fazenda Vargem Grande, na antiga Estrada de Guaratiba, cujas ruínas ainda existem no “Sítio Petra”, número 10636, atual Estrada dos Bandeirantes.

Inicialmente, prevaleceu na região a cultura da cana de açúcar e, depois, o ciclo do café. Em 1891, os Beneditinos venderam todo seu latifúndio à Companhia Engenho Central de Jacarepaguá, daí ao Banco de Crédito Móvel, e, em 1936, à Empresa Saneadora Territorial Agrícola.

A pavimentação da estrada de Guaratiba (Bandeirantes), somada à ampliação do caminho sinuoso da Grota Funda facilitou o acesso à região. Obras de saneamento foram realizadas nos extensos alagadiços dos campos de Sernambetiba, destacando-se a abertura do Canal de Sernambetiba, que captou as águas dos rios Paineiras, Morto, Portão, Cascalho, Bonito etc.

A partir da década de 1990, a paisagem agrícola de Vargem Grande foi alterada por um surto de urbanização. A partir do núcleo urbano inicial surgiram novos loteamentos e condomínios e comunidades de baixa renda como a Vila Cascatinha, somando-se às comunidades do rio Morto e da Beira do Canal.

A imagem de um bairro rural, ligado à natureza, com a esplêndida paisagem florestal do Maciço da Pedra Branca ao fundo, terminou por transformar a região em um pólo de ecoturismo, onde passeios a cavalo, aluguel de sítios, criação de plantas ornamentais e trilhas rústicas somam-se a outros dois fatores de atração: o “Pólo Gastronômico” - com restaurantes rústicos, variados, destacando-se o Gepetto, Quinta, Jardineto, Skunna, Barreado, Gugut etc - e o “Rio Water Planet”, inaugurado em 1998, o maior parque aquático da América do Sul, com mais de 30 atrações diferentes em 400.000 m2 de área.

Grande parte do bairro de Vargem Grande é abrangido pelo Parque Estadual da Pedra Branca que, com seus 12.500 hectares, é considerado a maior floresta urbana do mundo. Destaca-se o Morro de Santa Bárbara (857 metros), o Pico da Pedra Branca (1025 metros) - ponto culminante do Município - a Serra do Rio da Prata (divisa com Campo Grande), os Morros do Cabungui, dos Caboclos, Toca Grande, Toca Pequena, Pico do Morgado, etc, com altitudes entre 500 e 1000 metros. Seu acesso de dá pelas estradas do Morgado, Pacuí, Cabongui, da Mucuíba e do Sacarrão, de onde partem trilhas em direção aos vales do Sacarrão, Cafundá e do Gunzá, com rios encachoeirados, em meio a Mata Atlântica e alguns bananais. Daí são feitas travessias em direção aos bairros de Guaratiba e Campo Grande, pelos antigos caminhos usados pelos sitiantes e tropeiros, com suas mulas e produtos agrícolas.

Destacam-se, ainda, em Vargem Grande, o Haras Pégasus, o templo da Sociedade Budista Tibetana “Karma Teksum Chokorling” e o complexo “Recnov”, da Rede Record, para gravações de tele-novelas, em 73.000 m2 de área.

Nota: A denominação; delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280 de 23 de agosto de 1985.

Vargem Pequena

Localizada na extensa baixada de Jacarepaguá, Vargem Pequena compreende as planícies alagadiças dos campos de Sernambetiba, cortadas pelos canais do Portelo e do Cortado. O bairro estende-se até o Maciço da Pedra Branca, no trecho denominado Serra Alto do Peri e Sacarrão, e abrange a Pedra de Ubaeté, ou Calembá, cuja encosta norte é ocupada pela pedreira “Ibrata”, cuja autorização de funcionamento data de 1o de março de 1973, em área com mais de 50 hectares.

A região era parte da enorme sesmaria de Gonçalo Correia de Sá, proprietário do Engenho do Camorim, dado a sua filha D. Vitória de Sá, em 1625, e, como dote, a seu marido Dom Luiz de Céspedes (governador geral do Paraguai), em 1628. Com a morte de D. Vitória, em 1667, a propriedade seria deixada para os Monges Beneditinos, que dividiram o Engenho do Camorim, criando a fazenda de Vargem Pequena. Lá, em 1766, o padre Frei Gaspar de Madre de Deus construiu a igreja de N. Sra. do Pilar, atual N. Sra de Monte Serrat, tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico, no alto de elevação com bela vista da planície vizinha.

Em 1678, Frei Bernardo de São Bento, monge-arquiteto do Mosteiro de São Bento, traçou a primeira estrada de acesso da região, a “Estrada Velha do Engenho”, que interligava as propriedades dos Beneditinos. Essa estrada teria os nomes de Pavuna, Curicica e de Guaratiba e hoje corresponde à estrada dos Bandeirantes. Em 1710, o Corsário Francês Duclerc passaria pela estrada aberta pelos Beneditinos com seus soldados para atacar a cidade do Rio de Janeiro.

Durante dois séculos, os Beneditinos exploraram a região com a criação de gado, cultivo da mandioca e preparo da farinha, coadjuvantes do cultivo da cana-de-açúcar, que gerava um pólo de cultura açucareira. Com o surgimento do ciclo do café, sítios e chácaras passaram a cultivá-lo intensamente. Em Vargem Pequena se concentrava uma pequena população, composta de sitiantes dos Beneditinos, cuja produção se comprometia com a Ordem, sediada no Centro da Cidade.

Em 1891, todas essas terras da ordem dos Beneditinos foram vendidas à Companhia Engenho Central de Jacarepaguá, sendo repassadas ao Banco de Crédito Móvel. Os lavradores, não reconhecendo o direito do Banco, fundaram a Caixa Auxiliadora dos Lavradores de Jacarepaguá e Guaratiba.

Na década de 1930, ocorreu um aumento da venda de terrenos, e, após 1936, a Empresa Saneadora Territorial Agrícola, de Francis Walter Hime, passou a fazer o saneamento, loteamento, venda e administração da localidade.

De características rurais, com planícies, montanhas, sítios e casas de veraneio, Vargem vem ganhando feições urbanas com o surgimento de grandes loteamentos e condomínios ao sul da estrada dos Bandeirantes, que ocupam as áreas alagadiças em direção ao canal do Portelo. Completam o quadro as comunidades de baixa renda como Palmares e Monte Serrat, um pequeno Shopping Center construído na estrada dos Bandeirantes e empreendimentos ao longo da estrada Boca do Mato, acesso interno da região. Nessa via, a Universidade Estácio de Sá implantou seu curso de medicina veterinária, criado, em 1996, no campus Vargem Pequena.

O bairro possui áreas de lazer voltadas para eventos, eco-turismo e parques aquáticos, destacando-se a Fazenda Alegria, em reserva florestal de 1 milhão de m2, e o Sítio Lagedo com 300 000 m2. Acima da cota dos 100 metros, situa-se o Parque Estadual da Pedra Branca, que abrange a Serra Alto do Peri, o Sacarrão Pequeno (379 m), o Pico do Sacarrão (699 m) e a Pedra Rosilha (472 m).

Nota: A denominação; delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280 de 23 de agosto de 1985.

Vasco da Gama

Em 1998, ano do centenário do Clube de Regatas Vasco da Gama, um projeto transformou a área onde fica a Sede/Estádio do clube e suas adjacências, incluindo a Comunidade “Barreira do Vasco”, no bairro Vasco da Gama. Seu estádio foi inaugurado em 1927 e é, popularmente, chamado de São Januário.

O novo bairro foi desmembrando do bairro de São Cristóvão. Seus primeiros moradores, a maioria imigrantes portugueses, chegaram ao local por volta de 1920.

Nota: Criado pela Lei Nº 2672 de 8 de setembro de 1998

Um comentário:

OSVALDO disse...

Se me permite um aparte, o farei, pois que acho que v.sa. se equivocou quando afirmou no seu blog que a Fazenda Alegria possui 1 milhão de metros quadrados no maciço da Pedra Branca. Acho que quem lhe deu essa informação, pssou de maneira errada.Posso afirmar, com toda certeza, ainda mais por documentação que tenho do RGI, que temos um terreno, denominado "Carretão" com a medida de 521.000 m², que corresponde a 41%, aproximadamente, do Parque inteiro que é de 12500 ha. Portanto a Fazenda Alegria, era, pois que acabou, bem menor em área. Confira suas medidas e informações. Grande abraço pelo blog.