segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

UM POUCO DA HISTÓRIA DOS BAIRROS DO RIO

Caros (as) leitores (as)

No dia 28 de junho de 2010, o editor deste blog interrompou as postagens sobre um resumo, por ordem alfabética, da história dos 159 bairros existentes na cidade do Rio de Janeiro, segundo levantamento realizado pelo Instituto Pereira Passos, vinculado a Secretaria Municipal de Urbanismo da Prefeitura do Rio - com a ajuda decisiva da amiga Denise Moura, que nos indicou a fonte para tais informações - com os bairros de São Cristovão e São Francisco Xavier.

Esta publicação fora iniciada em 9 de março de 2009, com o resumo das histórias dos bairros da Abolição e Acari. Nesta, retomamos a publicação, e destacamos os bairros da Sepetiba, Tanque e Taquara.

Quem não teve a oportunidade de conhecer as postagens anteriores, após o término destas que ainda faltam, que se concluirá com o bairro do Zumbi (na Ilha do Governador) , tornaremos a publicar o resumo das histórias dos 159 bairros do Rio de janeiro desde o início, todas as segundas-feiras.

Boa leitura, Flávio Loureiro


Sepetiba

A praia de Sepetiba servia como porto colonial para exportação de pau-brasil aos países europeus. Seu principais acessos eram o caminho de Sepetiba (atual estrada de Sepetiba), que levava à Santa Cruz, e o caminho de Piahy (atual estrada do Piaí), que ligava o bairro à Pedra de Guaratiba.

No início do século XIX, Sepetiba passou a ser freqüentada no verão pela Família Real, que utilizava a propriedade denominada “Casa de Esquina”, onde está a atual praça Washington Luiz. Visitantes ilustres circulavam então no bairro e a vida social da localidade dava entretenimentos à elite, como touradas, saraus e danças portuguesas. Findo o verão, Sepetiba era pacata, refletindo a vida simples dos pescadores e sitiantes.

Com a implantação da “Companhia Ferro Carril”, em 1884, o bonde de tração animal passou a transportar a “mala real” até o cais de Sepetiba, além de cargas e passageiros.

A luz elétrica chegou a Sepetiba em 1949 e, de lá para cá, Sepetiba se expandiu. Loteamentos – muitos em condições precárias - foram ocupando as áreas próximas à estrada do Piai, a praça Oscar Rossin foi urbanizada e foi aberto o canal na Rua Santa Ursulina para escoar terrenos alagadiços. Na década de 1960, surge o loteamento “Vila Balneário Globo” e, recentemente, em meio à grande polêmica, destaca-se a implantação, ao longo da estrada de Sepetiba, do grande conjunto Nova Sepetiba, construído pelo governo do estado para a população de baixa renda.

Para saber mais sobre a história do bairro clique na barra superior em ?

Nota: A denominação; delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280 de 23 de agosto de 1985.

Tanque

É o antigo local onde os viajantes paravam para descansar e dar água a seus animais em um grande reservatório ali existente. Mais tarde serviu para matar a sede dos animais que puxavam os bondes que faziam o trajeto até o Largo da Taquara ou ao Largo da

Ponto final de uma das duas linhas de bonde do bairro é a antiga Porta D'Água, um dos pontos geradores do desenvolvimento da região. O nome designava um dos três rios que ali se encontram e que acabaram por dar nome a uma das estradas principais da localidade.

Escoadouro das águas vindas da serra limítrofe com o Engenho Novo de Jacarepaguá, o rio Porta D'Água era, no inicio do século, navegável em todo o seu curso pela planície e contava, nos trechos mais altos, com diques e comportas que lhe valeram o nome. Reunia o curso dos rios Cigano, Olho d’Água e Fortaleza, nascidos na serra dos Três Rios e após atravessar a Freguesia, hoje sob a denominação de rio Sangrador, recebia as águas do córrego da Panela e dos rios São Francisco e Anil, indo desaguar na lagoa de Camorim.

Como Porta D'Água ficou conhecida a área hoje compreendida entre o local em que se encontram a estrada Velha de Jacarepaguá, a rua Ituverava e a estrada de Uruçanga, até a praça Professora Camisão e a esquina da estrada dos Três Rios com a avenida Geremário Dantas. O nome de Freguesia, com que popularmente a localidade passou a ser chamada, decerto deriva da localização da igreja de Nossa Senhora do Loreto, matriz da freguesia de Jacarepaguá.

A influência desta localidade se estendeu por uma área ampla e variada: a vizinhança do Engenho D'Água, pelo caminho do Portinho da Gabinal, a estrada dos Três Rios e as vertentes da serra do mesmo nome, a parte mais alta da estrada do Pau Ferro, e a localidade do Anil, na estrada Velha que ligava a Freguesia ao Itanhangá, às ilhas das lagoas costeiras e às praias da Barra da Tijuca.

Em 1616, nas imediações do Engenho D'Água, surgiu o primeiro núcleo de ocupação de Jacarepaguá, no lugar também conhecido como Porta D'Água, que hoje chama-se Largo da Freguesia. Com a ocupação se acentuando, uma parte das terras foi desmembrada em foros, para incentivar seu desenvolvimento.

Em uma das novas propriedades que floresceram, o dono, Padre Manuel de Araújo, ergueu no alto de um penhasco, chamado Pedra do Galo (morro da Freguesia), a Capela de Nossa Senhora da Pena. Com a crescente ocupação da sua propriedade e constatando que suas atividades e desenvolvimento econômico, os locais estavam praticamente assegurados, o padre propôs a emancipação do lugar, efetivada em 6 de março de 1661. Foi criada, assim, a freguesia de Nossa Senhora do Loreto de Jacarepaguá, a quarta da Cidade, separada da antiga freguesia de Irajá. Em 1664, o padre construiu nela a Igreja-Matriz, com o mesmo nome da Capela.

Nota: A denominação; delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280, de 23 de agosto de 1985.

Taquara

Salvador Correia de Sá doou como sesmarias as terras existentes entre a restinga da Tijuca e Guaratiba – o que corresponde hoje à toda a baixada de Jacarepaguá - aos seus dois filhos, Gonçalo e Martim de Sá, em 09 de setembro de 1594. Martim ficou com a área à leste da lagoa de Camorim, abrangendo, entre outras, a região de Taquara. Taquara é uma espécie de bambu, utilizado em cercas e no fabrico de cestos, abundante na região, o que viria a designar a localidade.

O Largo da Taquara tornou-se um importante entroncamento de estradas irradiadas para diversas direções: a de Guaratiba (atual Bandeirantes) - acesso às Vargens, Camorim, Grota Funda -, a do Tindiba, a da Taquara (atual Av. Nelson Cardoso), a do Rio Grande e a Rodrigues Caldas. Em torno do Largo, um núcleo urbano se estabeleceu, interligando-se aos engenhos e fazendas vizinhas como a do Engenho Novo (atual Colônia Juliano Moreira), a do Rio Grande, o Engenho Velho da Taquara (na Boiúna) e, principalmente, a fazenda da Taquara, de Antonio de S. Payo, que nela ergueria, em 1738, uma capela dedicada à Santa Cruz. O Juiz de Órfãos, Francisco Teles Barreto de Meneses, se tornou proprietário da fazenda no século XVII, que foi depois passada para seus descendentes Ana Maria Teles de Meneses, casada com Francisco Pinto da Fonseca, e o filho deles, Francisco Pinto da Fonseca Teles, que se tornaria o Barão da Taquara.

Administrando a fazenda desde 1864, o Barão expandiu seus domínios, adquirindo terras em Jacarepaguá que correspondem, além da Taquara, às localidades do Tanque, Rio Grande, Mato Alto, Praça Seca, Campinho, etc. Tal prestígio lhe rendeu a amizade do casal imperial, que sempre se hospedava na Sede da Fazenda. O Barão realizou obras públicas, construiu escolas e ergueu capelas, sendo considerado o “Patriarca de Jacarepaguá”.

Em 1875, Jacarepaguá foi beneficiado pela inauguração da “Companhia Ferro-Carril de Jacarepaguá”, de Etiene Campos, que ligava, inicialmente, Cascadura ao Largo do Tanque. Posteriormente, os bondes se estenderiam até o Largo da Taquara, sendo eletrificados a partir de 1911. O Largo era pólo de um vasto território: na direção sudoeste alcançava Curicica, Camorim, Vargem Grande e Vargem Pequena; à oeste chegava as localidades de Rio Grande, Pau da Fome, Santa Maria, Teixeiras e Engenho Novo; e, ao norte, aos núcleos de Boiúna, Engenho Velho e Catunho, interligados com a Fazenda dos Afonsos e a Estrada Real de Santa Cruz.

A partir da década de 1970, surgiram diversos loteamentos ao longo das estradas Rodrigues Caldas, do Rio Grande, do Cafundá, da Boiúna, Mapuá, Outeiro Santo e André Rocha, como o Jardim Shangrilá e o Jardim Boiúna, entre outros. Atualmente, novos empreendimentos surgem no bairro, entre condomínios residenciais e conjuntos habitacionais.

A Zona Industrial de Jacarepaguá foi implantada ao longo da estrada dos Bandeirantes, destacando-se as empresas Merck e Schering, empresas químicas, gráficas etc.

A Taquara é o maior pólo econômico de Jacarepaguá, com expressivo centro comercial no entorno do Largo da Taquara, na Av. Nelson Cardoso, na estrada dos Bandeirantes e na estrada do Tindiba. É atravessada pelo Rio Grande, tributário da lagoa do Camorim e apresenta áreas verdes nas encostas da serra do Engenho Velho, no morro da Boiúna e nas quadras próximas às ruas Mapendi e Macembu. O bairro abriga instituições como o Lar Frei Luiz (Boiúna), o Campus Esportivo da Universidade Gama Filho e o Sodalício da Sacra Família. Seu principal bem histórico, tombado pelo Patrimônio da União, é a Casa da Fazenda da Taquara, com sua Capela de Santa Cruz, situada na estrada Rodrigues Caldas. As principais comunidades de baixa renda da Taquara são as comunidades Nova Aurora, Jardim Boiúna, Meringuava, Santa Mônica, Alto da Bela Vista, André Rocha, Vila Santa Clara, Vila Clarim, São Sebastião, Curumaú, Nossa Senhora de Fátima e Tancredo Neves.

Nota: A denominação; delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280 de 23 de agosto de 1985 com retificação pelo Decreto Nº 12791 de 11 de abril de 1994 e pelo Decreto Nº 13448 de 1 de dezembro de 1994

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