sábado, 29 de janeiro de 2011

OUTRA OPINIÃO SOBRE AS DECISÕES DO MINC

Outra opinião sobre a “polêmica” do MinC
Postado por LEN às 1:51 am Adicionar comentários
jan 232011

O Ministério da Cultura reformulou recentemente o seu site e realizou uma modificação que causou uma forte reação de usuários das mídias sociais, blogueiros e internautas contra a recém-nomeada ministra Ana de Hollanda, irmã do cantor Chico Buarque. A mudança que gerou a reação foi a troca da licença Creative Commons por uma frase em português.

A ministra já vinha sendo criticada porque solicitou ao congresso a devolução, para revisão, do projeto de lei que altera as regras de direitos autorais. Hoje li um post do Renato Rovai, por quem tenho grande admiração dando a entender que a Ministra estaria ligada ao ECAD e traindo as promessas de campanha de Dilma. Menos, né? Até porque pessoalmente acho que uma coisa é discordar de decisões, outra bem diferente é levantar suspeitas da honestidade.

Primeiro é preciso explicar que Creative Commons é uma organização não-governamental de origem americana criada para facilitar o compartilhamento de conteúdo com a permissão do autor, já que o país de origem possui leis rígidas contra cópia de material protegido por direitos autorais. Ela possui afiliadas no mundo todo, inclusive no Brasil, que tem site próprio em português e explicações na nossa língua, no entanto mantém o nome em inglês e a marca CC nos selos. Então, o autor tem um site e escolhe uma das licenças da Creative Commons e usa o selo específico no seu site, e aquele selo é a forma de informar as regras para quem quiser copiar o seu conteúdo.

O MinC já explicou que não precisava ostentar a marca porque as leis brasileiras autorizam a uso do conteúdo. A frase descrita no rodapé no site não deixa dúvidas quanto à autorização para uso do conteúdo:

“O conteúdo deste site, produzido pelo Ministério da Cultura, pode ser reproduzido, desde que citada a fonte”

E a recomendação para citar a fonte, da mesma forma como recomenda o Creative Commons. Mas afinal o que mudou para tanto rebuliço? Os simpatizantes veem como um gesto simbólico que os autorizaria a enxergar retrocesso na política de democratização da cultura promovida pelo Governo Lula, mesmo com o anúncio nessa semana que o governo continua apoiando o software livre nacional.

Eu vejo como uma mudança positiva. A gente tem que levar sempre em consideração que são os usuários avançados de internet e os nerds que conhecem o CC e o significado das licenças. A maioria esmagadora que usa a internet e tem conhecimento básico não possui a menor ideia do que aqueles selos significam e muito menos em uma sigla em língua estrangeira. A frase grafada no rodapé da página, escrita em português informa melhor a um número maior de pessoas. As pessoas que não conhecem o significado dos selos da CC podem ter seus sites ou blogs e querer usar material do site do MinC, e com essa mudança eles também vão saber que podem usar o conteúdo, desde que citem a fonte.

Considerei a reação do Creative Commons contra a decisão do MinC de não usar mais seus selos agressiva e prepotente. Parece que a organização se acha detentora da exclusividade no direito de compartilhamento de conteúdo ao afirmar que a decisão iria criar insegurança jurídica. Só se for para a própria Creative Commons, porque a frase grafada no rodapé tem tanta validade quanto o selo da organização e no quesito entendimento é notadamente superior. A organização reclama porque se sente desprestigiada. A ameaça de que o MinC estaria descumprindo regras, porque estaria obrigado a mostrar indefinidamente o logo da organização fez acender o sinal amarelo por aqui. O Blog já tinha uma página em português sobre as recomendações e permissões de uso do nosso conteúdo, e ainda mantinha o selo do CC por romantismo, mas depois da reação exagerada eu retirei. As regras para uso do conteúdo continuam as mesmas, adoramos ver nossos textos em outros blogs e sites. Compartilhar sim, Ditadura do CC não.

Já fui entusiasta de organizações não governamentais com origem e mantidas pelos EUA como o Greenpeace e Jornalistas sem Fronteiras, mas com o tempo percebi que as motivações dessas organizações não eram sempre as mais nobres e, muitas vezes se intrometem em decisões importantes para a soberania de outros países, sem fazer o mesmo nos seus próprios países de origem. O Brasil não precisa mais de organizações internacionais para dizer o que devemos ou não fazer, e aqui não vai nenhum antiamericanismo juvenil, adoro a música e o cinema americano.

Quanto à revisão da lei de direitos autorais, prefiro esperar para ver se acontecerão mudanças e quais, porque até agora só existe muita especulação e insinuação baseada no radicalismo, mas aí é outra boa discussão. Sou pessoalmente a favor da democratização da cultura, mas não sou contra direitos autorais, se tirar do autor o ganha pão que alimenta a sua família ele vai procurar outra atividade para conseguir esse pão e a nossa cultura vai para o buraco. Prefiro o caminho do meio. Discussão nunca é demais. Pode ser até que venha criticar as decisões da ministra, mas nunca antes de conhecê-las. A reclamação se dá porque dizem que o projeto de lei ficou em consulta pública, mas quem gostaria, depois de ser recém-nomeado para uma função, receber um marco regulatório pronto em um pacote sem dar a sua contribuição e incluir as diretrizes da sua administração? Talvez o erro tenha sido apressar o envio desse projeto de lei sem passar pelo crivo da nova administração que chegava.

Charge: Marcos Borges

Revisão ortográfica: Diafonso.

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LEN

LEN

Químico, Micro-empresário, libertário de esquerda sem filiação partidária, isento de preconceitos, progressista, agnóstico, democrata, respeito o contraditório.

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Fonte: Blog Contraponto

Leia também a Nota da Secretaria Nacional de Cultura do PT sobre o assunto

Leia também o artigo de Sérgio Amadeu na Agência Carta Maior

Leia também o artigo de Renato Rovai que iniciou a polêmica


Comentário sobre a nota do PT

Morgana,


Concordo com quase todo o texto, mas este trecho esta entalado na minha garganta:

[..]O Partido dos Trabalhadores se coloca inequivocamente ao lado dos que lutam pelo avanço da democracia nos campos da Cultura e da Comunicação, mas nós militantes de Cultura do PT, entendemos que a simples retirada das licenças CC do sítio do MinC não indica o retrocesso político que alguns vem acusando.[..]

Aqui você vai criar ainda mais polêmica, a simples retirada representa uma questão politica e simbólica, quem orientou a Ana de Hollanda a fazer isto sabia exatamente o que fazer, deu o "tiro certo" vou explicar.

A Cultura Digital baseia-se fundamentalmente no remix, na reconfiguração, a construção do conhecimento e da cultura em direção à Inteligência Coletiva como afirma Pierre Levy é uma construção cognitiva de apropriação, remix e republicação. E somente a forma de licenciamento em Creative Commons permite ao autor de forma simples e clara, licenciar seu conteudo reservando alguns ou nenhum direito e permitindo o livre fluxo da cultura digital.

A retirada da licenca no site do Minc é um forte e agudo ataque à Cultura Digital, pois possui uma representatividade icônica, e dai a razão de toda a polêmica, talvez o partido ainda não tenha olhado a questão por este angulo e me coloco a disposição para esclarecer e debater esta questão.

[]s
João Carlos Caribé

Comentário sobre o artigo de LEN

Me desculpe LEN, mas seu texto é uma grande bobagem, voces precisam entender melhor sobre o que escrevem, o Creative Commons é UM MODELO DE LICENÇA!! E não uma ONG.

Voces precisam entender que quanto mais bobagem escrevem, pior fica, as pessoas que entendem do assunto acabam ficando mais irritadas por ver pessoas do partido e ligadas ao partido falando bobagems para defender o indenfensável.

E vamos assistindo o PT rachar por causa de Ana ECAD de Hollanda....

João Carlos Caribé

Comentário/Réplica de LEM

Caribe,

Bobagem sob o seu ponto de vista. Se fosse realmente bobagem não seria reproduzido em tantos blogs de esquerda e inclusive sites temáticos de cultura. O que realmente me preocupa é a falta de tolerância ao contraditório com algumas pessoas que se dizem de esquerda, mas não conseguem conviver com os pontos de vista diferentes dos seus. Eu não vejo como “bobagens” opiniões sobre esse caso que divirjam das minhas e talvez seja a maior diferença minha para você, não é a primeira vez que radicaliza frente a uma opinião minha.

Não sou do PT nem ligado a ele, não pretendo me filiar a qualquer partido. Não estou preocupado se A ou B aprova ou não a minha opinião, o que importa é levantar subsídios para continuação do debate, sem maniqueísmos. Não vejo a sua opinião como representando o partido para dizer que estamos dividindo algo, pelo contrário acho que divergencias quanto a posição da ministra podem existir. A da Morgana que representa, e passa longe da radicalização de chamar a ministra de Ana ECAD Hollanda. Já escrevi um texto sobre a necessidade de algumas pessoas de procurar adversários para demonizar porque não sabem fazer política com o cérebro, mas apenas com o fígado.

O pós eleições vem me fazendo decepcionar com várias pessoas que tinha como inteligentes e equilibradas. A blogosfera não é algo que pode ser manipulado, são cabeças pensantes que se expressam de acordo com suas convicções, deveríamos seguir a opinião de quem? Eu não sigo cartilha nem estou aqui para dar respaldo a opiniões pré-concebidas, vou sempre me manifestar de forma independente.

O artigo foi escrito de forma responsável, sem agredir opiniões divergentes como tem sido minha argumentação em tudo o que escrevo, agora é lamentávem achar ser dono da verdade a ponto de dizer que em um assunto tão controvertido um lado é indefensável, que eu nunca me torne tão arrogante assim.

Abraços e desculpe aos demais colegas, eu estou cansado de tanto radicalismo e gente querendo dizer como a gente deve pensar e agir



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