Este blog prossegue com as postagens sobre um resumo, por ordem alfabética, da história dos 159 bairros existentes na cidade do Rio de Janeiro, segundo levantamento realizado pelo Instituto Pereira Passos, vinculado a Secretaria Municipal de Urbanismo da Prefeitura do Rio - com a ajuda decisiva da amiga Denise Moura, que nos indicou a fonte para tais informações.
Esta publicação fora iniciada em 9 de março de 2009, com o resumo das histórias dos bairros da Abolição e Acari. Após uma longa interrupção, retomamos a publicação e abordamos os bairros Tauá, Tijuca e Todos os Santos
Quem não teve a oportunidade de conhecer as postagens anteriores, após o término destas que ainda faltam, que se concluirão com o bairro do Zumbi (na Ilha do Governador) , tornaremos a publicar o resumo das histórias dos 159 bairros do Rio de janeiro desde o início, todas as segundas-feiras.
Boa leitura!
Tauá
A palavra Tauá em indígena, significa “barro vermelho”, outra versão considera TA-OÁ, “aquele que é redondo”. É continuação natural do bairro do Cocotá. Inicialmente, era destinado à lavoura, cana-de-açúcar, depois outras atividades como a pesca, cal, tijolos e telhas. Nele, ficava no século XIX, a fábrica de formicidas do Barão de Capanema, cuja propriedade abrangia o morro do Barão, pegando parte do atual bairro dos Bancários.
No século XX, iniciou-se a urbanização da região, ao longo da estrada da Freguesia (depois avenida Paranapuã) e da estrada do Dendê. Na década de 1930, três projetos de arruamento cobrem praticamente toda a área ocupada pelo bairro, o primeiro como extensão das ruas do loteamento Jardim Carioca, nas proximidades da rua do Minho, o segundo em torno das ruas Eutáquio Soledade e professor Hilarião da Rocha e o terceiro junto a rua Maici, com nome de “Jardim Maracaí”. Com a abertura desses logradouros, o Tauá foi progressivamente ocupado, seu acesso facilitado pela inauguração do bonde elétrico, com a linha Ribeira-Cocotá (em 1922), estendida até o bairro a partir de 1935, indo até a Freguesia, passando pela avenida Paranapuã. Foi extinta em 1964, substituída por linhas de ônibus.
Em 1969, foi inaugurada uma grande Estação de Tratamento de Esgotos da Cedae, próxima às ruas Eutáquio Soledade e Domingos Mundim, e em 1985, implantada uma Estação da Light, em faixa próxima ao mar. Destaca-se a igreja de Santo Antônio, cujo início de construção data de 1939, e que com o decorrer do tempo, sofreu alguns acréscimos. A nova igreja foi inaugurada em 2001.
O Tauá é predominantemente residencial, seu comércio concentra-se na avenida Paranapuã, e possui várias comunidades de baixa renda, como a da praia de Rosa, surgida em 1941, em uma colônia de pescadores sobre manguezal, entre a estação da Cedae e a Baía de Guanabara, onde se expandiu sobre palafitas, hoje, reurbanizada pelo projeto “bairrinho” e a do Dendê, a maior delas, também chamada morro do Dendê, originada em 1940, por nordestinos que encontraram no lugar uma plantação de Dendê, que acabou dando nome à comunidade. Dividida em vários setores, seus acessos se dão pelas ruas São Sebastião, Catugi, Baviera, Cali e Cabo Fleury, foi beneficiada pelo projeto “favela-bairro”. No Tauá ficam as comunidades dos servidores municipais, Parque Tauá ou Querozene, Morro do Coqueiro e Bairro da Sapucaia.
Nota: A denominação, delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280, de 23 de agosto de 1985.
Tijuca
O nome Tijuca, de origem indígena, “TY YUC”, significando “água podre, charco ou brejo”, referia-se às lagoas da atual Barra, depois passou para as montanhas, floresta e vertente oposta, correspondendo à antiga região do Andaraí Pequeno que, entre os séculos XIX e XX, transformou-se no atual bairro da Tijuca e, na década de 1970, parte do Andaraí Grande foi incorporada a ele.
No início do século XVIII, a população do pequeno núcleo urbano que constituía a Cidade já fazia passeios até a serra da Tijuca. Começou a florescer um lugarejo cercado de chácaras, vivendas e até mansões de ricos e nobres. No início do século XIX, a Tijuca ainda era um misto de zona rural, ocupada por uma população de hábitos urbanos que aos poucos ia transformando suas casas de campo em residências permanentes.
No ano de 1812, embora continuasse como freguesia rural, ocorreu uma intensa ocupação da área e, a partir de 1818, o governo começou a tomar medidas para coibir o desmatamento. Desde 1838, a Tijuca já era servida por transporte de tração animal.
O primeiro núcleo de loteamento-arruamento foi o bairro da Fábrica das Chitas, no entorno do Largo da Fábrica (atual Praça Sãenz Pena). A Tijuca viria também a incorporar a antiga freguesia do Engenho Velho.
No início do século XX, seus morros começam a ser ocupados, surgindo a primeira favela do bairro, a do morro do Salgueiro. As favelas do Borel e da Formiga surgem logo depois. A partir dos anos 30 e 40 a Tijuca começa a ser ocupada por uma classe média com valores tradicionais e conservadores, destacando-se dos demais bairros da Zona Norte por seu passado aristocrático, cujo extremo de identidade coletiva leva a população a criar o uso da expressão “tijucanos”, que não encontra equivalente em nenhum outro bairro da cidade.
Em 1976, são iniciadas as obras do Metrô, durando seis longos anos, mas hoje já é um sistema de transportes incorporado à vida do tijucano. A Tijuca se destaca historicamente por três aspectos: pelo seu pioneirismo na indústria, na educação e por abrigar marcos culturais da Cidade.
Nota: A denominação; delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280, de 23 de agosto de 1985.
Nota da Redação: Pela importância da Tijuca na formação política, social e cultural da cidade do Rio de Janeiro, achei muito restrita e burocrática esta abordagem. Outros bairros receberam tratamentos mais ricos neste levantamento realizado pela Prefeitura do Rio. Principalmente na parte musical. Gente como Ivan Lins, Tim Maia, Jorge Bem, Menescal, Tom Jobim, e tantos outros, vieram de lá. Sem falar no fato de lá existirem escolas de samba, como o Salgueiro, Unidos e Império da Tijuca
Todos os Santos
Inicialmente o Bairro era um prolongamento do Méier. A Estação Ferroviária de Todos os Santos, inaugurada em 1868, foi extinta no final da década de 1960. Dona Conceição Gomes, proprietária de uma chácara na área, doou terrenos, em 1872, para a construção da capela de Nossa Senhora das Dores. Gabriel Getúlio de Mendonça, proprietário local, abriu as ruas Todos os Santos (atual José Bonifácio), Leopoldina (Castro Alves), Almeida (Padre Ildefonso Penalva), a rua Getúlio, etc. É um bairro residencial cujas vias principais são as avenidas Amaro Cavalcanti e Arquias Cordeiro.
Nota: A denominação, delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280, de 23 de agosto de 1985.
2 comentários:
Corrigindo o texto sobre a Tijuca, Pessoal da Ilha do Governador, pela própria característica de bairro-cidade, se auto-denomina "insulano", portanto não é uma exclusividade dos moradores da Tijuca.
Excelente iniciativa, conhecer o Rio é uma maravilha!
Sérgio, o termo tijucano não se refere apenas ao local de moradia, mas ao perfíl social e ideológico do tradicional morador do bairro, diferentemente da Ilha do Governador, onde eu passei muitos anos da minha juventude, pois até hoje tenho muitos parentes por lá: tio-padrinho, tias, primos, afilhado e amigos (as), no eixo Bananal/Freguesia.
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