segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

O PMDB E A MONTAGEM DO GOVERNO FEDERAL

Dilma 1 x 0 PMDB

Do blog de Lauro Jardim

A verdade é que até agora na formação do ministério os profissionais do PMDB levaram um banho da neófita Dilma Rousseff.

Escudada pelo nada neófito Antônio Palocci, o PT vem emplacando seus nomes, o PSB avança nos seus e o PMDB está suando para manter o mesmo número de ministérios que possui no governo Lula.

Além do mais, os ministérios em negociação são francamente menos importantes. Basta ver que o PMDB deve levar como novidade o Turismo e a Previdência e largar Comunicações e Integração Nacional.

Sem falar no ministério da Saúde que, o.k., nunca foi seu de fato (José Gomes Temporão, filiado ao partido, foi uma escolha pessoal de Lula), mas ainda assim lhe dava a oportunidade de nomeações em órgãos como a Funasa, por exemplo.

Nessa altura do campeonato, o PMDB vai usar os próximos dias para tentar virar o jogo em reuniões com a cúpula petista da transição. Fará até um “jantar de agradecimento” para Lula na quarta-feira – uma noite que tem mais cheiro de lobby.

O PMDB errou tanto até aqui que ajudou Dilma e o PT em certa medida a conseguirem este 1 x 0. Mostrou-se dividido na negociação que se seguiu ao triunfo do dia 31 de outubro. Cada grupo começou a falar e trabalhar por si. Michel Temer perdeu o controle da condução do processo.

Na segunda-feira, Sérgio Cabral deu um passo em falso, precipitou-se e perdeu um ministro que havia feito.

Os diversos PMDBs (o da Câmara, o do Senado, o do Michel Temer etc.), que pareciam unidos na campanha, só estão juntos da boca para fora – ou mais precisamente nas declarações oficiais que fazem à imprensa.

Nos bastidores, o pau está comendo. Não há nada mais para inglês ver do que o discurso que o deputado Henrique Alves tem repetido por aí (“O PMDB está em paz e amor”).

Ou de outra risível afirmação que vários de seus líderes vem repetindo desde a campanha, a de que na formação do governo Dilma o PMDB mostraria à sociedade que não é um partido fisiológico.

É uma dessas frases que nunca foi levada a sério por ninguém, mas que o tempo ajuda a torná-las mais ridículas.

O jogo, porém está ainda no começo. O PMDB tem uma atávica fome por cargos e partirá para o ataque. Pode avançar unido, o que será um problema para o governo. Suas armas serão as de sempre, as votações no Congresso.

Deu certo, sobretudo, no primeiro governo Lula. No segundo mandato, como conseguiu praticamente tudo o que queria, as coisas se acalmaram.

Essa ameaça de rolo compressor será usada veladamente agora. Seja para conseguir um ministério a mais – está sendo negociado um para Moreira Franco, como cota pessoal de Temer – ou para aumentar os pleitos de nomeações nas diretorias de estatais.

Se não der certo neste momento será usada na próxima legislatura de modo concreto.

Ainda que a revanche do PMDB se dê com as conhecidas armas, registre-se que o partido, de conhecidos profissionais da política, repita-se, perdeu o primeiro embate.

Tentou fazer-se ouvido de igual para igual nas discussões para reforma ministerial em curso. Não teve voz. Tentou manter os ministérios que tinha e avançar. Não teve fôlego. Tentou manter-se unido, como na campanha. Não conseguiu.

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