Diagnóstico desanimador já circula em Minas Gerais, Estado apontado por Serra como palco da virada contra a rival do PT
Apesar do empenho e otimismo de José Serra (PSDB) na última semana de corrida eleitoral, assessores e aliados sabem que uma vitória sobre Dilma Rousseff (PT) é improvável. Por isso não foi reservado nenhum local de comemoração para este domingo, quando eleitores escolherão o substituto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No primeiro turno, havia certeza de que tucano passaria a etapa e, por isso, a campanha alugou um espaço para eventos na capital paulista.
O diagnóstico mais duro de que a vitória é improvável veio de Minas Gerais, onde Serra tinha esperança de que o senador eleito Aécio Neves (PSDB) ajudasse a promover uma virada. Na quinta-feira, ele e o governador reeleito, Antonio Anastasia, fizeram um relato de como estava a situação no Estado: Dilma se mantém forte no Norte e no Triângulo Mineiro, onde nem Anastasia venceu.
Um integrante do PSDB mineiro que mantém diálogo frequente com Serra contou ao iG que a diferença em pontos percentuais entre Dilma Rousseff (PT) e Serra ficará nos números da contagem nacional. De acordo com as últimas pesquisas, a petista está 14 pontos percentuais na frente.
“Minas é isso. Um retrato do Brasil mesmo”, disse o interlocutor tucano ainda enquanto Serra discursava para militantes do PSDB em evento político realizado na quinta-feira em Montes Claros, município localizado no semi-árido na região Norte de Minas. Na cidade, Dilma deverá vencer com facilidade. No primeiro turno, o tucano ficou em terceiro lugar.
Ex-governador mineiro e senador eleito pelo PSDB, Aécio Neves também estava no evento. Assim como Serra, Aécio tentou demonstrar otimismo. “Acho que ainda dá. Não podemos nos preocupar com pesquisas. Tem um movimento silencioso em favor de Serra”, disse.
Fazendo uma autocrítica, lideranças tucanas avaliam que esse “movimento silencioso”, como classificou Aécio, talvez seja tão silencioso que desanime eleitores, aliados e, especialmente, doadores. A ida de Serra ao segundo amenizou a dificuldade financeira pela qual a campanha tucana passou na primeira etapa, mas não foi o suficiente para enfrentar a robusta empreitada adversária.
Candidato tucano foi a Caxias do Sul na última semana da campanha, onde venceu no primeiro turno
Desanimados, auxiliares de Serra tentam se espelhar no “chefe” e manter o vigor no fim da disputa. Na última semana de campanha, o tucano chegou a viajar para quatro Estados no mesmo dia. Ele, sim, não perde o ânimo, apesar dos avisos de auxiliares de que poderá perder a eleição também em Minas.
As pesquisas de intenção de voto também contribuíram para o clima. Até mesmo o levantamento encomendado pelo próprio PSDB ao instituto carioca GPP, ligado ao ex-prefeito do Rio Cesar Maia, apontava vitória de Dilma a poucos dias da eleição. Daí a campanha de difamação da reputação dos principais institutos de pesquisa liderada pelo coordenador da campanha de Serra, o senador Sérgio Guerra.
Como resume uma liderança tucana, a vitória de Serra é mais um desejo do que uma possibilidade real. No Nordeste, o candidato derrotado ao governo de Pernambuco pela aliança tucana, Jarbas Vasconcelos (PMDB), reconhece que o objetivo na região é “diminuir o tamanho da derrota”. Para isso, apostam na abstenção. No primeiro turno, os eleitores contaram com o transporte providenciado por candidatos a deputado para chegarem até as urnas. Sem essa ajuda, agora, a diferença entre Dilma e Serra pode cair, espera o deputado Raul Jungmann (PPS).
Mapa
A esperança é que Serra consiga tirar a desvantagem em São Paulo e nos Estados do Sul. Em São Paulo, o presidenciável conta com o governador eleito pelo PSDB, Geraldo Alckmin, para garantir uma vitória confortável. A conta é de 5 milhões de votos de vantagem sobre Dilma.
A campanha no sul foi encerrada em Caxias do Sul. Serra participou de comício em um pavilhão onde se realiza a tradicional festa da uva na cidade. O tucano recebeu homenagens como camisetas de clubes de futebol e até uma bandeira do Rio Grande do Sul. Animado, Serra tentou falar com serenidade: “Olha, nós vamos ganhar essa eleição”.
O tucano teve dificuldades para deixar o local. Adolescentes, senhoras e até crianças: “Serra, cadê você eu vim aqui só para te ver”. Uma mulher bonita mais animada fez questão de comparecer com um lenço da campanha de 2002, quando Serra foi derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva.
Em Caxias do Sul, Serra saiu-se bem. Venceu a eleição no primeiro turno. No resto do Rio Grande do Sul, porém, foi derrotado por Dilma. Candidato derrotado ao governo pelo PMDB, José Fogaça (PMDB) afirmou “com segurança" que a candidatura de Serra cresceu. "No entanto, não sei dizer se conseguiremos vencer aqui", disse.
No Paraná, o governador eleito pelo PSDB, Beto Richa, calcula ao menos 1 milhão de votos a mais para Serra. Em Santa Catarina, Serra confiou a tarefa de liderar sua campanha ao PMDB, partido do vice de Dilma, o deputado Michel Temer (PMDB-SP), presidente nacional da legenda. No Rio Grande do Sul, onde esteve três vezes nas últimas quatro semanas, Serra também conta com o partido de Temer. Em visita a Porto Alegre, ele fez questão de incluir uma visita não programada ao comitê do candidato derrotado ao governo do Rio Grande do Sul José Fogaça, do PMDB
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