terça-feira, 19 de outubro de 2010

PEDIDO DE INVESTIGAÇÃO CONTRA PAULO PRETO,

Parlamentares da base pedem à PGR apuração de denúncias contra Paulo Preto

Publicada em 19/10/2010 às 18h34m

Isabel Braga

BRASÍLIA - Após reunião na sede do PT, em Brasília, os deputados federais Cândido Vaccarezza (PT-SP), Fernando Ferro (PT-PE) e Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (PDT-SP), protocolaram na Procuradoria Geral da República (PGR) dois pedidos para investigar denúncias que envolvem Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto. Ele é ex-diretor da Dersa, estatal paulista responsável por obras viárias como o Rodoanel. Os dois pedidos se estendem também ao ex-governador do estado e candidato à Presidência pelo PSDB, José Serra. (Leia também: PT quer instalar CPI para investigar Paulo Preto, ex-diretor da Dersa, suspeito de desviar recursos de campanha do PSDB ).

Uma das ações, assinada por Paulinho, inclui ainda o senador eleito por São Paulo Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), amigo de Paulo Preto. O pedido protocolado na PGR é por uma ampla investigação, com matérias jornalísticas anexadas. As denúncias envolvem desvio de R$ 4 milhões que seriam destinados para a campanha de José Serra. O caso vem sendo explorado no programa da adversária de Serra, a petista Dilma Rousseff.

O tucano e sua coligação, por sua vez, entraram com uma representação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pedindo direito de resposta no programa eleitoral televisivo de Dilma. Serra reclama da acusação veiculada pela petista de que Paulo Petro desviou R$ 4 milhões de um suposto caixa dois da campanha tucana.

Segundo a representação de parlamentares da base, "os fatos acima narrados caracterizam a prática de caixa dois na campanha de José Serra", sendo necessário ao Ministério Público tomar as providências administrativas e judiciais cabíveis. Há, para Paulinho, a suspeita de conivência de Serra, o que constitui "atos de improbidade administrativa, pois importaram enriquecimento ilícito e prejuízo ao erário, como atentaram contra os princípios da administração pública".

" Exigimos que seja apurado, é dinheiro do trabalhador "

- As denúncias são graves, há indícios de desvio no Rodoanel. É preciso deixar claro o que aconteceu. E o mais grave é que Serra disse que não o conhecia, e depois que Paulo Preto exigiu que ele o defendesse, no outro dia ele defendeu - disse o deputado, em alusão a declarações do tucano, que primeiro negou conhecê-lo e depois disse que Paulo Preto não havia cometido irregularidades.

- Exigimos que seja apurado, é dinheiro do trabalhador - completou.

Já a outra representação, assinada por Vaccarezza e Ferro, pede que a PGR instaure um inquérito civil público para apurar irregularidades, como a obtenção de vantagem econômica por causa de cargo público, lesão ao erário público, corrupção passiva e enriquecimento ilícito. O líder do governo na Câmara dos Deputados, Cândido Vaccarezza, lembrou uma entrevista concedida por Paulo Preto à "Folha de S.Paulo", em que diz ter dados condições para que as empresas envolvidas em obras públicas em São Paulo pudessem doar recursos para a campanha do PSDB.

- O Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, é réu confesso. Em entrevista, ele disse que ninguém deu mais condições do que ele para que as empresas apoiassem financeiramente a campanha. Além disso, há sinais claros de enriquecimento ilícito. Entregamos uma representação que investigue todos os fatos e a confissão do Paulo Vieira.

Petistas negam interesse eleitoral

Vaccarezza e Ferro negaram que houvesse interesse eleitoral e que eles assinaram a representação como deputados federais. O motivo de terem levado a ação para a PGR é que, segundo eles, o Rodoanel também tem verba federal.

- É dinheiro público. Lá no Rodoanel também tem dinheiro federal. Vamos encaminhar cópias à Controladoria Geral da União e ao Tribunal de Contas da União. O Paulo Preto administrava de R$ 5 bilhões a R$ 6 bilhões no Rodoanel e no metrô, que tem recursos federais também - disse Vaccarezza, que afirmou ainda:

- Ninguém mais do que ele usou as obras para obter recursos da campanha. Mas isso vamos analisar. O que há é evidência de corrupção.

Ferro criticou a oposição, que estaria querendo "posar de vestal" quando também há denúncias que a envolvem.

- Ele (Paulo Preto) ameaçou Serra e o Serra voltou atrás. É muito fácil perceber que há algo de errado nessa relação. Diante de um clima de disputa, muitos querem posar de vestais. Mas nós queremos a apuração.

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