sexta-feira, 15 de outubro de 2010

NESTA ELEIÇÃO, A QUESTÃO DO ABORTO É PRETEXTO, PARA ALIANÇAS INCONFESSAS

A CNBB está impotente porque a ordem vem de cima

Não se iludam, caros leitores, a questão do aborto é um mero pretexto para a igreja católica. Está em curso a reedição da mesma aliança entre o Vaticano -João Paulo II e o Departamente do Estado americano para combater o combalido socialismo real.

A posição do Brasil com a política externa do governo Lula ficou muito forte no contexto internacional, em particular na Amércia Latina e no mundo muçulmano, o que criou problemas para a política hegêmonica do governo dos Estados Unidos.

A aproximação do governo brasileiro com o Irã e a defesa da causa palestina, estreitando a ligação ocidente-oriente incomoda. O dialogo privilegiado com o mundo muçulmano estabelecido pela política externa brasileira incomoda a igreja católica, bastante atingida pelas acusações contra vários dos seus sacerdotes de crimes sexuais e financeiros, enfim, o que forma um ambiente propício para uma aliança Bento XVI e Departamento de Estado americano.

A igreja católica é hierarquizada, prinicpalmente entre os seus mais altos escalões, se a CNBB está impotente nesta estória, é porque a orientação vem de cima. Três bispos não iriam assinar o tal manifesto contra o voto em Dilma e no PT se não obtivessem algum respaldo hierárquico. Na base da igreja isso é possível, mas na cúpula, não. Resta aos chamados bispos progressistas apenas se manifestarem pessoalmente e tentar resguardar alguma unidade no interior da igreja.

E resta a camppanha Dilma desconstruir Serra, a hipocrisiia da sua esposa em atacar Dilma por conta da posição dela em relação ao aborto ao mesmo tempo em que ela mesma interrompeu uma gravidez não desejada, como é cada vez nais comprovado por relatos de ex-alumas de Monica Serra, é parte da necessária desconstrução da hipocrisia que grassa na campanha de José Serra e do próprio.

Nesta altura da disputa eleitoral o debate programático, que não deve ser posto de lado, pelo contrário, deve estar sempre na pauta do campo democrático e progressista, revela alcance limitado para a resposta das demandas postas na campanha. Uma parcela do eleitorado esta se movendo por uma campanha subterrânea, instrumentalizada pela grande mídia em favor de Serra, em função do que cada uma candidatura representa ou parece representar no plano pessoal. Se esta não é a nossa agenda preferencial, é necessário a construção de mecanismos para disputá-la. Logo é essencial a combinação entre a agenda programática, e a resposta a altura à agenda obscurantista.

Não se pode bancar o cristão, quando quem é age com tanta vilânia em função dos seus interesses hegemônicos, no caso em tela o Vaticano, em santa aliança com o Departamento de Estado americano, também em nome de interesses semelhantes, que enviou para campanha de Serra, assessores especializados em desconstrução política de candidaturas, sobretudo, em organização de campanhas sujas.

Pode-se argumentar que quem escreve este artigo é adepto da teoria de conspiração, ou paranóico. Mas, com efeito, daqui a alguns anos, tavez nem tantos anos assim, quando analisado este processo eleitoral, seja qual for o seu resultado, muitas destas verdades virão à tona, como vieram outras verdades construídas no passado, como a aliança Vaticano-João Paulo II e o Departamento de Estado americano contra o já combalido socialismo real.

O clima de Guerra Fria, como bem lembrou Dilma Rousseff, presente nesta eleição se afigura uma sinalizção do que este artigo preconiza.

Um comentário:

Anônimo disse...

Bom, quem está na rua sofre as consequências dessa"esquizofrenia".Se por um lado, queremos colocar os "grandes temas" em debate, percebemos que o cotidiano, as crenças pessoais e a manipulação de todos os lados,tornaram as pessoas vulneráveis e carentes de respostas aos assuntos debatidos na mídia.O que fazer?Costumo parar e ouvir e dizer o que é possível fazer por ora.E, logo em seguida falar de um projeto mais amplo, onde todas essas questões, inclusive a ambiental, estarão interligadas no bojo de um projeto por um Brasil cada vez menos excludente.Pau puro...
Regina Almeida