domingo, 1 de agosto de 2010

CRITICA MUSICAL, VALE CONFERIR!

Crítica

José Maurício, Cia Bachiana Brasileira e Mosteiro de São Bento: trio irresistível

Quem foi viu e ouviu, e quem não foi perdeu um dos mais bem sucedidos concertos da presente temporada no Rio de Janeiro, o que quer dizer em todo o Brasil. A CIA. BACHIANA BRASILEIRA, dirigida pelo regente de orquestra Maestro Ricardo Rocha, a orquestra e coro da companhia e solistas levaram a um público encantado um programa todo dedicado a duas típicas obras de José Maurício Nunes Garcia, o “Ofício de Defuntos” de 1816, mais conhecido pelo abreviado nome de Ofício 1816, e a “Missa Pastoril para a Noite de Natal”, composta em 1811.

O local da apresentação foi a Igreja de N.S. de Mont Serrat, situada no mosteiro, muito própria para receber as obras do Padre-Mestre, pela esplendorosa beleza de sua arquitetura religiosa, pela presença em seus altares, púlpitos, coro, portais e paredes da indelével mão de artistas e artífices dos mais significativos e distinguidos do Brasil colônia, a exemplo de Frei Agostinho de Jesus (1600 ?? / ?? ), escultor que deixou uma escultura de São Bento que se encontra à entrada do mosteiro, de José de Oliveira Rosa (1690 ? / 1770 ?), pintor de alguns painéis na Capela das Relíquias do mosteiro, Frei Domingos da Conceição, entalhador que em 1694 iniciou a talha em madeira da igreja do mosteiro e em 1671 havia colocado a porta principal do mesmo, e muitos outros, cuja lista tornaria estes escritos mais longos do que devem ser.

Nesse cenário de vultosa beleza, a música de José Mauricio soou com admirável propriedade pela visível unção religiosa trazida ao evento pelo regente da orquestra, coro e solistas, preciso, claro e expressivo no comando de tudo, pela extrema acuidade estilística de todos, pelo entusiasmo à flor da pele de musicistas e público fruidor. O fascínio da Música (aqui com “M” maiúsculo) a todos subjugou.

Os solistas cantores, sem exceção, estiveram estupendos, mas não seria justo deixar de destacar o canto de legítimo meio-soprano de Carolina Faria, cuja elegante voz jamais sobe às sonoridades tímbricas de soprano, do onipresente baixo Pedro Olivero, útil como sempre, do tenor Evandro Stenzowski, de fácil subida às delicadas colcheinhas da região aguda do tenor, e o claro e delicado canto do soprano Paloma Lima, que canta sentindo música e palavras na mesma medida, em sofisticado conluio.

O Coro brilhou, enchendo todo o templo com robusta energia, e a orquestra tocou com sonoridade ora litúrgica ora pomposa e brilhante, como deve ser, obrigatória a menção ao superexpressivo tímpano de Lino Hoffmann na Missa Pastoril e às precisas entradas e precioso som da clarineta de Wálter Júnior na mesma obra.

Prossegue assim a CIA. BACHIANA BRASILEIRA em sua benemérita trajetória. Quando olhamos para o que ela fez e faz, pensamos todos naquela história do “falar é fácil, fazer é que são elas”. E como tem gente falando por aí ....

LAISSE-TOI DONC AIMER / OH! L"AMOUR C"EST LA VIE - VICTOR HUGO

MARCUS GÓES – CIA. BACHIANA BRASILEIRA – MOSTEIRO DE SÃO BENTO – 30/07/2010

Autor Marcus Góes

em 31/7/2010

Enviado por Pedro Ismael, do Theatro Municipal

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