segunda-feira, 28 de junho de 2010

UM POUCO DA HISTÓRIA DOS BAIRROS DO RIO

Este blog prossegue com a publicação, por órdem alfabética, do resumo dos 159 bairros existentes na cidade do Rio de Janeiro, segundo levantamento realizado pelo Instituto Pereira Passos, vinculado a Secretaria Municipal de Urbanismo da Prefeitura do Rio. Nesta postagem destacamos os bairros São Cristovão e São Francisco Xavier.

São Cristovão

Antes da chegada dos colonizadores, toda a região do bairro de São Cristóvão era um grande alagado, cruzado por vários rios, que se estendia do litoral sinuoso do Saco de São Diogo, em direção norte, até os atuais morros do Telégrafo e do Pedregulho. O acesso era difícil, a não ser por transporte marítimo. O primeiro caminho terrestre foi o caminho de São Cristóvão, que partia de Mata Porca (atual bairro do Estácio), passava por um alagadiço (atual Praça da Bandeira) e, na altura do morro do Barro Vermelho, fazia uma curva acentuada até alcançar a orla da baía de Guanabara, seguindo daí até o Caju. Hoje, esse trajeto - que cruzava pontes sobre os Rios Compridos, Trapicheiros, Maracanã e Joana - corresponderia às atuais ruas Joaquim Palhares, Ceará e São Cristóvão.

O bairro de São Cristóvão teve sua origem na grande sesmaria pertencente aos jesuítas, que se estendia do Rio Comprido até Inhaúma e que, entre 1572 e 1583, foi desmembrada nas fazendas do Engenho Velho, do Engenho Novo e de São Cristóvão. Seu nome se deve à igrejinha dedicada ao santo erguida pela Companhia de Jesus junto à praia habitada apenas por alguns pescadores.

Seu nome se deve à igrejinha dedicada ao santo erguida pela Companhia de Jesus junto à praia habitada apenas por alguns pescadores. Por ser uma área onde ocorriam muitas inundações, os jesuítas escolheram São Cristóvão para a sua devoção cristã e fundaram, em 1627, a igrejinha que deu lugar, anos mais tarde, à Matriz de São Cristóvão. Naquela época, o mar chegava às suas portas e a igreja era freqüentada por pescadores.

Após sucessivos aterros, a orla desapareceu, dando lugar ao norte às indústrias, à Av. Brasil e ao Gasômetro. Até o século XVIII, a região de São Cristóvão possuía aspecto rural e era destinada à agricultura e à pecuária nas propriedades dos jesuítas, que abasteciam a Cidade. Com a expulsão dessa ordem religiosa (1759) e a vinda da Família Real para o Rio de Janeiro, em 1808, a região foi retalhada e dividida em chácaras, que foram adquiridas por ricos comerciantes. Num morrote a beira mar, ficava a Fazenda de São Cristóvão, erguida no século XVII

O comerciante português Elias Antonio Lopes, cuja propriedade se estendia da orla marítima ao Rio Maracanã, doou, em 1808, sua casa e chácara à Família Real, recém chegada. Neste lugar, a atual Quinta da Boa Vista, se instalaram Dom João VI, Dom Pedro I e Dom Pedro II. São Cristóvão passou então a ser considerado uma área nobre e ganhou novo acesso pelo Caminho do Aterrado ou das Lanternas, que cruzava o Mangue (atual Av. Presidente Vargas).

A Estrada de Ferro Dom Pedro II, inaugurada no segundo reinado, invadiu o bairro, assim como a ferrovia para Petrópolis (depois Estrada de Ferro Leopoldina). Depois chegaram as linhas de bondes, inicialmente de tração animal e logo eletrificadas.

Depois chegaram as linhas de bondes, inicialmente de tração animal e logo eletrificadas. Eram as linhas Alegria, São Januário, Cancela, Pedregulho e Bela de São João, que serviam como principal transporte da população. No Largo da Cancela - assim chamado por ter uma cancela colocada pelos jesuítas para a passagem dos tropeiros - começava a antiga Estrada Real de Santa Cruz, que dava acesso ao sertão, a São Paulo e a Minas Gerais.

Com o advento da República, São Cristóvão entrou em decadência, os casarões da monarquia se transformaram em cortiços e o bairro passou a se caracterizar pelo pequeno comércio, vilas e residências modestas. A partir da década de 1930, as indústrias tomaram conta do bairro, incentivadas pelo Decreto N° 6000, de 1937.

Após a explosão da indústria automobilística no Brasil, São Cristóvão, que já tinha a Avenida Brasil desde os anos 1940, passa a ser cruzado por vias expressas e viadutos, o último deles o elevado da Linha Vermelha.

Nota: A denominação; delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280 de 23 de agosto de 1985 e Lei 2672 de 8 de setembro de 1998.

São Francisco Xavier


As terras de São Francisco Xavier pertenciam ao Engenho Novo dos Jesuítas, construído a partir de 1707. Suas áreas de canaviais e lavouras se estendiam desde a praia Pequena (Benfica) até o Engenho de Dentro.

Em 1851, o “TURF” passou a fazer parte da Cidade, no “Prado Fluminense”, antes o “Jóquei Clube Fluminense”, que tinha sido fundado em 1848 por iniciativa do Visconde do Rio Branco, do Duque de Caxias, de Alexandre Reed e do Major Suckow. Este pediu o “Prado” e nele ocuparia as corridas de cavalos. Apesar da presença de Dom Pedro II em sua inauguração, o fracasso foi total. O Jóquei Clube, sucessor desse “Jóquei Clube Fluminense”, surgiria, em 1868, na casa do Conde Hersberg, genro do Major Suckow, na rua que logo abriria (a atual rua Major Suckow). Suas primeiras corridas foram em maio de 1869, no “Prado Fluminense”, em terrenos de sua família, entre São Francisco Xavier e Triagem, ao longo da rua João Damásio (depois Jóquei Clube, e atual Licínio Cardoso). Em 1912, uma equipe francesa da “Queen Aeroplane Company” faria a nossa primeira semana da aviação, usando o “Prado Fluminense” como ponto de decolagem para suas peripécias aéreas pela Cidade.

Em 1919, começou-se a estudar a possibilidade de construção de um novo Hipódromo para substituir o “Prado Fluminense”. Para isso, foi feita a permuta do seu terreno em São Francisco Xavier por um terreno pantanoso, a beira da Lagoa Rodrigo de Freitas, onde, em 1926, concluiu-se as obras do atual Hipódromo da Gávea. No lugar do “Prado Fluminense”, foi instalada uma unidade do Exército e a antiga garagem da CTC, entre as ruas Bérgamo, Major Suckow, Dr. Garnier e Conselheiro Mayrink, parte dela pertencendo ao bairro vizinho do Rocha.

Com a inauguração da Estrada de Ferro Dom Pedro II (depois Central do Brasil), em 1858, foi implantado, em 16 de maio de 1861, a estação de São Francisco Xavier, onde os subúrbios (na época bairros rurais da zona norte) principiavam. Na Linha Auxiliar, seria inaugurada, em 30 de novembro de 1910, com o nome de Parada Silva e Souza, a atual estação de Triagem. Na época, havia duas estações: uma para passageiros, outra de cargas. Até meados dos anos 1960, essa estação serviu também como estação da Estrada de Ferro Rio D’Ouro. Com a construção da Linha 2 da Companhia do Metropolitano do Rio de Janeiro, seu trecho em via elevada cruzou o bairro de São Francisco Xavier. A estação de metrô de Triagem foi inaugurada em junho de 1988, sendo integrada aos trens da Supervia nos ramais de Belford Roxo e Saracuruna pela estação ferroviária de Triagem.

O bairro de São Francisco Xavier é um dos menores do Rio de Janeiro e seu comércio se concentra nas ruas Licínio Cardoso e Ana Néri (antiga rua do Engenho Novo). Um dos marcos do bairro é o viaduto Ana Néri, sobre o ramal da Linha Auxiliar, que faz a ligação com Benfica e com a Avenida Brasil. Na sua inauguração, em 1956, estava presente o então Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira.

No lado sul do ramal da Supervia, o bairro é limitado pela Serra do Engenho Novo, tendo a rua São Francisco Xavier e a avenida Marechal Rondon – onde fica a Policlínica Piquet Carneiro - como principais logradouros. O bairro possui duas comunidades de baixa renda: a Vila Triagem e a Vila Casarão, junto a estação de São Francisco Xavier.

Nota: A denominação; delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280 de 23 de agosto de 1985.

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