segunda-feira, 14 de junho de 2010

UM POUCO DA HISTÓRIA DOS BAIRROS DO RIO

Este blog prossegue com a publicação, por órdem alfabética, do resumo dos 159 bairros existentes na cidade do Rio de Janeiro, segundo levantamento realizado pelo Instituto Pereira Passos, vinculado a Secretaria Municipal de Urbanismo da Prefeitura do Rio. Nesta postagem destacamos os bairros Sampaio, Santa Cruz e Santa Teresa.

Sampaio

Assim como o bairro do Riachuelo, Sampaio tem origem na antiga fazenda do Engenho Novo. Suas terras pertenciam a grandes proprietários como Paim Pamplona e Adriano Muller que, com o tempo, foram loteadas e urbanizadas. Os primitivos proprietários abriram ruas como a Cadete Polônia e Paim. Sua estação é uma homenagem ao Coronel Sampaio, Patrono da Cavalaria. No Bairro, estão localizadas as comunidades do Morro da Matriz e Quieto. Na Av. Marechal Rondon está a Vila Olímpica do Sampaio.

Nota: A denominação, delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280, de 23 de agosto de 1985 e pela Lei Complementar nº 17 de 29 de julho de 1992.

Santa Cruz

A região era povoada pelos índios Tupi-Guarani, que a denominavam Piracema, PIRÁ “Peixe” e CÊMA “Saída”, ou seja “saída dos Peixes” ou “muitos peixes”. Com a chegada dos portugueses à Baía de Guanabara, a vasta região da Baixada de Santa Cruz foi doada a Cristóvão Monteiro.

Em 1589, sua esposa, a Marquesa Ferreira, doou à Companhia de Jesus metade do que tinha herdado ali. Os Jesuítas expandiram sua propriedade, comprando, em 1616, terrenos dos herdeiros de Manuel Veloso Espinho e, em 1654, mais 3 léguas de Tomé Correia de Alvarenga e outras do genro de Antonio de Alvarenga, ficando com um total de 10 léguas da Baía de Sepetiba até Vassouras, o suficiente para fundarem a Aldeia de Itaguaí, hoje um município fluminense.

Esse imenso latifúndio, a poderosa fazenda de Santa Cruz, se tornou a fazenda mais desenvolvida da Capitania, com milhares de escravos, cabeças de gado e variados tipos de cultivo, manejados com técnicas avançadas para a época. Obras de arte emprestavam uma grande categoria à sua igreja e convento, que possuia hospedaria para viajantes, moradia dos pobres, hospital e escolas profissionais. Destacava-se a escola de música, com orquestra e coral integrados por escravos, o que tornou Santa Cruz o primeiro conservatório musical no Brasil.

A abertura do caminho dos jesuítas, que possibilitava a ligação da região com a cidade do Rio de Janeiro, posteriormente se tornou a Estrada Real de Santa Cruz que, vinda de São Cristóvão, corresponde às atuais avenidas Dom Helder Câmara, Ernani Cardoso, Intendente Magalhães, Marechal Fontenelle, de Santa Cruz e Cesário de Melo e à rua Felipe Cardoso. Os jesuítas participaram da construção do seu prolongamento no trecho da estrada nova para São Paulo, que, em Itaguaí, subia a Serra da Calçada em “pés-de-moleque”, rumo a São João Marcos. Os religiosos realizavam obras arrojadas de engenharia – principalmente de irrigação – abriam diversos canais e valas para escoamento e drenagem das baixadas alagadas pelo rio Guandu e seus braços, construíam diques e pontes. Entre elas destaca-se a famosa “Ponte dos Jesuítas”, de cantaria, erguida em 1752 com a finalidade de regular o volume de água do rio Guandu, existente até hoje e tombado como monumento histórico pelo patrimônio histórico e artístico nacional.

Em 1759, quando os jesuítas foram expulsos pelo Marquês de Pombal, o patrimônio da fazenda de Santa Cruz reverteu para a coroa portuguesa, subordinando-se aos vice-reis. Os jesuítas dispunham então de 22 currais, com cerca de 8.000 cabeças de gado. Os maiores eram o Curral Falso, o da igreja, de São Francisco, de São João e de São Marcos. Com a chegada da Família Real no Brasil, em 1808, a fazenda se transformou num local de veraneio para Dom João VI e, desse modo, o antigo convento foi adaptado as funções de Paço–Real e passou a ser chamado de Palácio Real de Santa Cruz. Ali cresceram e foram educados os príncipes regentes Dom Pedro e Dom Miguel. Também nessa época foi introduzida na fazenda a cultura do chá, de ótima qualidade, feita por chineses, no local conhecido hoje como “Morro do Chá”. Dom Pedro era presença constante na fazenda e, na sua longa viagem histórica a São Paulo, em 1822, onde proclamou a Independência do Brasil, deteve-se ali, em reunião com a presença de José Bonifácio.

No reinado de Dom Pedro II, a fazenda se transformou na Fazenda Nacional de Santa Cruz. Lá, em 1842, foi inaugurada a primeira Agência de Correios do Brasil e, em 1871, a princesa Isabel assinou a Lei de Libertação de todos os escravos do Governo Imperial. No final de 1881, Dom Pedro II inaugurou o matadouro de Santa Cruz, tido como o mais moderno do mundo na época. Com a Proclamação da República, Santa Cruz perdeu seu prestígio “imperial”, mas já era uma cidade, com palacetes, solares, comércio e logradouros. Vieram então os imigrantes estrangeiros, árabes e italianos que expandiram o comércio local e os japoneses que foram trabalhar na agricultura.

O trem chegou com a inauguração do ramal de Mangaratiba até a estação de Santa Cruz, em 2 de dezembro de 1879. Destinava-se ao transporte especial de carnes do novo matadouro até a estação da Corte e ao transporte de passageiros. Além do ramal do Matadouro, inaugurado em 1884 por Dom Pedro II, e do ramal da Base Aérea, a linha férrea prolongava-se para Itaguaí, chegando até Mangaratiba (RJ). Atualmente esses ramais foram extintos, passando Santa Cruz a ser a última estação dos trens elétricos vindos da Estação Central Dom Pedro II. No governo Getúlio Vargas (década de 1930), foram feitas grandes obras de saneamento e criadas colônias agrícolas.

Em 1938, famílias japonesas se estabeleceram em lotes nas estradas da Reta do Rio Grande e de São Fernando, produzindo quantidade expressiva de alimentos, que conferiram a Santa Cruz o apelido de “celeiro” do Distrito Federal. Com o advento da aviação, surgiria a época dos grandes dirigíveis do Conde Zeppelim, para um dos quais, o “Hindenburg”, se construiriam em 1934 enormes hangares, um deles existente até hoje e que deu origem do aeroporto Bartolomeu de Gusmão e à atual Base Aérea de Santa Cruz. Nos antigos campos de lavoura surgiriam indústrias, como a nova Companhia Siderúrgica Nacional (COSIGUA – Grupo Gerdau) na década de 1970, a Usina Termoelétrica de Santa Cruz, o Distrito Industrial de Santa Cruz (1975), com a Casa da Moeda do Brasil, a White Martins, a Valesul (alumínio) e outras empresas.

Atualmente, está sendo construída em grande área entre os canais de São Francisco e São Fernando, a Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), com extenso píer na Baía de Sepetiba. Nas décadas de 1970/1980 a CEHAB construiu diversos conjuntos habitacionais na periferia de Santa Cruz, destacando-se os conjuntos de Antares, Pistóia, Otacílio Camará (Cesarão), Olímpio dos Santos (Urucânia), Boa Esperança, João XXIII, Guandu, Miécimo da Silva, São Fernando, Rio Grande, Novo Mundo, Alvorada, entre outros. Os principais acessos à Santa Cruz, além do trem, são a avenida Cesário de Melo (antiga Estrada Real), o Largo do Curral Falso, a rua Felipe Cardoso e a avenida Brasil, de onde começa a Rodovia Rio-Santos, construída na década de 1970.

Como atrações do bairro destacam-se a Praça Ruão, com o “Marco Onze” e o 1º Batalhão de Engenharia - instalado na antiga Fazenda Real de Santa Cruz - a igreja N. Sra. da Conceição, a fonte Wallace, o morro do Mirante, o Hangar do Zeppelim, a ponte dos Jesuítas, o palacete Princesa Isabel e a Cidade das Crianças Leonel Brizola, que funciona como Parque Temático da Prefeitura, destinado especialmente, as crianças e adolescentes.

Nota: A denominação, delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280, de 23 de agosto de 1985.

Santa Teresa

Antigamente, o bairro se chamava “Morro do Desterro”, com acesso pela atual Ladeira de Santa Teresa, onde foi construída a capelinha de N.S.do Desterro, em 1629. Depois, em 1750, o Governador Gomes Freire de Andrade construiu o Convento de Santa Teresa para abrigar ordem de religiosas.

Outro acesso era a Ladeira do Castro, entre Mata-Cavalos (atual Riachuelo) e o Largo do Guimarães (formado, em 1857, numa chácara de João Joaquim Marques de Castro). Cruzando o morro de Santa Teresa, a pequena trilha que acompanhava os canos do Aqueduto da Carioca, se tornou mais tarde a Rua do Aqueduto, atual Almirante Alexandrino.

Santa Teresa, por sua situação e clima ameno, foi sendo ocupada por famílias abastadas que fugiam da insalubridade e das epidemias do Rio colonial. Em 1850, foi aberto novo acesso pela Rua Dona Luísa (atual Cândido Mendes). Havia várias chácaras, como a chácara de Dona Luísa e as chácaras das Neves, do Castro, da Lagoinha, todas posteriormente loteadas. Do desmembramento das propriedades de Francisco Paula Matos (1845) e Francisco Ferreira das Neves (1853), surgiram as Ruas Oriente, do Progresso, das Neves, Paula Matos, Paraíso, Largo das Neves, entre outras.

Para facilitar o acesso a Santa Teresa, a “Empresa de Carris de Ferro de Santa Teresa” iniciou a construção da primeira linha de bondes puxados a burros, integrada ao plano inclinado, que seguia até o Largo do França. Já com o nome de “Companhia Ferro Carril Carioca”, foi inaugurada, em 1896, a primeira linha de bondes elétricos em Santa Teresa, que saía do Largo da Carioca, passava sobre os Arcos da Lapa, e seguia até o Largo do França. Em 1897, a linha foi estendida até o Silvestre e Paula Matos, consolidando a ocupação do bairro.

Nota: A denominação; delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280 de 23 de agosto de 1985.

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