terça-feira, 1 de junho de 2010

UM POUCO DA HISTÓRIA DOS BAIRROS DO RIO

Este blog prossegue com a publicação, por órdem alfabética, do resumo dos 159 bairros existentes na cidade do Rio de Janeiro, segundo levantamento realizado pelo Instituto Pereira Passos, vinculado a Secretaria Municipal de Urbanismo da Prefeitura do Rio. Nesta postagem destacamos os bairros Ribeira, Ricardo de Albuquerque e Rio Comprido.

Ribeira

O nome do bairro vem da fazenda da Ribeira que existiu no século XIX em estreita faixa de terra dessa área da Ilha do Governador. Nesse século, a Ilha funcionou como centro de abastecimento da Cidade, incluindo a pesca, cal, tijolos e telhas. Na Ribeira se estabeleceram portugueses, cultivando o solo com produção de aguardente e de cal. A população e suas atividades foram se expandindo e, na segunda metade do século XIX, a Ribeira já era uma localidade consolidada.

Em 1870, na faixa Ribeira – Zumbi – Pitangueiras, existiam mais de 100 casas e estabelecimentos comerciais. Com o advento do século XX, a urbanização se acelera. Em 1914 ali se instalam duas grandes Companhias de Petróleo, a SHELL e depois a ESSO. Em 1922, a Companhia de Melhoramentos da Ilha do Governador põe em circulação o bonde elétrico, com linha entre a Ribeira e o Cocotá, fazendo a conexão com o transporte marítimo, na ponte de atracação de barcas na Ribeira. O bonde seria extinto em 1964 e muito antes, em 1931, criou-se a primeira linha de ônibus ligando a Ribeira ao Galeão. A “Casa do Índio” merece ser lembrada por nos remeter aos primeiros habitantes da Ilha.

O arruamento e loteamento em torno da rua Paramopama datam de 1934 e representam toda a área atualmente habitada do bairro. No morro do Ouro foi construída, em 1913, a Igreja da Sagrada Família, em terras doadas pelo negociante português Fernando Fonseca. O bairro tem uma grande praça, junto ao terminal de barcas, denominada Iaiá Garcia, e duas praias, a da Ribeira e a da Engenhoca, essa com faixa de areia aumentada, quiosques e mais freqüentada. Na ponte Dr. Luis Paixão ficava o citado terminal de barcas, hoje transferido para o Terminal de Cocotá. No bairro, além das instalações das Companhias Petrolíferas, fica a mais importante feira livre da Ilha, e as quadras esportivas da ACM (Associação Cristã de Moços).

Nota: A denominação, delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280, de 23 de agosto de 1985.

Ricardo de Albuquerque

Suas terras pertenciam ao engenho N. Sra. De Nazaré, dos herdeiros do capitão Bento de Oliveira Braga, cuja sede ficava em elevação de onde se avistava panorama deslumbrante das baixadas ao redor.

Do lado leste da Estrada de Ferro Dom Pedro II, depois Central do Brasil, uma parte do engenho de Nazaré ficaria com o fazendeiro Luiz Costa, loteador da região. Ali, o “Lar Brasileiro” fundaria, em 1935, o loteamento “Vila N. Sra. de Pompéia” - aprovado na gestão do prefeito Pedro Ernesto -, onde vários logradouros foram abertos e reconhecidos posteriormente, em terrenos da Cia Suburbana de Terrenos e Construções S.A. A Igreja Nossa Senhora de Pompéia, construída na região, teria como seu primeiro vigário o padre Aldolino Gesser.

A estação de Ricardo de Albuquerque, inaugurada em 1913, deve seu nome a José Ricardo de Albuquerque, antigo diretor da ferrovia e poeta. Na década de 1950 saía desta estação um ramal de uso militar que seguia para base militar no campo de Gericinó e cujo leito acompanhava a estrada do Engenho Novo e dividia um morro em dois, fazendo no meio um corte chamado de “Rasgão”, atualmente extinto e desaparecido.

Na avenida Marechal Alencastro fica o cemitério de Ricardo de Albuquerque, que faz limite com a extensa área militar do campo de Gericinó. À leste da ferrovia, no início do século XX, as terras pertenciam a Dona Joana Fontoura, que vendia lotes próximos a estrada do Camboatá. O coronel Carneiro da Fontoura dela compraria um lote para a sua chácara, lá para os lados da estrada Dona Joana (atual rua Fernando Lobo) e estrada do Alcobaça (atual rua Alcobaça), naqueles campos e colinas verdejantes, atualmente ocupados por loteamentos proletários e comunidades de baixa renda.

Nota: A denominação, delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280, de 23 de agosto de 1985.

Rio Comprido

Antigamente, o Rio Comprido era denominado Rio Iguaçu e cruzava a região conhecida como Catumbi Pequeno, que compreende o atual bairro do Rio Comprido e parte do bairro do Estácio. O acesso à região se dava pelo Catumbi Grande (atual Catumbi) - vale entre os Morros de Santa Teresa e Santos Rodrigues -, por caminhos tortuosos abertos pelos colonizadores portugueses que desbravam os arredores do Rio de Janeiro. O principal era a Estrada do Catumbi, atual Rua Itapiru, caminho longo ocupado por sítios e chácaras ao longo do Rio Catumbi ou Papa-Couves e que alcançava o Catumbi Pequeno nas imediações da chamada “Cova da Onça”.

O Rio Comprido abrigou o Quartel General do Exército na época de Dom João VI, se tornando um bairro agradável aos ingleses, que nele habitavam em casas próprias ou propriedades cercadas de amplos quintais. Sua chácara mais famosa foi a do Bispo Frei Antonio do Desterro, erguida no século XVII, também conhecida como “Casa do Bispo”, que serviu de residência episcopal até 1873, quando ali se instalou o Seminário São José. O prédio, conservado até nossos dias, foi tombado pelo patrimônio histórico.

A influência do Bispo no Rio Comprido era enorme e suas terras se estendiam até a chamada “Pedra do Bispo”. A partir do Largo do Bispo, atual Pça. Condessa Paulo de Frontin, foi aberta, em 1844, a Rua do Bispo. Dali saíam também a Rua do Rio Comprido (atual Aristides Lobo) e a Rua da Estrela, assim chamada pelo fato de nela se situar o Solar do Barão da Estrela, o português J. Maia Monteiro.

A Rua Santa Alexandrina foi aberta, em 1841, para se encontrar com os canos de Santa Teresa, dando acesso ao trecho superior do Rio Comprido, com acesso a Lagoinha pelo caminho do “Trilho do Sumaré”. Na Lagoinha ficava um aqueduto de captação de águas, oriundo das nascentes do Rio Comprido, que se conectava com os “canos da carioca”. Esse aqueduto corresponde à atual Estr. Dom Joaquim Mamede.

A rua mais longa do Rio Comprido era a Rua da Bela Vista, onde ficava a chácara do Marechal Francisco Cabral da Silva, o Barão do Itapagipe, que, depois da sua morte, daria nome à rua. Nela se destacava o casarão secular do Conde de Bonfim, demolido no século XX para dar lugar ao Hospital Alemão, que, depois de confiscado na II Guerra Mundial, deu lugar ao atual Hospital da Aeronáutica. A Avenida Paulo de Frontin foi aberta em 1919 pelo próprio engenheiro e Prefeito, que canalizou e retificou o Rio Comprido.

O Bairro cresceu e outras ruas abertas, até que, em 1967, a abertura do Túnel Rebouças ao final da Av. Paulo Frontin transformou o bairro na principal passagem entre a Zona Norte e a Zona Sul. Alguns anos mais tarde foi implantado sobre o Rio Comprido o Elevado Paulo de Frontin (atual Av. Engenheiro Freyssinet), cuja construção é marcada por uma tragédia que abalou a sociedade carioca. Em 1971, durante as obras, o elevado sofreu o desmoronamento de um trecho com 122 metros de extensão que caiu sobre a Rua Haddock Lobo, matando 28 pessoas e destruindo 22 veículos. Reconstruído e inaugurado em 1974, o elevado passou a permitir o acesso direto ao Túnel Rebouças pela Praça da Bandeira, o que retirou parte dos veículos de passagem do bairro. Mais tarde, o elevado foi conectado à Linha Vermelha, inaugurada em 1992.

Nota: A denominação; delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280 de 23 de agosto de 1985.

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