segunda-feira, 3 de maio de 2010

UM POUCO DA HISTÓRIA DOS BAIRROS DO RIO

Este blog prossegue com a publicação, por órdem alfabética, do resumo dos 159 bairros existentes na cidade do Rio de Janeiro, segundo levantamento realizado pelo Instituto Pereira Passos, vinculado a Secretaria Municipal de Urbanismo da Prefeitura do Rio. Nesta postagem destacamos os bairros Praia da Bandeira, Quintino Bocaiuva e Ramos.

Praia da Bandeira

A região era conhecida como praia da Tapera, ou localidade da Tapera. Os bondes começaram a circular na área em 1922, pela estrada da Tapera, atual rua Capitão Barbosa. Esse militar foi figura ilustre do bairro, grande nacionalista, que muito colaborou para o desenvolvimento do lugar. Sua esposa nos anos de 1920 era diretora de uma escola na estrada da Tapera, e um militar amigo da família teve a iniciativa de construir, na Ponta do Tiro, um pequeno forte com um canhão e um mastro para hastear a Bandeira Brasileira, a fim de que as crianças da escola, pudessem comemorar o “Dia da Bandeira”. Daí o nome atual do bairro, Praia da Bandeira, cuja estreita faixa arenosa desfruta de bela paisagem da Baía de Guanabara. A escola foi transferida para a praia do Zumbi e hoje é a Escola Municipal Cuba.

O bairro surgiu do loteamento lançado em 1931 pela Companhia Territorial da Ilha do Governador, que fez o arruamento, promovendo a venda de terrenos. De características predominantemente residenciais, teve boa parte de sua área, no alto do morro da Tapera, ocupada por grandes Conjuntos Habitacionais, com acesso pelas ruas Altinópolis, Frei Inocêncio, Apoporis, com os Condomínios Arco-Íris, Verdes Mares, Aerobita, Morada da Ilha, Recanto Feliz, etc.

Como curiosidade, em 1947 instalou-se no bairro a Indústria de Água Mineral Fontana, na rua Capitão Barbosa e em 1958 na mesma rua, no número 215, existiu a única Estação de Águas do então Distrito Federal, o “Parque Fontana” hipotermal, onde se podia beber a água mineral natural, ambos indústria e parque, já extintos. Portanto, o nome desse bairro da Ilha do Governador tem origem na Bandeira Brasileira que era hasteada no Pequeno Forte da Ponta do Tiro.

Nota: A denominação, delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280, de 23 de agosto de 1985.

Quintino Bocaiúva

A região pertencia à freguesia de Inhaúma, parte dela junto ao maciço da Tijuca, na Fazenda da Bica, com sede próxima a atual rua Souto.

A abertura da Estrada de Ferro Dom Pedro II, depois Central do Brasil, deu ao local a estação Cupertino (dono de grande pedreira fornecedora para construções na cidade), inaugurada em 1o de maio de 1876. Seu nome foi mudado para Quintino Bocaiúva em homenagem ao parlamentar, jornalista e comandante civil da Proclamação da República, morador de chácara nas proximidades, no ano de sua morte, em 1912.

Na década de 1940, existia grande terreno, entre a rua Clarimundo de Melo (antiga estrada de Muriquipari) e o morro do Inácio Dias, onde funcionava a Escola XV de Novembro, depois FUNABEM (até os anos de 1980), depois CEI, atual FAETEC, todas instituições educacionais. Na década de 1960, o bairro realizava festas de carnaval, dia das crianças, torneios de futebol de salão, e seus dois ranchos carnavalescos, “Decididos de Quintino” e “Aliados de Quintino”, eram dos mais importantes da Cidade. Na década de 1970, Quintino recebeu asfaltamento em todas as suas ruas.

O bairro é predominantemente residencial, sem núcleo comercial expressivo. Destacam-se a Igreja de São Jorge – onde, no dia 23 de abril, o santo é festejado com grande afluência de público, barracas e procissão -, o tradicional coreto da praça Quintino Bocaiúva - onde idosos e crianças se divertem - e a casa onde morou o famoso republicano que deu nome ao bairro, localizada na rua Goiás, próximo ao viaduto de Quintino.

Artur Antunes Coimbra, o grande Zico, jogador do Flamengo e da seleção brasileira, passou sua infância e adolescência no bairro, sendo conhecido como o “Galinho de Quintino”.

Na Sede da FAETEC, funcionam a Escola Técnica Estadual República, o Instituto Superior de Tecnologia em Ciência da Computação do Estado do Rio de Janeiro, e outros órgãos de ensino. Quintino possui comunidades em suas encostas, na Serra do Inácio Dias, destacando-se as comunidades Lemos de Brito ou morro do Macedo, rua Saçu, do Parque Araruna, próxima a estação e da Caixa D’Água, ou Jardim Piedade, no limite com o bairro de Piedade.

Nota: A denominação; delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280 de 23 de agosto de 1985.

Ramos

A região do atual bairro de Ramos pertencia à Fazenda do Engenho da Pedra (depois Fazenda N.S. de Bonsucesso), dentro da Sesmaria de Inhaúma. Ainda no século XVII, foram pioneiras as Estradas Velha do Engenho da Pedra e a Estrada Nova do Engenho da Pedra (atual Av.Teixeira de Castro), que davam acesso à região. Existiam outros caminhos que se comunicavam com o litoral, onde chegavam no “Cais de Pedra”, uma enorme pedra junto a Praia do Apicú (atual Praia de Ramos).

A Fazenda de N.S. de Bonsucesso passou para Dona Leonor Mascarenhas de Oliveira, que, em meados do século XIX, deixou 13 lotes, em testamento, para serem divididos entre parentes e amigos. O Dr. João Torquato de Oliveira herdou a casa e a Fazenda-Sede, região dos atuais núcleos de Bonsucesso e Ramos. Em 1870, sua viúva, Francisca Hayden, vendeu ao Capitão Luiz José Fonseca Ramos terras que abrangiam o Sítio dos Bambus, onde Ramos começou a prosperar. O bairro surgiu por obra dos descendentes do Capitão Ramos, quando os trilhos da Estrada de Ferro do Norte (Leopoldina) chegaram nessa área e foi construída a Parada de Ramos. O português Teixeira Ribeiro e seu filho lotearam as terras, abrindo as ruas Uranos, Professor Lacê, Euclides Faria, Aureliano Lessa, etc, dando início à urbanização de Ramos.

No século XX, surgiu o Social Ramos Clube, freqüentado pelas famílias tradicionais da região e foram fundados o Bloco Cacique de Ramos (em 1961) e a Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense, importantes instituições do carnaval carioca. No século XXI, as areias da poluída Praia de Ramos foram aproveitadas para a implantação do “Piscinão de Ramos”, inaugurado em 2002.

Nota: A denominação; delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280 de 23 de agosto de 1985 e pela Lei Nº 2055 de 9 de dezembro de 1993, que delimita a RA e o Bairro do Complexo do Alemão e pela Lei Nº 2119 de 19 de janeiro de 1994 que cria o Bairro da Maré.

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