terça-feira, 6 de abril de 2010

UM POUCO DA HISTÓRIA DOS BAIRROS DO RIO

Este blog prossegue com a publicação, por ordem alfabética, do resumo da história dos 159 bairros existentes na cidade do Rio de Janeiro, segundo levantamento realizado pelo Instituto Pereira Passos, vinculado à Prefeitura do Rio e à Secretaria Municipal de Urbanismo. Nesta postagem destacamos os bairros de Pedra de Guaratiba, Penha e Penha Circular.

Pedra de Guaratiba

Sua denominação teve origem na partilha das terras da região de Guaratiba entre os herdeiros de seu primeiro donatário, Manoel Velloso Espinha. Com a sua morte, seus dois filhos Jerônimo Velloso Cubas e Manoel Espinha Filho herdaram a freguesia de Guaratiba. Através de mútuo entendimento, dividiram entre eles as terras herdadas do pai, ficando Jerônimo com a parte norte e Manoel com a leste, tendo o rio Piraquê como marco divisório.

Jerônimo Velloso Cubas construiu em seus domínios, em 1628, a Ermida, depois Capela, de Nossa Senhora do Desterro. Ainda existente, a capela situa-se em pequena elevação defronte à Baía de Sepetiba e é tombada pelo Patrimônio da União. Jerônimo não tinha herdeiros e, de acordo com a lei, foi forçado a doar sua parte à “Província Carmelitana Fluminense”, uma Congregação Religiosa da Ordem do Carmo, que ali construiu benfeitorias, destacando-se um engenho com extenso canavial, produtor de açúcar e rapadura. Nessa área, surgiria a fazenda da Pedra, com sua Capela de Sant’ana, que daria origem mais tarde ao núcleo urbano de Pedra de Guaratiba, com acesso pelas estradas da Pedra, da Matriz e do Catruz. O bonde chegaria à localidade pela rua Belchior da Fonseca, com terminal na Praça da Colônia (atual Vila Formosa).

Existem fontes que citam Pedra de Guaratiba como um importante centro exportador de ouro das Minas Gerais no século XVII. Atualmente, o bairro é uma tradicional vila de pescadores, bucólica, com sua bela paisagem da Baía de Sepetiba emoldurando o casario simples e o contínuo movimento de barcos pesqueiros. Nos seus tradicionais restaurantes, é servido excelente pescado, destacando-se os restaurantes Amendoeira e Candido’s, entre outros.

Pedra de Guaratiba possui as praias da Ponta Grossa, da Venda Grande, da Pedra de Guaratiba e da Capela, todas com águas lodosas, escuras, impróprias para banho de mar. Recentemente, foram construídos decks de madeira em sua orla para contemplação da Baía de Sepetiba.

Em Pedra de Guaratiba ficam a Igreja São Pedro, o Pedra Esporte Clube, o Abrigo Evangélico da Pedra e o Morro do Silvério (97 mts), principal elevação do bairro, considerado Área de Preservação Ambiental (APA) pela Lei Municipal 2836/99.

Nota: A denominação; delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280 de 23 de agosto de 1985.

Penha

A primeira capela em louvor a Nossa Senhora da Penha foi erguida em Vila Velha, antiga capitania do Espírito Santo, entre 1558 e 1570. A segunda surgiu no Rio de Janeiro após a fundação da Fazenda de Nossa Senhora da Ajuda, propriedade do Capitão português Baltazar de Abreu Cardoso, na freguesia de Irajá.

Por volta do ano de 1635, o Capitão Baltazar, ao ser atacado por uma cobra, pediu auxilio à Nossa Senhora. Agradecido por ter se livrado do perigo, Baltazar construiu uma pequena capela onde colocou uma imagem de Nossa Senhora. Se antes o Capitão Baltazar subia o penhasco para ver as suas plantações, a partir daí, passou a subir, também, para agradecer e rezar. Logo, pessoas que, à distância, viam a pequena capela, passaram a subir a Grande Pedra - origem da palavra Penha - para pedir e agradecer graças alcançadas.

A devoção a Nossa Senhora da Penha foi se espalhando e cada vez era maior o número de pessoas que visitavam o lugar.O capitão Baltazar doou todas as suas propriedades à Nossa Senhora da Penha. Para administrar o patrimônio foi criada, em 1728, a Venerável Irmandade de Nossa Senhora da Penha que demoliu a primeira capela e construiu, outra, maior, no seu lugar, com uma torre com dois pequenos sinos. Em 1870, a capela foi substituída por um novo templo: uma igreja com uma torre e novos sinos.

Em 1900, houve uma nova intervenção: foram construídas duas novas torres, que mais tarde, em 1925, receberam um carrilhão, com 25 sinos, de origem portuguesa, adquiridos na Exposição Nacional do 1º Centenário da Independência do Brasil. O acesso ao templo é feito por uma escadaria, talhada na pedra, com 382 degraus, que vencem 111 metros de altura. Com a chegada, em 1886, da Estrada de Ferro do Norte, mais tarde Estrada de Ferro Leopoldina, foi criada, na região, a Estação da Penha. E logo no início do século XX, foi implantado o bonde elétrico. O trem e o bonde ajudaram o crescimento do Bairro.

A região praieira da Penha, próxima aos mangues do Saco do Viegas, era chamada de “MARIANGU”, nome indígena de uma ave abundante no litoral da Baía de Guanabara. Nela surgiu o Porto de “Maria Angu”, do qual partiam embarcações para o centro do Rio de Janeiro colonial.

No início do século XX, o Prefeito Pereira Passos instalou no Porto de “Maria Angu”, uma ponte para as barcas da Cantareira atracarem, ligando a Penha à Praça XV, com conexão para a Ilha do Governador. Os grandes aterros que ocorreram nesta área fizeram desaparecer toda a sua orla marítima. No lugar, foi aberta a avenida Brasil e o atual Complexo da Marinha.

Nota: A denominação; delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280, de 23 de agosto de 1985.

Penha Circular

As origens do bairro coincidem com a história do bairro da Penha. Seu nome vem da existência, no início da década de 1930, de uma linha circular destinada a permitir o retorno dos trens de subúrbios que vinham de Barão de Mauá. A linha circular da Penha foi desativada na década de 1940, sendo construída a estação de Penha Circular, que deu nome ao bairro.

Situada entre os bairros da Penha e Brás de Pina, a Penha Circular abrange todo o arruamento entre a linha férrea e a avenida Brasil. Também está lá o Mercado São Sebastião, inaugurado em 1960, que abriga a Bolsa de Gêneros Alimentícios e mais galpões, lojas, empresas importadoras, distribuídas em ruas que levam o nome de Alho, Feijão, Soja, Arroz, etc.

Nota: A denominação, delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280, de 23 de agosto de 1985.

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