terça-feira, 13 de abril de 2010

AS ENCHENTES DO RIO, POR LIMA BARRETO

Desde o início do século passado

De Lima Barreto* publicado no jornal Correio da Noite, Rio, 19-01-1915.

As chuvaradas de verão, quase todos os anos, causam no nosso Rio de Janeiro, inundações desastrosas. Além da suspensão total do tráfego, com uma prejudicial interrupção das comunicações entre os vários pontos da cidade, essas inundações causam desastres pessoais lamentáveis, muitas perdas de haveres e destruição de imóveis.

De há muito que a nossa engenharia municipal se devia ter compenetrado do dever de evitar tais acidentes urbanos. Uma arte tão ousada e quase tão perfeita, como é a engenharia, não deve julgar irresolvível tão simples problema.

O Rio de Janeiro, da avenida, dos squares, dos freios elétricos, não pode estar à mercê de chuvaradas, mais ou menos violentas, para viver a sua vida integral.

Como está acontecendo atualmente, ele é função da chuva. Uma vergonha! Não sei nada de engenharia, mas, pelo que me dizem os entendidos, o problema não é tão difícil de resolver como parece fazerem constar os engenheiros municipais, procrastinando a solução da questão.

O Prefeito Passos, que tanto se interessou pelo embelezamento da cidade, descurou completamente de solucionar esse defeito do nosso Rio. Cidade cercada de montanhas e entre montanhas, que recebe violentamente grandes precipitações atmosféricas, o seu principal defeito a vencer era esse acidente das inundações. Infelizmente, porém, nos preocupamos muito com os aspectos externos, com as fachadas, e não com o que há de essencial nos problemas da nossa vida urbana, econômica, financeira e social

*Lima Barreto, Afonso Henriques de Lima Barreto (Rio de Janeiro, 13 de maio de 1881 - Rio de Janeiro, 1 de novembro de 1922), melhor conhecido como Lima Barreto, foi um jornalista e um dos mais importantes escritores libertários[1] brasileiros. Fonte: Wilkpédia

Artigo enviado pelo amigo e leitor, Pina.

5 comentários:

ane disse...

estudo crônicas de Rubem Braga e em abril 1938 ele ainda reclamava das enchentes:

"Muita chuva, nesse mês de abril. E o Rio é uma cidade que não acredita
na chuva. Uma cidade sem abrigos, a não ser aqueles medonhos, de
propaganda. Uma cidade de chapéu de palha, ou sem chapéu. Quando
chove um pouquinho de mais, parece que ninguém previa que fosse
possível chover. Os bueiros se entopem, o trânsito encrenca, tudo fica
insuportável, as poças são enormes, nada funciona. Lembrete para os
nossos urbanistas: existe a chuva. Quando fizerem qualquer coisa,
uma rua, uma calçada, uma linha de bondes, lembrem isto: existe
chuva."

Infelizmente, a história se repete.

Rodrigo Fernandes disse...

Pois é isso mostra que o povo é largado as moscas desde sempre, desde o surgimento dessa nação, incrível como ainda em 2011 problemas crônicos como esses, ainda persistem em nos assolar.

maiara disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
maiara disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
maiara disse...

Nome:Maiara Cristine Oliveira Santos
Turma:2001Muita chuva este ano "Muitas inundações,Imóveis destruídos,Calçadas destruídas, os Bueiros entopem ,O Trânsito para,As poças são enormes, A rua fica cheia de barro e bem que essas enchentes podia parar mas continua se repetindo a mesma história mas isso tem solução para resolver antes que se repita outra vez e que os cidadãos deixem de ser tão mal-educados em jogar lixos nos esgotos."