segunda-feira, 26 de outubro de 2009

UM POUCO DA HISTÓRIA DOS BAIRROS DO RIO

Este blog prossegue com a publicação, por ordem alfabética, do resumo da história dos 159 bairros existentes na cidade do Rio de Janeiro, segundo levantamento realizado pelo Instituto Pereira Passos, vinculado à Prefeitura do Rio e à Secretaria Municipal de Urbanismo. Desta vez são os bairros de Madureira e Magalhães Bastos.

Madureira

Suas terras pertenciam à freguesia de Nossa Senhora da Apresentação de Irajá, criada em 1647. Em 1617, a área do atual bairro de Madureira fazia parte da Fazenda do Campinho, de Dona Maria de Oliveira, cujas terras seriam adquiridas pelo capitão Francisco Inácio do Canto, em 1800. Lá existia o Forte de Nossa Senhora da Glória do Campinho, construído em 1822 e desativado em 1831, onde, em 1851, foi instalada fábrica de artigos pirotécnicos do exército.

Atualmente essa área é ocupada pelo 15º Regimento de Cavalaria Mecanizada. Destacava-se, no Vale do Rio das Pedras, o Engenho do Portela, de Miguel Gonçalves Portela, grande produtor de cana de açúcar, aguardente e rapadura. O nome do bairro vem de Lourenço Madureira, lavrador e criador de gado em terras da Fazenda do Campinho, onde era arrendatário do capitão Inácio Santo e onde fez benfeitorias.

A viúva do capitão, Dona Rosa Maria dos Santos, resolveu expulsá-lo de sua propriedade, denunciando-o ao Juiz de Fora Duque Estrada Furtado de Mendonça. Daí teve início um litígio que tornou Lourenço Madureira o protagonista do primeiro processo legal por posse de terras no Rio de Janeiro.

Dona Rosa faleceria em 1846, quando já tinha dado início ao desmembramento de sua fazenda, repartindo-a em grandes lotes, entre os Engenhos do Portela e de Fora, doados a parentes e conhecidos, como o seu inventariante Domingos Lopes da Cunha e Vitorino Simões, pai de Clara Simões, com quem Domingos se casaria. Com a morte deste, em 1868, Dona Clara Simões se casaria com o Comendador Carlos Xavier do Amaral.

Na chácara de Dona Clara Simões, foi implantada uma linha férrea circular com 2,50 km de extensão denominada “Circular Dona Clara” (inaugurada em 1897 e desativada no início da década de 1950) que, com estação na atual Praça do Patriarca, servia de acesso às instalações de grande frigorífico. Nessa época, já cruzava o bairro a Estrada de Ferro Dom Pedro II, depois Central do Brasil, cuja estação de Madureira foi inaugurada em 15 de junho de 1890.

A implantação da Estrada de Ferro Melhoramentos do Brasil, depois linha auxiliar, e da estação “Inharajá” - depois Magno (homenageando o engenheiro Alfredo Magno de Carvalho) e atual estação Mercado de Madureira - tornou o bairro um importante eixo ferroviário, remontando à época em que fora ponto de convergência das estradas para Santa Cruz, Jacarepaguá e Irajá. Nas encostas do morro do Dendê, escravos entronizaram o culto a São José no local onde, em 1904, foi construída uma capelinha dedicada ao santo e, em 1915, criou-se a Irmandade de São José da Pedra.

Em 1922, a capela foi visitada por Gago Coutinho e Sacadura Cabral (fizeram a primeira travessia aérea de Lisboa ao Rio) e, em 1978, foi inaugurada a escadaria de acesso, com 366 degraus, consolidando a Igreja de São José da Pedra como importante marco religioso do bairro. A Igreja de São Luiz Gonzaga, matriz de Madureira desde 1915, foi construída pelo padre Manso, seu primeiro vigário, em terreno doado por Dona Alcina Valvan Marques.

Madureira era então um pequeno núcleo entre 3 estações ferroviárias - Magno, Madureira e Dona Clara -, mas sua transformação em entreposto agro-pastoril de Irajá e Pavuna, com a chegada das linhas de bonde, do trem e dos ônibus com Mário Bianchi e sua Viação Suburbana, deram grande prosperidade à região, facilitando seu acesso e expandindo seu comércio.

Com a construção do Mercado de Madureira, em 1914, na gestão do prefeito Bento Ribeiro, o bairro se consolidaria como importante centro comercial. Dois anos depois, em 1916, o mercado seria transferido para a atual Avenida Edgar Romero e, em 1929, seria ampliado pelo prefeito Prado Júnior, tornando-se o maior centro de distribuição de alimentos da região.

Reinaugurado em 1959, pelo presidente Juscelino Kubistchek, o “Mercadão” viu surgir, em 1974, a concorrência da Ceasa, em Irajá. Após sofrer um incêndio, em 2000, que destruiu todas as suas instalações, o Mercado de Madureira – um dos principais símbolos do bairro - ressurgiu modernizado, fruto de um esforço coletivo, com grande diversidade de lojas de artigos religiosos, gêneros alimentícios, entre outras.

Na década de 1950, a estrela de teatro de revista portuguesa Zaquia Jorge instalou na Rua Carolina Machado o primeiro teatro permanente da zona suburbana. Zaquia Jorge morreria afogada na Barra da Tijuca em 1957, inspirando a música “Madureira chorou, Madureira chorou de dor” de Júlio Monteiro e Carvalhinho.

Em 1958, foi inaugurada pelo prefeito Negrão de Lima a grande obra viária do bairro, o grandioso viaduto de Madureira ou viaduto Negrão de Lima, projeto do vereador Salomão Filho, que interligava os 3 setores separados pelos ramais da linha férrea. Madureira se tornava importante centro funcional dos subúrbios, com intensa área comercial nas ruas Carvalho de Souza, Carolina Machado e Estrada do Portela, destacando shoppings como o “Tem Tudo”, o Polo 1, seis grandes cinemas, o Shopping São Luiz e o moderno Madureira Shopping Rio, inaugurado em 1993, com 31.000 m2 construídos, lojas, salas de cinema e pólo gastronômico.

Em 1914, foi fundado o Fidalgo Atlético Clube, substituído em 1933 pelo Madureira Atlético Clube, que, unindo-se em 1971 ao Madureira Tênis Clube e ao Imperial Basquete Clube, daria origem ao atual Madureira Esporte Clube, com seu estádio Aniceto Moscoso, inaugurado em 1941, com capacidade para 10.000 torcedores. O “tricolor suburbano” revelou grandes jogadores como Didi, Jair da Rosa Pinto, Evaristo, entre outros, e foi vice-campeão do campeonato estadual de 2006.

A grande tradição da região de Madureira, contudo, se encontra no carnaval e no samba. Do morro da Serrinha, resultando da fusão de 3 escolas, nasceu, em 1947, a escola de samba Império Serrano, com as cores verde-branco, cuja quadra fica junto à estação do Mercado de Madureira. Já a Portela foi fundada em 1923, a partir da união dos blocos “Baianinhas de Oswaldo Cruz” e “Quem Fala de Nós Come Mosca”, depois “Quem Faz é o Capricho” e “Vai Como Pode”, até, em 1935, se tornar o Grêmio Recreativo Escola de Samba Portela. Com quadra localizada na rua Clara Nunes, no bairro vizinho de Oswaldo Cruz, a Portela é a escola recordista de títulos do carnaval carioca, totalizando 21 vitórias.

Em 1985, ocorreu uma dissidência na Portela e integrantes insatisfeitos com a extinção de várias alas fundaram o Grêmio Recreativo Escola de Samba Tradição, com quadra na estrada Intendente Magalhães, divisa entre os bairros de Campinho e Madureira. As principais comunidades de Madureira são as de São José, da Grota, Serrinha e Buriti-Congonhas.

Nota: A denominação, delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280, de 23 de agosto de 1985.

Magalhães Bastos

A área do bairro pertencia à freguesia de Irajá, em cujas terras ficava a Fazenda Sapopemba, de propriedade do Conde Sebastião de Pinho. No governo do presidente Afonso Pena, grande parte da fazenda foi desapropriada para os quartéis da Vila Militar, em cuja construção trabalhou o português Manoel Guina, mestre-de-obras, pioneiro na fundação do bairro.

Originalmente, o local era conhecido como “Fazenda das Mangueiras” e, depois, “Vila São José”. Com a inauguração do ramal ferroviário de Mangaratiba, em 1878, foi implantada a estação Coronel Magalhães Bastos, em homenagem a Antonio Leite de Magalhães Bastos Filho, comandante do primeiro batalhão de engenharia e que deu nome ao atual bairro. Junto à estação, inaugurada em 1914, foi construído viaduto interligando o final da avenida Duque de Caxias a estrada São Pedro de Alcântara.

O bairro se estende da avenida Brasil até a avenida Marechal Fontenele (antiga Estrada Real de Santa Cruz), na localidade de Mallet. Predominantemente residencial, sem núcleo comercial expressivo, o bairro situa-se entre Realengo e a Vila Militar. Destacam-se os quartéis nas estradas General Canrobert da Costa e São Pedro de Alcântara e as comunidades de Vila Brasil, Santo Expedido, Jabaquara, 14 de Julho, Vila Capelinha e parte da Vila São Miguel.

Nota: A denominação; delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280 de 23 de agosto de 1985.



Um comentário:

Rogério Silva disse...

Prezado senhor, boa tarde.
Copiar e colar não é o problema, mas dê os devidos créditos aos textos sobre a história do bairro de Magalhães Bastos que o senhor copiou do site da prefeitura.