terça-feira, 6 de outubro de 2009

UM POUCO DA HISTÓRIA DOS BAIRROS DO RIO

Este blog prossegue com a publicação, por ordem alfabética, do resumo da história dos 159 bairros existentes na cidade do Rio de Janeiro, segundo levantamento realizado pelo Instituto Pereira Passos, vinculado à Prefeitura do Rio e à Secretaria Municipal de Urbanismo. Desta vez são os bairros Joá, Lagoa e Laranjeiras

Joá

A denominação do bairro é originária do nome de um antigo morador, o francês Laurence Anchois, que era pronunciado “Chuá”. Nele fica o morro da Joatinga (YUÁ-TINGA, limoso, esbranquiçado), ocupado por condomínios de grandes residências.

Com localização privilegiada, está o clube Costa Brava, projeto de Ricardo e Renato Menescal, fundado em 1962.

Espremido entre o Oceano Atlântico e o paredão rochoso do Pico dos Quatro, o Joá apresenta alguns dos mais belos panoramas da Cidade, com destaque para a selvagem Praia de Joatinga.

Seu principal acesso é a antiga estrada do Joá, construída em 1929, pelo Prefeito Antonio Prado Júnior.

Nota: A denominação, delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280, de 23 de agosto de 1985.

Lagoa

A região tem como referencial histórico e atual, a Lagoa de Sacopenapã, nome dado pelos índios Tupinambás, que significava local ou caminho dos socós, aves pernaltas comuns nessas paragens. Também a denominavam de “Capopenipem”, local de raízes chatas do fundo lamacento da lagoa.

O Governador Antonio Salema, após dizimar as tribos indígenas, fundou o Engenho Del Rey, que seria repartido em três: os engenhos N. Sra da Conceição da Lagoa, Nossa Senhora da Cabeça e Vale da Lagoa. Mais tarde, Antonio Salema vendeu suas terras a Diogo de Amorim Soares, que a repassou, em 1609, a Sebastião Fagundes Varela, depois para João de Freitas Castro e Melo, que a transferiu para seu filho, o capitão português Rodrigo de Melo Castro Freitas. A partir de 1660, a Lagoa recebeu o nome de Rodrigo de Freitas, que ampliou a sua propriedade.

Na realidade, o atual bairro se situa nos grandes aterros feitos na lagoa pelo Prefeito Carlos Sampaio que, com uma equipe formada pelos engenheiros Alfredo Duarte e Saturnino Braga, delimitou todo o contorno da Lagoa, transformou o Caminho da Fonte da Saudade em rua e inaugurou, em 1922, a Avenida Epitácio Pessoa. Nessa planície artificial, obras complementares eliminando brejos deram origem ao atual Jockey Club Brasileiro, também chamado de Hipódromo da Gávea, projetado pelos arquitetos Archimedes Memória e Francisco Cuchet. O empresário Linneo de Paula Machado construiu suas instalações e o Jockey foi inaugurado, em 1926, pelo então Presidente Washington Luís numa corrida em sete páreos, assistida por trinta mil pessoas.

O aterro da área próxima à Fonte da Saudade, que ficava na chácara do Conselheiro Serra Lisboa, na Praia da Piaçava, deu origem a várias ruas como a Baronesa de Poconé, entre outras. As florestas existentes nos Morros dos Cabritos e da Saudade se tornaram Áreas de Proteção Ambiental, sendo criados os Parques Municipais Fonte da Saudade e José Guilherme Merquior. Após a remoção, em 1970, da Favela da Catacumba, que tinha 1500 barracos e 10 mil habitantes, foram reflorestadas as encostas do morro e criado o Parque da Catacumba ou Carlos Lacerda, inaugurado em 1978. Hoje, o parque sedia a Subprefeitura da Zona Sul. A abertura do Túnel Rebouças, nos anos 1960, transformou as pistas de entorno da Lagoa em áreas de intenso tráfego, o que se acentuou com a conclusão da Auto Estrada Lagoa-Barra.

Em ilhas artificiais da lagoa surgiram os Clubes Caiçaras e Piraquê (Clube Naval). Os aterros mais recentes fazem parte hoje do Parque Tom Jobim - que contorna toda a lagoa e engloba os parques do Cantagalo, dos Patins e das Taboas - com suas quadras, ciclovias e inúmeros quiosques de variada gastronomia, atraindo muita gente. Em dezembro, a atração é a gigantesca Árvore de Natal iluminada nas águas da lagoa.

Propícia a esportes náuticos, a lagoa reúne as sedes do Clube de Regatas do Vasco da Gama, do Botafogo e do Flamengo, além do Estádio de Remo da Lagoa, onde foram disputadas as competições de canoagem e remo dos jogos Pan-Amercianos de 2007.

Destacam-se, também, a Sociedade Hípica do Brasil, o Clube Militar, o Hospital da Lagoa, as Igrejas de Santa Margarida Maria e São José da Lagoa. Próximos à sua orla, ficam os Clubes Monte Líbano, AABB e Paissandu, em estilo modernista.


Nota: A denominação; delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280 de 23 de agosto de 1985.

Laranjeiras

Situada em um vale por onde correm as águas do Rio Carioca, encravada entre os Morros do Corcovado, Dona Marta e Mundo Novo e o espigão de Santa Teresa (Morro da Nova Cintra, etc), Laranjeiras possuía características rurais com sítios e chácaras rústicas que abasteciam a Cidade com verduras, legumes e laranjas. As terras dessa região foram divididas em sesmarias e doadas à família de Cristóvão Monteiro, primeiro ouvidor do Rio, que nelas construiu o “moinho velho”. O primitivo caminho de acesso à Laranjeiras acompanhava o Rio Carioca até o Flamengo.

Essas chácaras foram substituídas por outras luxuosas, pertencentes a nobres e homens abastados, como a Chácara Ilhota, de José Antônio Lisboa, a Chácara dos Frontins, a Chácara da Duquesa de Cadaval, a Chácara do Viana, a Chácara do Conde Modesto Leal, entre outras. Em 1895, fizeram em Laranjeiras uma “praça de touros”, de pedras e tijolos, para diversão aos domingos.

O Palácio Guanabara começou a ser construído a partir de 1853, na antiga Chácara do Rozo, pelo comerciante José Machado Coelho. Em 1865, foi comprado pelo Governo Imperial para servir de residência para a Princesa Isabel e o Conde d “Eu, passando então a ser chamado de “Palácio Isabel”. Com o advento da República, hospedou visitantes ilustres, foi moradia de presidentes e, a partir de 1960, tornou-se sede do Governo do Estado. Junto a ele instalou-se, em 1915, o Fluminense Football Club, que ali construiu o seu Estádio das Laranjeiras.

Na antiga Chácara de Carvalho de Sá, junto ao Morro da Nova Cintra, adquirida pelo empresário Eduardo Guinle, foi construído o Palácio das Laranjeiras entre 1909 e 1914, com seus belos jardins. Em 1947, o Palácio passou para o Governo Federal e, em 1975, foi cedido ao Governo Estadual. Nos jardins, ocupando área de 25 mil metros quadrados, surgiu o Parque Guinle.

A Praça São Salvador foi aberta na Chácara de José Alexandre Carneiro Leão, em 1875. Em 1880, o Bairro ganhava feições industriais com a instalação da Companhia de Fiações e Tecidos Alliança, na área da atual Rua General Glicério. A fábrica chegou a ter mais de mil operários e funcionou até 1938, dando origem a casas e vilas operárias. No lugar da fábrica, surgiria, em 1945, o empreendimento imobiliário “Cidade-Jardim Laranjeiras”, um bairro residencial aristocrático, com abertura de ruas, lotes e um conjunto de mais de dez prédios. A essa altura, o Rio Carioca estava todo canalizado, bondes percorriam a Rua das Laranjeiras, o velho Túnel da Rua Alice fazia a ligação com o Rio Comprido e já existia o corte da Rua Pinheiro Machado ligando Laranjeiras a Botafogo (1909/1913).

Com a inauguração do Túnel Santa Bárbara em 1963, Laranjeiras virou rota de ligação entre as Zonas Norte e Sul, o que foi acentuado com a abertura do Túnel Rebouças em 1965, quando se iniciou um período de intensa produção imobiliária, com verticalização das áreas formais e favelização nas encostas. Hoje, o bairro ainda guarda belos prédios, mansões e locais pitorescos como o “Portugal Pequeno” (Rua Cardoso Júnior) e o Mercadinho São José.

Nota: A denominação; delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280 de 23 de agosto de 1985.

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