segunda-feira, 27 de julho de 2009

UM POUCO DA HISTÓRIA DOS BAIRROS DO RIO

Este blog prossegue com a publicação, por ordem alfabética, do resumo da história dos 159 bairros existentes na cidade do Rio de Janeiro, segundo levantamento realizado pelo Instituto Pereira Passos, vinculado à Prefeitura do Rio e à Secretaria Municipal de Urbanismo. Desta vez são os bairros de Gardência Azul, Gávea e Glória.

Gardênia Azul

O bairro está localizado nas terras do antigo Engenho D’Água de Jacarepaguá, fundado pelo filho do Barão da Taquara, o médico e vereador Francisco Pinto da Fonseca. Na década de 1960, foi implantado o loteamento que deu nome ao bairro, com acesso pelas estradas do Capão (atual Av. Tenente Coronel Muniz de Aragão) e do Engenho D’Água. Possui indústrias, conjuntos habitacionais e várias comunidades.

É limitado pelo canal do rio Anil e a avenida Ayrton Senna. O atual núcleo do bairro foi criado na gestão do governador Negrão de Lima, voltado para a estrada do Capão. Entre o bairro e a avenida Ayrton Senna, desenvolveu-se, em 1991, a comunidade Vila Nova Esperança.

Nota: A denominação, delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280, de 23 de agosto de 1985.

Gávea

O nome do bairro se refere à monumental Pedra da Gávea, a "Metaracanga" dos indígenas, que, com seus 844 metros de altura, é o maior monólito a beira mar do Planeta. Assim chamada por lembrar aos antigos navegadores portugueses, vista do oceano, a gávea de um veleiro, a Pedra, na realidade, situa-se no bairro vizinho de São Conrado, mas acabou dando seu nome ao vale voltado para a Lagoa Rodrigo de Freitas. Como os outros bairros da região, sua origem foi o Engenho d"El Rey, do tempo do Governador Antonio Salema, cujas as terras eram utilizadas para lavouras e pastagens. Cultivava-se cana de açúcar e depois, no século XXI, o café.

A região pertencia à povoação de São José da Lagoa e desta foi desmembrada, em 1873, para originar a Freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Gávea. A Igreja de Nossa Senhora da Conceição, construída entre 1852 e 1857 com o apoio do Capitão Manuel Vitorino do Amaral, seria, em 1875, elevada a Matriz.

O acesso principal à Gávea era o Caminho da Boa Vista, que possuía várias chácaras e palacetes. Nele, o arquiteto francês Grandjean de Montigny (1776-1850) construiu sua residência, conhecida como Olaria da Gávea. Hoje, o Solar Grandjean de Montigny abriga o Centro Cultural da PUC-Rio, dentro do campus da universidade, aberto à visitação.

No ponto mais alto do Caminho da Boa Vista, em meio à floresta, ficava a grande chácara de José Antônio Pimenta Bueno, o Marquês de São Vicente, que daria depois seu nome à rua. A área pertenceu a uma fazenda de café, loteada no século XIX, conhecida como Chácara do Morro Queimado. Seu último dono foi o Engenheiro Guilherme Guinle que, em 1939, a vendeu para a Prefeitura, que ali criou o Parque da Cidade, ocupando 470 mil metros quadrados com gramados, lagos, trilhas, reserva florestal e o Museu da Cidade, instalado na antiga residência do Marquês de São Vicente.

Marcada pelos monumentais paredões do Morro Dois Irmãos (539 m) e seus dois picos rochosos, a Gávea é atravessada pelo Rio Rainha – o antigo Rio Branco -, tributário da Lagoa, que nasce nas encostas do Parque. O Largo das Três Vendas - atual Pça. Santos Dumont -, onde ficava o Hotel do Amaral, era o principal referencial do antigo bairro e ali chegaram os bondes, em 1872. Em 1904, já elétricos, os bondes subiam a Rua Marques de São Vicente até o seu final, no local chamado de "Rodo".

Quando começaram a lotear as florestas da Gávea, João Borges comprou, em 1906, antiga chácara que foi loteada por seu filho, abrindo três ruas e 100 lotes em 1926. As chácaras de Manuel Pinto, Taylor da Fonseca, José Pereira Rego, Cônego José Caetano de Ferreira Aguiar e outros, geraram a rede viária do Bairro. Ciro Canto e Mello era proprietário de grande área florestal, que foi da Família Borges, e seus herdeiros abriram o loteamento Canto e Mello acima da cota dos 100 metros. Com a abertura da Estrada da Gávea, foi criada entre 1933 e 1952, a famosa corrida automobilística do Circuito da Gávea.

No século XX, surgiram as indústrias, como a Fábrica de Tecidos São Félix, depois Cotonifício da Gávea, e Sudantex, no início da década de 1920. Depois vieram os Laboratórios Park-Davis, Moura Brasil e a Indústria Química Merrel do Brasil. Com isso, se instalaram vilas operárias, casas de cômodos e, no ano de 1942, o Parque Proletário da Gávea, removido em 1970.

Até a década de 1990, quando foi transformada em bairro e região administrativa, boa parte da Rocinha pertencia ao bairro da Gávea, com o qual tem ligações históricas: era no Largo das Três Vendas que seus primeiros moradores, na década de 1930, vinham vender suas hortaliças. A Vila Parque da Cidade, hoje bastante populosa, surge também na década de 1930.

Entre outras referências do bairro, podem ser destacadas: o Conjunto Residencial Marquês de São Vicente ou "Minhocão", projeto premiado do arquiteto Affonso Eduardo Reidy, de 1952/54, modificado em parte para a passagem da Auto Estrada Lagoa-Barra (1982); o campus da PUC-Rio, que inaugurou sua sede na Gávea em 1955, ocupando 100 mil metros quadrados; o Planetário da Cidade (1970) e o Museu do Universo (1998), importantes centros de estudos astronômicos; o Instituto Moreira Sales, com acervo variado, exposições, fototeca, música; o Shopping da Gávea e seus teatros (1975); e o chamado "Baixo Gávea", trecho da Praça Santos Dumont repleto de bares e restaurantes, tradicional ponto de encontro noturno dos cariocas.

Nota: A denominação; delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280 de 23 de agosto de 1985.

Glória

O bairro teve início no alto de um desabitado outeiro à beira-mar, onde, em 1671, o Capitão Antônio Caminha ergueu uma ermida rústica em louvor a Nossa Senhora da Glória. No mesmo lugar, em 1714, surgiu uma igreja de pedra e cal, em forma poligonal, projeto do arquiteto José Cardoso Ramalho, a bela Igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro, uma jóia do barroco brasileiro, que ficou pronta em 1740, em terras doadas por Cláudio Gurgel do Amaral. Em baixo, na orla, havia plantações e um caminho precário em direção ao Catete, que passava pelo alagado Boqueirão da Glória, aterrado, mais tarde, para a construção do Largo da Glória. Ali desembocava um braço do Carioca, o Rio Catete.

No governo do Vice-rei Marquês do Lavradio, entre 1769 e 1779, foram feitas várias melhorias na área, como o alargamento do caminho para o Catete, guarnecido com uma grossa amurada para protegê-lo contra as ondas da Baía de Guanabara e a Fonte ou Chafariz da Glória, que trazia água do morro de Santa Teresa, e é tombado pelo patrimônio federal. A amurada foi ampliada e reforçada, em 1905, quando o Prefeito Pereira Passos a dotou da balaustrada de bronze e do relógio, ambos em estilo "Art Nouveau". Pereira Passos criou, também, a chamada Rua Augusto Severo, precursora da Avenida Beira Mar.

O Largo da Glória foi remodelado, em 1857, com a instalação de um cais com trapiche e do Mercado da Glória que, mais tarde, se transformou em um "cortiço" e foi demolido pelo prefeito Pereira Passos, e substituído por uma praça, a de Pedro Álvares Cabral. Próximo ao conjunto, ficava a Fábrica da City, com sua alta chaminé, onde o esgoto da Cidade era tratado e levado mar adentro, por barcos. Esse serviço foi inaugurado em 1864. Atualmente, o prédio da antiga City abriga a Sede da Sociedade de Engenheiros e Arquitetos do Estado do Rio de Janeiro – SEAERJ.

Ao pé do outeiro da Glória ficava a Praia do Engenheiro Russel, no Saco da Glória que, mais tarde, foi aterrado para fazer surgir a Praça Luis de Camões. Junto a ela foi construído, na década de 1920, o luxuoso Hotel Glória que hospedou e ainda hospeda presidentes e celebridades.

A Glória foi um bairro aristocrático no fim da monarquia: foi sede do poder eclesiástico que se localizava no Palácio São Joaquim. Também lá estava o do Templo da Humanidade, da Igreja Positivista e, em 1929, ganhou a Praça Paris, área de 48 mil metros, inspirada no paisagismo francês da "belle époque".

As ruas Dona Luísa (Cândido Mendes) e Santa Isabel (Benjamim Constant) surgiram para a criação de um novo bairro residencial junto a Santa Teresa. Outro marco é o Hospital da Beneficência Portuguesa, fundado em 1840, para atender à numerosa comunidade lusa da Cidade.

A construção do aterro e implantação do Parque Brigadeiro Eduardo Gomes ou Parque do Flamengo, na década de 1960, fez com que a Glória incorporasse parte dessa extensa área de lazer, incluindo a Marina da Glória, o Monumento aos Mortos da Segunda Guerra Mundial e o importante Museu de Arte Moderna – MAM, projeto do arquiteto Affonso Eduardo Reidy. Também é destaque o recém instalado Memorial Getúlio Vargas na Praça Luis de Camões.

Nota: A denominação, delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280, de 23 de agosto de 1985.

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