segunda-feira, 1 de junho de 2009

UM POUCO DA HISTÓRIA DOS BAIRROS DO RIO


Este blog prossegue a publicação, por ordem alfabética, do resumo da história dos 159 bairros existentes na cidade do Rio de Janeiro, segundo levantamento realizado pelo Instituto Pereira Passos, vinculado à Prefeitura do Rio e à Secretaria Municipal de Urbanismo. Desta vez são os bairros Colégio, Complexo do Alemão e Copacabana.

Colégio
Na região onde hoje está o bairro, na freguesia de Irajá, havia apenas um professor público, José Teodoro Burlamaqui. O seu colégio, de 1860, ficava no cruzamento das estradas da Pavuna e Barro Vermelho, cuja continuação ganharia o nome de estrada do Colégio. Com a construção, em 1876, da estrada de Ferro Rio D’Ouro, extinta na década de 1960, e sua incorporação pela Estrada de Ferro Central do Brasil, foi implantada a Estação do Colégio. Anos depois, no leito da antiga estrada de ferro, foi construída a Linha 2 do metrô, entre Estácio e Pavuna, e a Estação do Colégio, no mesmo local da antiga parada do trem.

Nota: A denominação, delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280, de 23 de agosto de 1985.

Complexo do Alemão

Antes da colonização portuguesa, as áreas próximas à região eram habitadas pelos índios Tamoios, que viviam às margens do Rio Timbó – nome dado em função do cipó “timbó”, utilizado para envenenar a água e facilitar a pesca.

Muito após o extermínio dos Tamoios, os jesuítas se estabeleceram na região – já no século XVIII -, dando origem à Fazenda de Inhaúma e seus engenhos. Expulsos os jesuítas, em 1760, suas terras foram desmembradas em várias fazendas que deram origem aos atuais bairros de Ramos, Bonsucesso, entre outros.

A ocupação da Serra da Misericórdia ocorreu no início do século XIX, com Francisco José Ferreira Rego. Por ocasião de sua morte, os herdeiros venderam as terras para Joaquim Leandro da Motta. Esse, por sua vez, dividiu sua propriedade em grandes lotes, vendendo um deles para Leonard Kacsmarkiewiez, polonês refugiado da Primeira Guerra Mundial, que ficou conhecido pelo apelido de “Alemão”, nome depois dado ao morro que lhe pertencia. Em 1928, Leonard “Alemão” promoveu o primeiro loteamento de suas terras, na área das atuais comunidades Joaquim de Queiroz e Grota, que tinham ocupação dispersa até meados da década de 1950.

A partir da década de 1940, iniciou-se a ocupação das áreas das atuais comunidades de Nova Brasília e Itararé. Na década de 1950, a ocupação se ampliou e surgiram as comunidades dos Morros do Alemão, da Esperança, dos Mineiros e do Relicário. Em 1961, foi ocupado o Morro da Baiana e, a partir dos anos de 1970, surgiram a Fazendinha, o Reservatório de Ramos e o Parque Alvorada - Cruzeiro (1982). No final da década de 1980, o conjunto de favelas que ocupam o leste da Serra da Misericórdia e suas adjacências viria a formar a XXIX Região Administrativa Complexo do Alemão.

O bairro do Complexo do Alemão compreende toda a região administrativa, ocupando 437.880 m². O ponto culminante dos morros locais está a 138m de altura em área com cobertura florestal.

Apesar da rede de abastecimento de água chegar à maioria das casas, ainda há moradores que se abastecem de poços artesianos e de algumas nascentes de água locais. Embora o Censo 2000 registre que 84% dos domicílios de favela do bairro possuem rede de esgotamento sanitário, podem ser constatadas áreas específicas onde há valas a céu aberto e despejo de esgoto in natura nos corpos hídricos.

Nota: Delimitado pela Lei Nº 2055, de 09 de dezembro de 1993, alterando os limites dos Bairros de Olaria, Ramos, Bonsucesso, Inhaúma e Higienópolis

Copacabana
A antiga Praia de Socopenapan era um areal deserto, repleto de cajueiros e cactáceas, quando pescadores ergueram uma capelinha nas pedras do promontório no extremo sul da praia e nela introduziram a cópia de uma imagem de N. S. de Copacabana, de origem boliviana – mais especificamente, do Lago Titicaca.

Trazida por mercadores de prata peruanos, a imagem acabou dando o nome à praia e ao bairro. Sua antiga Ermida foi restaurada no Século XVIII pelo Bispo Dom Antonio do Desterro Malheiro e a Capela foi remodelada em 1887, mas, com a construção do Forte de Copacabana, a histórica igrejinha foi demolida, passando a Matriz de N. Sra. de Copacabana para a Praça Serzedelo Correia.

O Caminho dos Pretos Quebra Bolos, atual Ladeira do Leme, também chamado Estrada Geral, ou do Leme, foi o primeiro acesso terrestre à Copacabana. No alto dele foi instalado o Forte do Leme, em 1722, cujos arcos ainda lá existem. Inicialmente, os terrenos eram aproveitados para a lavoura e ocupados por chácaras. Com o surgimento da Ladeira do Barroso, moradores da cidade faziam verdadeiras excursões àqueles distantes areais – entre eles o Imperador D. Pedro II - onde observavam baleias, montando barracas na praia.

Em 1873, seria instalado, a partir da praia, o primeiro cabo submarino de comunicação telegráfica. Em 1878, o Doutor Figueiredo Magalhães, dono de terras onde hoje fica a Pça. Serzedelo Correia, organizou uma linha de diligências para seus clientes, hóspedes do hotel que tinha construído na praia. Em 1873, o empresário Alexandre Wagner adquiriu terras do Leme até a Rua do Barroso, tornando-se um dos maiores proprietários em Copacabana. Wagner projetou a abertura de 17 ruas, porém não obteve sucesso devido ao então difícil acesso.

Com a abertura do Túnel Velho e a chegada, em 1892, da linha de bondes da Companhia Ferro-carril Jardim Botânico, pela iniciativa do Engenheiro Coelho Cintra, duas empresas imobiliárias começaram a lotear Copacabana. Entre 1892 e 1894, a Companhia de Construções Civis de Otto Simon, Teodoro Duvivier, Paula Freitas, entre outros, concluiu a abertura da Av. N. S. de Copacabana e implantou ruas entre a atual Pça. Serzedelo Correia e o final do Leme. Já a outra empresa, de Barão de Ipanema (Moreira Filho), Cel. José Silva, Guimarães Caipora e Constante Ramos, loteou a área que ia da Rua Figueiredo Magalhães até o Morro do Cantagalo.

Em 1917, o Bairro de Copacabana já tinha 45 ruas, 1 avenida, 4 praças, 2 ladeiras e 2 túneis. A Avenida Atlântica foi inaugurada em 1906 pelo Prefeito Pereira Passos, com o passeio, em mosaicos, formando “ondas”. Destruída depois por ressacas, a avenida foi reparada em 1918 e duplicada, em 1919, pelo Prefeito Paulo de Frontin.

Quando dos festejos do centenário da Independência do Brasil, o empresário Octávio Guinle resolveu construir na orla de Copacabana um hotel luxuoso, de categoria internacional, usando material importado: surgia o Copacabana Palace Hotel. Inaugurado em primeiro de setembro de 1923, o Copacabana Palace, com sua magnífica pérgola e majestosos salões, hospedou reis, grandes artistas e celebridades.

Nos anos 40, Copacabana iniciou seu processo de acelerada verticalização, com a derrubada de antigas residências para a edificação maciça de prédios de apartamentos. Desde 1949, com a duplicação do Túnel Novo, seu acesso ficou facilitado, o que favoreceu o turismo e fez surgir balneários, pensões e hotéis. O bairro ganhava agitada vida noturna, com bares, boites, teatros e restaurantes. No início dos anos 1960, surgia no Beco das Garrafas o famoso movimento da “Bossa Nova”, que projetava a música brasileira para o exterior.

A conformação atual da Avenida Atlântica e da praia de Copacabana - com grande calçadão, pista dupla, canteiro central e larga faixa arenosa na praia - foi inaugurada, em 1971, pelo Governador Negrão de Lima, após a execução de projeto implementado pelo Governo do Estado da Guanabara, com a assessoria de técnicos portugueses. As grandes torres dos hotéis da orla surgem após essa obra, elevando o gabarito de Copacabana para além dos 12 pavimentos que predominam na maior parte do bairro.

Localidade singular no bairro, o “Bairro Peixoto”, projeto de urbanização nos terrenos do Comendador Paulo Felisberto Peixoto aprovado na Prefeitura em 1939, mantém uma tipologia de prédios baixos em torno da Praça Edmundo Bitencourt. Eternizada na música de João de Barro (o “Braguinha”) e Alberto Ribeiro, especialmente na voz de Dick Farney, Copacabana, a “Princesinha do Mar”, continua famosa no mundo inteiro e é uma das grandes atrações turísticas do Rio de Janeiro e do Brasil. Além das competições esportivas, shows musicais e eventos que ocorrem nas suas areias. Copacabana é palco do mais famoso Reveillon do Brasil, chegando a atrair mais de um milhão de pessoas que vêm acompanhar a espetacular queima de fogos.

Nota: A denominação; delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280 de 23 de agosto de 1985.

Um comentário:

Fotos da família Gonçalves Pereira disse...

Flávio, meu marido é descendente de José Teodoro Burlamaqui, era seu tataravô. Voce saberia o nome do colégio que ele lecionava e se ele ainda existe? Agradeço, Marilia burlamaqui