segunda-feira, 27 de abril de 2009

UM POUCO DA HISTÓRIA DOS BAIRROS DO RIO

Este blog prossegue a publicação, por ordem alfabética, do resumo da história dos 159 bairros existentes na cidade do Rio de Janeiro, segundo levantamento realizado pelo Instituto Pereira Passos, vinculado à Prefeitura do Rio e à Secretaria Municipal de Urbanismo. Desta vez são os bairros de Camorim, Campinho, Campo dos Afonsos e Campo Grande.

Camorim

Nome derivado do Tupi “CAMURY”, CA (Mata) e MURY (mosca ou mosquitos), “mata com muitos mosquitos”. Designa o bairro e sua principal estrada de acesso. Toda essa região pertencia a Gonçalo Correia de Sá e era conhecida como Pirapitingui (peixe de escamas branca). Nela, Correia de Sá possuía a antiga fazenda do Camorim, onde, em 1625, mandou levantar a capela de São Gonçalo de Amarante, padroeiro do lugar, que existe até hoje.

A maior parte do bairro está ocupada pelas montanhas do maciço da Pedra Branca, abrangendo a Pedra Rosilha e a Serra do Nogueira. A herdeira de Correia de Sá, Dona Vitória de Sá, tinha um primitivo engenho que foi dividido em três grandes fazendas.

Dentro da floresta, em uma bacia fechada pelas montanhas, encontram-se o açude do Camorim, com área de 210.000 m3 e profundidade de 18 metros, 435 acima do nível do mar. O açude, planejado por Sampaio Corrêa e construído por Henrique de Novaes, forma um dos mais belos recantos da Cidade. Mais abaixo ficam as cachoeiras do Camorim e Véu-da-Noiva, essa última junto à represa de captação e à caixa d’Água, construídas em 1908.

Na parte baixa do bairro do Camorim, na divisa com Jacarepaguá, foram construídos os pavilhões do “Rio Centro”, com 100.209 m2 de áreas para exposições, feiras, shows e eventos.

Nota: A denominação, delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280, de 23 de agosto de 1985.

Campinho

No cruzamento da Estrada Real de Santa Cruz (correspondente às atuais ruas Intendente Magalhães e Ernani Cardoso) com a Estrada de Jacarepaguá (Cândido Benício) e a Estrada de Irajá (Domingos Lopes), havia um local onde os viajantes costumavam descansar, próximo a um pequeno campo onde havia uma feira de gado - o “Campinho” -, que acabou dando nome ao Largo. No século XVIII, foi aberta uma hospedaria onde Tiradentes pernoitava, em suas viagens ao Rio de Janeiro. Nas suas imediações existia pequena fortaleza, onde foi erguida uma capelinha (atual Igreja N.S. da Conceição).

Entre seus antigos moradores, destacavam-se o Capitão José de Couto Menezes e Ludovico Teles Barbosa, cujos descendentes abriram ruas na região. O Barão da Taquara também fez o mesmo no final do século XIX, gerando o atual bairro do Campinho – porta de entrada para Jacarepaguá -, onde nasceu a atriz Fernanda Montenegro.

Nota: A denominação; delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280 de 23 de agosto de 1985.

Campo dos Afonsos

A área era ocupada pelo Engenho dos Afonsos, um vasto campo, onde se produzia açúcar e se criava gado. O Engenho passou a ser explorado pelo cirurgião Izidoro Rodrigues dos Santos e, mais tarde, pelo Intendente Magalhães, que deu nome ao trecho da Estrada Real de Santa Cruz, depois Rio-São Paulo. A estrada cruzava a área entre os bairros de Campinho e Realengo.

Antes da 1ª Guerra Mundial, que começou em 1914, o Campo dos Afonsos foi ocupado pela Aeronáutica Civil e Militar e lá foi instalada a primeira escola de aviação do Rio de Janeiro em 1913. A partir de 1941, durante a 2ª Guerra Mundial, com a criação da Força Aérea Brasileira - FAB, a área passou a se chamar, oficialmente, Base Aérea dos Afonsos. Atualmente, abriga a Universidade de Força Aérea - UNIFA e o Museu Aeroespacial – MUSAL.

Nota: A denominação; delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280, de 23 de agosto de 1985.

Campo Grande

As terras que iam do atual bairro de Deodoro, passavam por Bangu e iam até Cosmos, faziam parte das paragens conhecidas como o “Campo Grande”. A região, que ia do rio da Prata ao Mendanha, era habitada pelos índios Picinguaba. Após a fundação da Cidade em 1565, passou a pertencer à grande Sesmaria de Irajá. Desmembrada em 1673, a área foi doada, pelo Governo Colonial, a Manoel Barcelos Domingos, dono de vasta propriedade que se estendia até o Gericinó.

Em 1757, foi criada a freguesia de Nossa Senhora do Desterro de Campo Grande, onde foi construída a Igreja Matriz, ainda existente.

Na região, as atividades principais eram o cultivo da cana-de-açúcar e a criação do gado bovino. Os produtos eram escoados pela Estrada Real de Santa Cruz, que ia até São Cristóvão.

Entre 1760 e 1770, na antiga fazenda do Mendanha, o padre Antonio Couto da Fonseca plantou as primeiras mudas de café que alavancaram o desenvolvimento da cultura cafeeira por todo o Vale do Paraíba, até Minas Gerais. Os povoados, neste período, ficavam restritos às proximidades dos engenhos e fazendas, entre os quais se destacam: Juary, rio da Prata, Cabuçu, Santo Antonio do Juary, Tingui, Campinho, Guandu, Mendanha, Capoeiras, do Pedregoso, Dona Maria, Marcolino da Costa e Sant´Ana.

A partir da segunda metade do século XIX, com a implantação da E. F. Dom Pedro II, foi construída a estação de Campo Grande, inaugurada em 2 de dezembro de 1879, que muito contribuiu para o adensamento do núcleo urbano do bairro, pois facilitava o acesso ao Centro da Cidade.

Em 1894, a Cia de Carris Urbanos ganhou a concessão para explorar linha de bondes a tração animal, alcançando localidades mais distantes. Em 1915, foram implantados os bondes elétricos, aumentando a ocupação da área e estimulando um intenso comércio interno.

Com a decadência da cultura do café, a região voltou-se para a citricultura. Dos primeiros anos do século XX até a década de 1940, Campo Grande foi considerada uma grande região produtora de laranjas, o que lhe rendeu o nome de “citrolândia”.

Na década de 1930, durante o governo de Washington Luis, a Estrada Real de Santa Cruz foi incorporada à antiga estrada Rio-São Paulo, integrando Campo Grande ao tecido urbano da Cidade.

Na década de 60, no governo de Carlos Lacerda, a Avenida Brasil, aberta em 1946, atingiria Campo Grande. A partir daí, surgiu o Distrito Industrial de Campo Grande e a indústria de pneus Michelin, que deram novo perfil à região, antes agrícola. Grandes loteamentos foram implantados ao longo dos eixos formados pelas estradas do Cabuçu, do Pré, do Monteiro, da Cachamorra, do Campinho, do Pedregoso, de Sete Riachos, do Mendanha e da Posse. Destacam-se: Santa Margarida, Corcundinha, Vila Palmares, Vila Iêda, Adriana, Pedra Angular, Santa Maria, Jardim Paulista, Vila Santa Rita, Arnaldo Eugênio, Vila Jardim Campo Grande, Hortências, Diana, São Jorge, Morada do Campo, Jardim Monteiro e Nova Guaratiba.

O núcleo original do bairro tornou-se importante centro comercial, com destaque para a rua Cel. Agostinho (Calçadão), próximo à estação ferroviária e ao terminal de ônibus, mas ainda há bolsões agrícolas nas regiões da Serrinha, do Mendanha e do rio da Prata. Merece destaque a Serra do Mendanha, com sua reserva florestal e cachoeiras e o Parque Estadual da Pedra Branca, com trilhas apropriadas ao ecoturismo, que dão acesso ao ponto culminante do Município, o Pico da Pedra Branca, com 1025 metros de altitude.

Nota: A denominação; delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280, de 23 de agosto de 1985.








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