segunda-feira, 23 de março de 2009

UM POUCO DA HISTÓRIA DOS BAIRROS DO RIO


Este blog prossegue a publicação, por ordem alfabética, iniciada na segunda-feira passada, do resumo da história dos 159 bairros existentes na cidade do Rio de Janeiro, segundo levantamento realizado pelo Instituto Pereira Passos, vinculado à Prefeitura do Rio e à Secretaria Municipal de Urbanismo.Desta vez, os bairros do Anil, Bancários (Ilha do Governador). e Bangu.

Anil

O nome do bairro do Anil tem sua origem, provavelmente, no fato de em tempos remotos no local terem existido arbustos nativos, cujos frutos eram o anil. Inicialmente, a região era ocupada por engenhos, posteriormente vieram as fazendas, onde se plantava o café.

As anileiras da região eram de alta qualidade. Por isso, houve grande aceitação do corante na Europa. O anil era transportado pelo rio que hoje tem esse nome até a Barra da Tijuca. Daí ao porto do Rio de Janeiro, para ser embarcado em navios para Europa. A cultura do anil nessa parte de Jacarepaguá durou até o século XVIII. Depois, como aconteceu em toda a província do Rio de Janeiro, a região do Anil também foi tomada por plantações de café.

No século XIX, havia na localidade a próspera fazenda do Quitite, cujo dono era o cafeicultor Marcos Antonio Deslesdenier. A estrada do Quitite era uma das vias no interior da propriedade. Na década de 1960, quando exercia o cargo de presidente da República, João Goulart (1918-1976) possuía casa de veraneio no final da estrada do Quitite. Era o sitio Capim Melado. Hoje, o local é um condomínio fechado, mas a casa principal do sítio, toda feita de pedra, ainda existe. A região do Anil, Gardênia Azul e Cidade de Deus faziam parte nos séculos passados da Fazenda do Engenho D`Água.

Nota: A denominação; delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280, de 23 de agosto de 1985.

Bancários

O nome do bairro se refere ao Conjunto Habitacional construído pelo antigo Instituto e Aposentadoria e Pensões dos Bancários (IAPB), nas décadas de 1940/1950, na Ilha do Governador, destacando-se o Conjunto Residencial Jardim das Praias, inaugurado em 1953, com 240 residências, em terreno alagadiço, aterrado, sendo construído um canal para desague de antigo riacho, situado na atual avenida Ilha das Enxadas. As residências, construídas em lotes de 360 m2, eram classificadas em quatro grupos diferentes, variando a tipologia e o tamanho. Foram abertas as ruas Ilha Fiscal, Max Yantok, Gipoia, Cabo Branco, Juan Pablo Duarte, etc e o acesso principal é pela estrada da Porteira (atual avenida Dr. Agenor de A. Loyola).

Na segunda metade do século XIX, o bairro teve um morador ilustre, o Barão de Capanema (implantador dos Telégrafos no Brasil) que possuía chácara entre a Freguesia e a praia de Olaria, defronte à atual praia Congonhas do Campo, abaixo do morro do Barão (64 mts), assim chamado em sua homenagem. Nessa chácara, existiu uma pequena fábrica de veneno contra pragas da lavoura.

O bairro é atravessado pela avenida Paranapuã e o seu limite com o bairro da Freguesia segue a faixa não edificante, onde passam oleodutos cruzando a Ilha desde a praia dos Bancários até o início da praia da Guanabara.

Na década de 1960, ocorreu a construção do Estaleiro Ilha S. A. - EISA (antigo EMAQ), que se destina à construção e manutenção de navios. A partir de 1935, o bonde circulava pela avenida Paranapuã, num trajeto que ia até a localidade do Bananal (final da Freguesia). A principal comunidade do bairro é o Parque Proletário dos Bancários, surgida em 1961, no morro dos Bancários, coberto por vegetação. Os primeiros barracos foram atingidos por deslizamentos, depois a ocupação se consolidou, ocupando toda a área, de 77.240,23 m2, com adensamento e verticalização.

Nota: A denominação, delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280, de 23 de agosto de 1985.

Bangu

A região de Bangu teve como primeiro proprietário o português Manoel de Barcelos Domingos que fundou, em 1673, a fazenda Bangu, onde ergueu uma capela e o Engenho da Serra, que fabricava açúcar, cachaça e rapadura, transportados em carros de bois até o Porto de Guaratiba.

A estrada de ferro chegou em 1878, com a inauguração do ramal de Santa Cruz da E. F. Dom Pedro II e a abertura da Estação de Bangu, em 1890. Ainda no final do século XIX, foi construída a Fábrica Bangu (1893), com vilas residenciais para técnicos e operários da fábrica.

No início do século XX a população do bairro aumentava, novas ruas eram abertas e a urbanização da região prosseguia. Contudo, na década de 1930, muitos proprietários investiam na produção e exportação de laranjas, cuja lavoura se espalhava pelos sítios vizinhos, desde o Maciço de Gericinó até a Serra de Bangu.

Na década de 1960, a política de erradicação de favelas e de remoção da sua população para a periferia do Município levou à construção dos conjuntos habitacionais Vila Aliança, Vila Kennedy, Jardim Bangu e Dom Jaime de Barros Câmara. Posteriormente, novos conjuntos foram construídos no bairro como o Sargento Miguel Filho, Dr. Antonio Gonçalves, dentre muitos outros.

A partir de 1989, a Fábrica Bangu iniciou sua decadência até encerrar suas atividades no bairro, em 2005. No seu terreno original, foi construído o Bangu Shopping, inaugurado em 2007, com lojas, cinemas e praças de alimentação.

Nota: A denominação; delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280 de 23 de agosto de 1985, com alteração pela Lei Nº 3852 de 23 de Novembro de 2004, que cria o bairro de Gericinó.

Fonte: Cantos do Rio-Bangu – Roberto Assaf – RioArte – Prefeitura do Rio de Janeiro
Saiba mais sobre Bangu
Corruptela de U BANG Ú, “O Anteparo Escuro”, “A Barreira Negra”, ou também BANG Ú, “Alcantilado e Torcido” ou “Cercado por Morros”, na linguagem dos índios, a outra denominação está relacionada a uma corruptela do étimo africano “BANGÜÊ”, com que os escravos chamavam o local do engenho onde se guardava o bagaço da cana-de-açúcar que, após moída, alimentava o gado.
O termo ficou consagrado ainda, como denominação de uma espécie de padiola feita de tiras de couro ou fibras trançadas, usadas geralmente por dois homens para conduzir feixes de cana-de-açúcar cortada e outros materiais, numa forma improvisada de transporte que deu origem à expressão "fazer à bangu", cujo significado é fazer sem cuidado, de improviso, fazer de qualquer jeito.
Essa região desabitada, inicialmente atravessada pelo caminho dos jesuítas (depois Estrada Real de Santa Cruz), foi desmembrada da Paróquia de N. Sra. do Desterro de Campo Grande, teve como primeiro proprietário, o negociante português Manoel de Barcelos Domingos que, em 21 de janeiro de 1673, fundou a fazenda Bangu, construindo nela uma capela e erguendo o Engenho da Serra, que fabricava açúcar, cachaça e rapadura, transportados em carros de bois até o Porto de Guaratiba.
Muitas pendências e confusões surgiram com os proprietários vizinhos, das fazendas Piraquara, do Retiro e do Viegas, acirrando a disputa por terras. Nisso a fazenda Bangu foi mudando de dono, ao longo os 200 anos posteriores, tendo cerca de nove proprietários, entre eles, João Freire Alemão, Dona Ana Francisca de Castro Morais e Miranda, o Barão de Itacuruça, se destacando Dona Ana Francisca, a primeira a utilizar oficialmente o nome Bangu em documentos oficiais relativos à Fazenda.
Em 1798, então viúva, ela através em vários recursos à justiça, procurou estender seus limites territoriais através dos de sitiantes, encapando os do Piraquara, Realengo, chegando a ameaçar as terras do Convento do Carmo. Morta Dona Ana, herdou-lhe a fazenda Bangu, seu filho, Coronel Gregório de Castro Morais e Souza, 1º Barão de Piraquara, e no início da República, a propriedade já era do negociante Manuel Miguel Martins (o Barão de Itacuruça).

Em 1878, a E. F. Dom Pedro II, inaugurou o ramal de Santa Cruz e nele foi aberta, em 1890, a Estação de Bangu como um Prédio de Tábuas, que ainda existia em 1928. Somente em 1938, foi construída a atual estação em alvenaria, que hoje integra a Supervia. A fazenda Bangu, ou seja, sua casa grande, capela e senzalas, eram mais para dentro, no rio da Prata, perto do Caminho dos Cardosos, no sopé da Serra do Bangu.
Em 1888, imigrantes portugueses ligados ao comércio atacadista de tecidos, resolveram montar uma Indústria Têxtil, e consideraram a região de Bangu, com muitas cachoeiras e nascentes, o local apropriado para a implantação da fábrica. O Engenheiro Henrique de Morgan Snell convenceu os sócios, que adquiriram do Barão de Itacuruça a fazenda Bangu, mais as fazendas do Agostinho, dos Amarais e do Retiro, margeando o ramal ferroviário.
Em 6 de fevereiro de 1889, foi constituída a “Companhia Progresso Industrial do Brasil”, tendo como presidente Estevão José da Silva. A construção da Fábrica Bangu ficou a cargo da “The Morgan Snell and Company”, sediada em Londres, e entre seus principais acionistas estavam o Comendador Costa Pereira, Morgan Snell, o Visconde de Figueiredo, o Barão Salgado Zenha, Eduardo Gomes Pereira e o espanhol João Ferrer, seu primeiro Superintendente. Ferrer assumiu a gerência da fábrica em 1903, e foi quem mais a impulsionou, com obras sociais, escolas, caixa beneficiente (posto de saúde), mandando vir de Minas Gerais, o Engenheiro Oruzimbo do Nascimento para começar o Plano Definitivo de Arruamento da Região, e adquirindo abundante manancial no Maciço da Pedra Branca, para abastecimento d‘água do bairro, com 8 milhões de litros diários.
A inauguração oficial da Fábrica Bangu ocorreu no dia 8 de março de 1893, com o apito da chaminé de 57 metros de altura, com festa agraciada pela presença do vice-presidente da República, Marechal Floriano Peixoto. Antes em 1892, nas ruas Estevão e Fonseca, foram erguidas vilas residenciais para técnicos e operários, com 95 casas.
Em 1896, a Companhia Progresso Industrial do Brasil, construiu dezenas de moradias na localidade ainda hoje denominada Catiri. Em 1910, ocorreu a inauguração da Igreja de São Sebastião e Santa Cecília, na atual Praça da Fé. A população do bairro aumentava, novas ruas foram abertas e em 1920, a Companhia aliando-se à Prefeitura, iniciou a finalização dos trabalhos de urbanização de Bangu, com projetos de saneamento e instalação de uma Estação Telegráfica.
Em 1923, acionista da Companhia Progresso Industrial, Guilherme da Silveira chegou a Bangu e logo assumiu a presidência da Fábrica, retomando o crescimento, abrindo novas ruas, ajudando na construção do trecho da estrada Rio-São Paulo com material e operários. A rodovia foi decisiva para a urbanização definitiva de Bangu, ampliando os limites do bairro. Na era Getúlio Vargas, Guilherme da Silveira estreitou os laços com o governo e em 1933, foi inaugurada a iluminação pública de Bangu.
O comércio crescia e, a partir de 1935, a Prefeitura passou a abrir novas ruas na região e a ajudar na construção de casas. Em 1937, o governo instalou ali sua rede de fornecimento, aprovando o lançamento de 12 mil lotes, transformando Bangu em uma espécie de “Califórnia Carioca”. Muitos proprietários investiram na produção de laranjas, exportando caixas da fruta para a Europa. Os laranjais se espalhavam pelos sítios vizinhos, desde o Maciço de Gericinó até a Serra de Bangu.
Na década de 1960, já no Estado da Guanabara, governo de Carlos Lacerda, o Banco Nacional da Habitação (BNH), passou a construir conjuntos habitacionais em Bangu, capazes de abrigar as favelas removidas das Zonas Norte e Sul. Já como XVII Região Administrativa, Bangu viu surgir o primeiro grande conjunto, o da Vila Aliança, inaugurado em 1963 com 2187 casas, depois o da Vila Kennedy, em 1964, na avenida Brasil, com 5069 unidades, o terceiro, o Jardim Bangu, na rua Catiri, de 1968, e o Dom Jaime de Barros Câmara, com 180 blocos de 30 apartamentos cada, num total de sete mil unidades, era o maior Conjunto Habitacional da América Latina nessa época. Posteriormente, novos conjuntos foram construídos em sua periferia, o Quafá, Sargento Miguel Filho, Dr. Antonio Gonçalves, Seis de Novembro, João Saldanha, dentre outros. A partir da morte de Guilherme da Silveira Filho, o “seu Silveirinha”, em 1989, a Companhia da Fábrica Bangu iniciou sua decadência.
Em 1990, foi negociada com o grupo Dona Isabel e encerrou suas atividades no bairro em 2005, passando a funcionar na Cidade Fluminense de Petrópolis. No seu terreno original, foi construído um Shopping Center, mantendo as características arquitetônicas do antigo prédio, o Bangu Shopping, inaugurado no dia 30 de outubro de 2007, com lojas, cinemas, praças de alimentação e “lojas âncoras”.
Destaca-se no bairro, o tradicional Bangu Atlético Clube, fundado em 17 de abril de 1904, como “The Bangu Athletic Club” adotando as cores vermelho e branco, estreando em 1906 no Campeonato Carioca. Em 1933, sagrou-se o primeiro campeão carioca de futebol na era profissionalista. O clube obteve destaque durante as competições das décadas de 1950/1960, e sob a Presidência de Euzébio de Andrade, “Seu Zizinho”, voltou a ser campeão carioca em 1966. Sua última grande participação foi no Campeonato Brasileiro de 1985, quando perdeu o título nos “penaltys” para o Coritiba, no Maracanã. Também o Cassino Bangu fez história, oriundo da Sociedade Musical Progresso de Bangu em 1906, com sua banda e concorridos bailes, sendo extinto em 1951. Atualmente, a Lona Cultural Hermeto Pascoal, erguida em 1996 na praça 1º de Maio pela “Rio Arte”, concentra eventos musicais e culturais para a população do bairro.

Bangu é situado em extenso vale entre dois grandes maciços montanhosos, ao norte o de Gericinó, apresentando densa cobertura florestal, onde está situado o Parque Natural Municipal da Serra do Mendanha, em área de 1450 hectares, inaugurado em 2002, com piscina natural, trilhas ecológicas, “play ground”, churrasqueiras. Ao sul, fica o maciço da Pedra Branca, Parque Estadual da Pedra Branca, destacando-se a elevada Serra do Bangu, com encostas desmatadas, cujo ponto culminante é a “Pedra do Ponto”, a 938 mts de altitude, com mirante natural de toda a Zona Oeste, Subúrbios, Baías de Guanabara e de Sepetiba, Barra da Tijuca, etc. Nota: A denominação; delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280 de 23 de agosto de 1985, com alteração pela Lei Nº 3852 de 23 de Novembro de 2004, que cria o bairro de Gericinó.
v

2 comentários:

Marcio Marques disse...

a casa principal do sítio Capin Melado, toda feita de pedra, já foi demolida

Paulo Vitor disse...

Flávio.
Aonde consegui esta informação "A fazenda Bangu, ou seja, sua casa grande, capela e senzalas, eram mais para dentro, no rio da Prata, perto do Caminho dos Cardosos, no sopé da Serra do Bangu. "

Sabe me dizer ate quando esta capela durou e qual o nome era a capela?

abs