segunda-feira, 16 de março de 2009

UM POUCO DA HISTÓRIA DOS BAIRROS DO RIO

Este blog prossegue a publicação, por ordem alfabética, iniciada na segunda-feira passada, do resumo da história dos 159 bairros existentes na cidade do Rio de Janeiro, segundo levantamento realizado pelo Instituto Pereira Passos, vinculado à Prefeitura do Rio e à Secretaria Municipal de Urbanismo. Desta vez, apresentamos os bairros de Água Santa, Alto da Boa Vista e Anchieta.


Água Santa

O nome do bairro de Água Santa vem de uma água mineral que jorrava de fonte localizada nessa área. A água da fonte era engarrafada e vendida a quem se interessasse. Inicialmente, onde hoje é o bairro, eram as terras altas de fazendas e engenhos.

Em meados do século XIX tem-se notícia de que na vertente voltada para Água Santa teria existido um quilombo, o que teria originado o nome da encosta como Serra dos Pretos Forros. Das terras desmembradas das fazendas, teria existido no início do século XIX, uma grande chácara que ia da estação do Engenho de Dentro até o morro dos Pretos Forros.

Os primeiros registros de loteamento são de 1917, promovendo-se mais tarde o Jardim Água Santa que se estima tenha ocorrido por volta de 1946. De lá para cá, a região foi se desenvolvendo na esteira do crescimento do Grande Méier.

Recentemente a área foi cortada pela Linha Amarela, o que mudou sobremaneira a paisagem, inaugurada em 1997, lá estando a sua praça de pedágio e o acesso ao túnel engenheiro Raymundo de Paula Soares, ou túnel da Covanca, um dos maiores túneis urbanos do mundo, com extensão de 2.187 metros.

Nota: A denominação; delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280, de 23 de agosto de 1985.

Alto da Boa Vista

Pedro II determinou o reflorestamento das matas da região da Tijuca iniciada em 1861, durando 13 anos, e conduzida sob a direção do Major Manuel Gomes Archer e do administrador Thomás Nogueira da Gama, plantando cerca de 80 mil mudas de espécies variadas de árvores, nativas e exóticas. Thomás Nogueira da Gama recuperou durante 25 anos as matas do Sumaré e das Paineiras, plantando mais de 20 mil mudas de árvores. Além disso, melhorou as trilhas e acessos à região, possibilitando o aumento do número de visitantes. Ao final, estava reflorestado o maior parque urbano do mundo, inaugurando uma nova atração no Rio de Janeiro e tornando a região pioneira sob mais esse aspecto: os inovadores passeios turísticos ao Alto da Boa Vista, onde a população da Cidade fazia piqueniques desfrutando das belezas da Mata Atlântica e do maravilhoso panorama da Baía de Guanabara.

O pintor Nicolas Taunay (1755-1839), considerado a figura de maior importância da Missão de 1816, lecionou pintura na Academia Imperial das Belas Artes, deixando diversas pinturas de paisagens e retratos. Construindo uma cabana no Alto da Boa Vista, local conhecido até hoje como Cascatinha de Taunay, na estrada do Imperador, tornou-se assim o seu primeiro morador. A estrada do Alto da Boa Vista, hoje avenida Edison Passos, é ampliada e pavimentada, tendo os principais mirantes reformados e ganhando uma praça com coreto, a praça Afonso Vizeu, próxima à Cascatinha Taunay, consolidando o local como bairro.

O nome do bairro Alto da Boa Vista tem origem na bela paisagem que se admira das suas encostas. No início era a serra, depois vieram as plantações de café que desmataram os morros e alteraram a vazão de rios da região, influindo no abastecimento dos bairros da planície. D. Pedro II determinou então o reflorestamento de toda área, empreitada iniciada em 1861 pelo Major Archer. Após o plantio de cerca de 100.000 mudas de árvores, nascia o maior parque urbano do mundo, o que inaugurou um programa pioneiro na cidade, fazer piqueniques desfrutando das belezas da Mata Atlântica e do maravilhoso panorama da Baía de Guanabara.

Depois de ocupado por alguns hotéis e tendo abrigado residência de alguns membros da elite, o bairro consolidou-se como parque urbano e suas florestas são objetos de permanente esforço para sua preservação, incluindo a Floresta da Tijuca e a serra da Carioca, no Alto da Boa Vista se situam dois setores do Parque Nacional da Tijuca.

Nota: A denominação; delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280, de 23 de agosto de 1985.

Anchieta


As terras do atual bairro de Anchieta pertenciam ao Engenho Nossa Senhora de Nazaré e seu clima ameno fez Dom Pedro II cogitar localizar nele um hospital para tuberculosos. O Vigário de Realengo, Padre Miguel, mais tarde instalou na região capela abrigando a imagem secular, de grande valor artístico, venerando Nossa Senhora de Nazaré. O capitão Bento de Oliveira Braga era o senhor dessa propriedade, além do Engenho Novo da Piedade, herdados por sua família. O padre Wander Tavares iniciou a construção da Matriz atual, estabelecendo seu nome na praça principal do bairro, onde chegava o Caminho do Engenho Velho, depois do rio do Pau (avenida Crisóstomo Pimentel de Oliveira), oriundo da Pavuna.

Anchieta pertenceu ao Município de Nova Iguaçu até o início do século XX, juntamente com Nilópolis, sendo atualmente uma das principais portas de entrada para o Rio de quem vem da Baixada Fluminense. Com a implantação da Estrada de Ferro Dom Pedro II, depois Central do Brasil, a estação de Anchieta foi inaugurada em 1º de outubro de 1896, nome dado em homenagem ao padre José de Anchieta, religioso catequizador de índios nos primórdios do Brasil colonial. O prédio da estação atual foi inaugurado em 1989, servindo hoje aos trens metropolitanos do ramal de Japeri.

A ocupação inicial, junto à ferrovia, se expandiu com o aparecimento dos primeiros loteamentos, em 1916, e os projetos de arruamentos nos terrenos da família Luiz Borges. Surgiram as ruas: Clara Borges, Ernesto Vieira, Leopoldina Borges, Arnaldo Murineli, Adalberto Tanajura, entre outras. Na região da praça Itanhomi, havia, há séculos, um cemitério indígena de grande extensão, que deu origem aos nomes da maior parte das ruas da chamada “Vila Mariópolis”, como as ruas Gerê, Aiacá, Aiúba, Jarupá, Juarana, Cracituba etc. Na década de 1940 e daí em diante até os anos 1970, o restante do bairro foi loteado, fazendo surgir o Parque Anchieta, depois desmembrado de Anchieta, cujo decreto de criação data de 23 de julho de 1981.

Um dos maiores assentamentos de “sem tetos” do Rio de Janeiro foi realizado na região, com as comunidades Parque Esperança, Final Feliz e Parque Tiradentes. Na orla do rio Pavuna outras comunidades se destacam, como a Beira Rio ou Arnaldo Murineli, Maria José, avenida Oliveira Bueno e Itatiba. Os principais acessos viários do bairro são a Estrada Marechal Alencastro (antiga General Tasso Fragoso), a avenida Nazaré, a avenida Crisóstomo Pimentel de Oliveira, a rua Alcobaça, a rua Cardoso de Castro (acesso a Nilópolis) e o início da Via Light, ligação com Nova Iguaçu.

Nota: A denominação, delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280, de 23 de agosto de 1985.

Um comentário:

André Barros disse...

O presídio de Água santa ainde existe? É um dos lugares mais sinistros que estive na vida.
Parabéns Flávio.
ANDRÉ BARROS