quarta-feira, 11 de março de 2009

BERZOINI ALMOÇA COM CABRAL E ESQUEÇE O PT

O que começa errado não dá boa coisa

O presidente nacional do PT, deputado federal Ricardo Berzoini, almoçou ontém com o governador do Estado do Rio, Sérgio Cabral (PMDB). Como não poderia deixar de ser, o prato principal do cardárpio foi a aliança nacional e estadual entre PT e PMDB, para as eleições que ocorrerão em 2010. Como é de conhecimento público, tanto o PMDB participa do governo Lula quanto o PT do governo Cabral, malgrado haja nos dois partidos resistências a essas alianças e a sua manutenção para o processo eleitoral.

Se no plano nacional setores do PMDB operam desde já o apóio à candidatura do governador José Serra à Presidência da República, no estadual existe um forte descontentamento de lideranças petistas, inclusive parlamentares e prefeitos, com relação a participação do partido no governo Cabral, ora em relação a sua política de segurança genocida, ora relacionada a orientação liberal e privatista do seu núcleo de comando

Além disso, as históricas dificuldades de relação entre o PMDB e o PT no estado, o comportamento do governador no recente processo eleitoral municipal, a sua relação com as prefeituras (tanto de primeiro quanto de segundo mandatos) e com a bancada estadual petistas, que cobra discussão prévia de proposições com alto teor de complexidade política que o poder executivo envia para apreciação da Assembléia Legislativa - e, por claras divergências de concepção político-programáticas, tem votado contrário a algumas delas -, constituem um ambiente favorável para a defesa da candidatura própria petista para a sucessão estadual.

Portanto, de um lado e do outro há dificuldades. A diferença é que Cabral tem pouca influência sobre a definição da tática eleitoral do seu partido em 2010, enquanto que com Berzoini e a posição política que representa no interior do PT ocorre justamente o contrário. O que é preocupante, pois o presidente petista reúne com Cabral, mas não discute seriamente com as lideranças e as bases petistas

Não se pode conferir à reunião que houve na véspera o estatuto de séria e produtiva. Espremida pelo pouco tempo disponível, já que o presidente nacional do PT além de chegar com atraso privelegiou uma agenda organizada pelo deputado estadual Rodrigo Neves, líder da bancada petista na Alerj, em Niterói - principal base eleitoral do deputado -, em detrimento de uma reunião, que a princípio seria realizada com as bancadas estadual e federal, e com os prefeitos petistas, mas que acabou se tornando um mini comício, onde pouco se acumulou de discussão política.

Enfim, privilegiou-se um convescote com o governador do estado. Do PT, além de Berzoini estiveram presentes apenas o presidente estadual do partido, Alberto Cantalice, que desde o ano passado se comprometeu a organizar uma reunião da bancada estadual petista com o governador, mas ao que parece preferiu fazê-la apenas com a própria presença e a do líder da bancada na Alerj. Este, por sinal, sequer comunicou aos seus pares sobre o programação político-gastronômica, se atendo apenas a suspender a reunião da bancada estadual marcada para o mesmo horário.

Trapalhadas como essa, não ajudam o partido a superar o estágio de fragmentação política e suspeição coletiva, que há algum tempo grassa nas suas hostes e o tem levado a derrotas políticas e eleitorais sucessivas. Só gera altercações.

Num ambiente interno como esse é impossível conferir a um partido a condição de sujeito coletivo que se propõe a protagonizar a cena política onde atua. Serve apenas para cristalizar a impressão de linha auxiliar de uma força maior, no caso em questão do PMDB, o que se afigura terreno fértil para projetos pessoais e aventureiros.

Um comentário:

André Barros disse...

O problema é que não vamos governar sem o PMDB. Mas o PMDB aqui governa sem o PT. Mas o PT do Rio está tomado por pessoas que não têm a menor identidade histórica com o partido. Parabéns Flavio pela ótima matéria.
ANDRÉ BARROS