quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

BC REDUZ TAXA DE JUROS: 1% É POUCO

Malgrado para muitos, não é claro para o setor financeiro e para investidores que faturam alto com a taxa de furos praticada no Brasil, foi uma grata surpresa o Banco Central reduzir em um ponto percentual a Taxa Selic, agora em 12,75%. As apostas giravam em torno de uma queda entre 0,5% e 0,75%, daí a repercussão positiva.

Em certa medida, lembra aquela situação do “bode na sala”. A sala é pequena e desconfortável, todos que fazem uso dela reclamam, aí o dono da sala resolve por um bode dentro dela e ela fica insuportável. Ninguém agüenta sequer respirar dentro dela e todos passam a reclamar do bode. Passado algum tempo, o dono retira o bode, e aquela sala pequena e desconfortável fica maravilhosa. ..

Portanto, tal semelhança não é mera coincidência, sobretudo por que o Brasil se mantém na condição de país onde se pratica a maior taxa de juros líquida, descontada a inflação, do mundo. Alguns países como Rússia, Venezuela e Turquia possuem taxas maiores que as brasileiras, mas em contrapartida taxas inflacionárias bem maiores também, enquanto a nossa inflação, segundo as informações disponíveis, está em queda. O que torna os juros líquidos praticados naqueles países inferiores ao nosso..

Segundo estudos do Ipea (veja em http://www.ipea.gov.br/), recentemente divulgados pelo presidente do instituto, o economista Márcio Pochmann , cuja repercussão foi prejudicada pela cobertura da cerimônia do posse do novo presidente dos Estados Unidos, Barak Obama, “a taxa poderia ser reduzida em mais três ou quatro pontos, sem risco inflacionário. Isto porque, mesmo assim, a taxa líquida (abatendo a inflação) ficaria em torno de 4%, o que ainda é muito alto, comparado com os demais países”, em particular numa conjuntura internacional de recessão.

É em tal conjuntura que a tradicional Grã-Bretanha pratica taxa de 1,5%, a menor desde meados do século XVII. Nos EUA, atolado até o pescoço pela crise, a taxa é negativa, pois está em 1% perante inflação de 3,5% a 4%. E o mundo inteiro segue o mesmo caminho, logo a decisão do BC além de tardia é tímida, pouco contribui para os esforços do governo federal no combate a crise e, salvo uma convocação extraordinária do Comitê de Política Monetária (Copom), órgão ligado ao BC que define o percentual da Taxa Selic, só daqui a 45 dias, que é a periodicidade das reuniões do Copom, que vai se tratar dos juros nativos novamente. Falta agora combinar com a recessão e com as empresas que estão demitindo.

O tesouro nacional, principalmente em tal conjuntura, na qual precisa garantir crédito e aquecer a economia, não pode prescindir para investimentos em agricultura familiar, pré-sal, PAC etc, etc, dos dez bilhões de reais que, segundo estudos do Ipea, economiza com cada queda em um ponto percentual da taxa de juros.

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