quinta-feira, 6 de novembro de 2008

UM OLHAR SOBRE A ELEIÇÃO DE OBAMA


A eleição do senador democrata Barak Obama à Presidência dos Estados Unidos da América com uma superioridade incontestável em relação ao seu rival, o também senador e candidato do partido republicano, John McCain - dos 270 votos necessários para a vitória no colégio eleitoral ele já conquistou 340, e as apurações ainda não terminaram-têm sido encarada como um marco na história política norte-americana. É verdade, a eleição de um negro ao mais alto posto da maior potência econômica e militar do planeta, era algo mpensável mesmo quando o presidente eleito resolveu disputar as prévias para a indicação do candidato do Partido Democrata, contra poderosos adversários, como a ex-primeira dama e senadora pelo estado de Nova York, Hillary Clinton, a quem derrotou no final da disputa. É curioso imaginar que a maioria dos democratas convergiu para o inusitado: disputar a eleição com um negro ou com uma mulher.

Como as disputas norte-americanas envolvem um nível de profissionalização elevado e muito dinheiro, por isso são cercadas das mais caras e modernas técnicas de marketing político-eleitoral e pesquisas sobre os humores do eleitorado daquele país, não é sensato imaginar que ao convergir para duas candidaturas com tal perfil, o Partido Democrata estava dando “um tiro no pé”, pelo contrário, certamente detinham informações seguras de que a questão de lançar um negro ou uma mulher à presidência, desde claro que esses fossem políticos experientes e assimilados pela aristocracia e pela elite política norte-americana, não seria um óbice, mas poderia tornar o fato novo numa campanha, muito mais direcionada para o julgamento dos inúmeros equívocos da Era Bush, seja na política internacional, seja na interna, e, mais adiante, para a crise econômica americana, que ganhou dimensão internacional com quebras de bancos e empresas mundo afora e ameaça de recessão em larga escala.

Portanto, longe de minimizar a dimensão simbólica da eleição de um negro, neto de uma queniana, num país de ampla maioria branca e conservadora, principalmente diante do crescimento das manifestações de racismo e xenofobia no contingente europeu, do meu ponto de vista, muito mais matizados pela questão econômica e social, do que pela racial e nacional, é necessário analisar o que muda nesse país, na sua relação com o resto do mundo – já que os democratas têm longa tradição intervencionista no plano internacional – e no trato à crise econômica. Isto é: se vai se estimular a criação de mecanismos de controle e regulação do mercado, como vêm defendendo alguns líderes europeus, ou se vai se seguir linha atual de concentrar as riquezas e socializar os prejuízos, se limitando aportar vultosos recursos do tesouro norte-americano para salvar as instituições financeiras que desencadearam a crise, deixando ao léu os contribuintes americanos que acreditaram no milagre da casa própria. Ou se ainda vai se criar compensações para esses, jogando os efeitos da crise sobre os ombros dos trabalhadores do resto do mundo, como é próprio do jeito americano de ser. É por aí que dá para avaliar a possibilidade de mudanças concretas no contexto da eleição de Barak Obama.
NR. Até que ponto avança a democracia social norte-americana? Leiam a mátéria a seguir, sobre a cobertura das eleições americanas, e curiosamente a posição do eleitorado negro, que votou majoritariamente em Obama.

Em meio à comemoração, uma derrota importante


"É chave não perder de vista as derrotas parciais que tivemos na noite histórica do 04 de novembro. Além da emocionante vitória de Obama, as coisas correram razoavelmente bem nas eleições para o Senado e a Câmara dos Representantes. Mas houve pelo menos uma derrota que me doeu muito. Na Califórnia, estado progressista, foi aprovada por 52,5% a 47,5% a odiosa Proposição 8, patrocinada por grupos religiosos, que estabelece que “somente o casamento entre um homem e uma mulher será reconhecido pelo estado”. Na mesma noite em que ajudou a eleger o primeiro presidente negro da história, a Califórnia deu uma banana para gays e lésbicas.
Vamos aos números.
Eu não gostaria de estar dizendo isso, mas é a pura verdade: o comparecimento massivo do eleitorado negro foi decisivo para a aprovação da proposição. Entre os brancos, o “não” ganhou por 51 x 49, mas entre os negros o “sim” goleou por 70 x 30. Entre os latinos, muito numerosos na Califórnia, o “sim” também venceu, por 53 x 47. Entre as mulheres negras, 75% votaram a favor de se retirar o direito dos gays ao casamento. O eleitorado feminino costuma ser muito mais progressista que o masculino nos EUA, mas nesta questão o voto foi praticamente idêntico. Os jovens votaram massivamente contra a proposição discriminatória. A turma com mais de 35 votou massivamente a favor. (Blog O Biscoito Fino e a Massa:http://idelberavelar.com/)"

Um comentário:

Eneida Correia Lima Montenegro disse...

Super interessante a sua análise da eleição do Obana. Aprendo e fecho com vc sem tirar nem por.