quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Os maiores "Micos" das eleições 2008

O primeiro "Mico"

Caso esteja correta a pesquisa Ibope sobre a disputa pela prefeitura de Belo Horizonte, que coloca o candidato do PMDB, deputado federal Leonardo Quintão, 18 pontos a frente do candidato do PSB, Márcio Lacerda, o primeiro ostenta 51% das intenções de voto e o segundo 35%, o Brasil estará diante do maior "Mico" político gestado nas eleições municipais de 2008.

Afinal de contas, a candidatura de Márcio Lacerda, urdida pelo prefeito petista de BH, Fernando Pimentel, e pelo governador de Minas Gerais, Aécio Neves, um pré-candidato ao governo do estado e o outro à Presidência da República, era tida como imbatível, dada a popularidade e a avaliação positiva das gestões daquelas duas lideranças mineiras.

Após rachar o PT, e utilizar todo o seu peso político interno, como prefeito, para aprovar o apoio a candidatura de Lacerda, na convenção municipal do partido, caso seja confirmada a derrota de sua aliança com Aécio Neves, Pimentel pode ver não só o seu projeto pessoal, mas todo o seu capital político, construído graças a uma gestão exemplar e a força do PT na capital mineira, ser prematuramente perdido.

Isso num cenário eleitoral onde a maior parte dos prefeitos se reelegeram ou elegeram o seu sucessor, e o PT trazia em sua bagagem 16 anos de administração bem avaliada em BH. E, por uma manobra não muito bem explicada pelo prefeito petista, o partido abriu mão de lançar candidatura própria, para apoiar um candidato que a despeito de ter filiação partidária no PSB, é muito ligado ao governador Aécio, de quem até virar candidato era secretário no governo estadual.

Vamos aguardar o resultado final, mas se os dados do Ibope estiverem corretos (este instituto errou muito no primeiro turno), quando registram que 71% dos eleitores já decidiram em quem vai votar, e após Quintão receber o apoio da terceira candidata mais votada no primeiro turno, a deputada federal do PCdoB, Morais (também apoiada por uma dissidência petista), é muito difícil esse quadro sofrer uma mudança.

O segundo "Mico"

O outro é a campanha de Marta Suplicy à Prefeitura de São Paulo dar pretexto para ser acusada pelo conservadorismo paulistano de fazer ataques homofóbicos ao seu adversário, o prefeito Gilberto Kassab. Logo ela, que além de feminista é uma campeã na luta pelos direitos a liberdade de expressão, de orientação e de comportamento dos homossexuias, e o PT ser o partido que não só é solidário a luta contra a homofobia, mas que comporta na sua estrutura interna uma organização setorial para tratar exclusivamente desse tema.

E parece que se tornou o debate da campanha, ganhou as ruas: "você vai votar em um veado?" bradava uma eleitora de Marta, ou " Não, não sou." respondia o prefeito Kassab ao ser perguntado sobre a sua suposta orientação homossexual, segundo matérias publicadas no O Globo de hoje (página 12). Malgrado a resposta que o eleitorado da capital paulista vai dar a esse tipo de campanha - o que tem haver o estado civil ou a orientação sexual de um (a) gestor (a) público, para a eficiência de uma administração? -, tal episódio, mesmo que renda dividendos eleitorais a campanha de Marta Suplicy, vai causar um imenso desgaste à biografia política dela, à imagem democrática do partido e um prejuízo a luta pela liberdade de expressão, orientação e comportamento sexual. O conservadorismo tende a ficar mais agressivo na sua ação homofóbica, sob os auspícios do deslize da campanha de Marta. Além disso, será um episódio que corretamente será por muito tempo lembrado e cobrado do PT.

É duro admitir que os dois maiores "Micos" das eleições municipais de 2008, têm origem ou foram construídos nas "hostes" petistas.

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